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domingo, 2 de janeiro de 2011

Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - SEDUC - Pauí - FUNADEPI - 2010


Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - SEDUC - Pauí - FUNADEPI - 2010  
Conhecimentos Específicos

21. Ao se discutir a origem da Filosofia, é comum a admissão de que fatores como a invenção da política, o impacto cultural das viagens marítimas, a transformação do conhecimento prático em teórico, e a valorização da razão como um atributo universal permitiram que o conhecimento filosófico se desenvolvesse primeiramente na Grécia. Considerando esses fatores, é correto afirmar que:
a) A Filosofia se desenvolveu de forma independente dos mitos, negando-os por sua irracionalidade e rejeitando as explicações que eles forneciam, por exemplo, sobre a origem das estruturas sociais e dos fenômenos naturais.
b) A importância da política para a filosofia em sua origem é o deslocamento das leis do âmbito do sagrado para a esfera do humano, visto na crescente participação dos cidadãos na elaboração das leis e no exercício do governo, e que reflete a valorização do pensamento discursivo e da racionalidade como base das decisões políticas.
c) A influência cultural das viagens marítimas é vista na suposição dos gregos de que sua civilização era superior às culturas encontradas nos lugares visitados, por elas não possuírem um conhecimento teórico sobre a natureza e a sociedade.
d) A transformação da sabedoria prática em conhecimento teórico ou ciência procurou justificar racionalmente a aplicação do saber às situações da vida cotidiana, tendo em vista a importância dada ao conhecimento produzido a partir das experiências práticas.
e) A universalidade da razão baseia-se na suposição de que o conhecimento é uma capacidade natural do ser humano, e de que a racionalidade expressa-se na abstração do pensamento matemático, comum a todos os homens que possuem essa capacidade.

22. "[...] a Filosofia não estuda a realidade empírica - a realidade das coisas que podemos observar e experimentar -; também não estuda a realidade social - a realidade das ações humanas que podemos explicar "olhando de fora". A Filosofia estuda conceitos. [...] Na medida em que sejam crenças, os conceitos têm "efeitos" no mundo por meio de nossas ações."
(Marina Velasco, O que é Justiça. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2009.)
De acordo com essa definição de Filosofia, é correto pensar que:
a) As crenças são o objeto de estudo da Filosofia porque são as bases de nossas ações no mundo e diferenciam-se de uma realidade empírica e social, estando concentradas em nossas mentes.
b) Embora não estude a realidade empírica ou social, a Filosofia pode compreender essas realidades na medida em que estuda as ações causadas pelas crenças e torna possível prever tais ações.
c) Os conceitos têm efeito no mundo porque explicam o seu funcionamento e revelam nossa capacidade de acessar a realidade de modo direto, representando-a com o auxílio da linguagem e produzindo os conhecimentos agrupados nas ciências.
d) Definir a Filosofia como o estudo de conceitos refere-se à permanente preocupação dos filósofos em esclarecer o significado de nossas definições para as coisas existentes, sejam objetos ou fatos, e se essas definições fornecem boas justificativas para as crenças em que se baseiam as nossas ações.
e) O estudo de conceitos define a Filosofia porque é a atividade mais elementar da investigação filosófica, pela qual todas as outras necessariamente precisam começar caso pretendam estabelecer um conhecimento verdadeiro e capaz de fundamentar ações corretas por causa de sua relação com a própria estrutura das coisas.

23. "A nova legislação educacional brasileira parece reconhecer, afinal, o próprio sentido histórico da atividade filosófica e, por esse motivo, enfatiza a competência da Filosofia para promover, sistematicamente, condições indispensáveis para a formação de cidadania plena!" (Ministério da Educação, Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília: MEC/ SETEC, 1999. p. 44)
De acordo com essa referência dos PCN´s à Lei nº 9.394/96, para a qual os conhecimentos de Filosofia são necessários ao exercício da cidadania, e considerando a retomada histórica da Filosofia nos currículos do Ensino Médio brasileiro, é incorreto afirmar que:
a) A exclusão da Filosofia das escolas de Educação Básica refletia sua classificação como uma disciplina inconveniente na medida em que seu caráter crítico representaria uma ameaça à forma de poder vigente no Brasil, baseado na autoridade e na repressão, inclusive de pensamento.
b) O ensino de Filosofia descrito pelos PCN´s é entendido como instrumento de formação para a cidadania devido à sua capacidade de problematizar a realidade e proporcionar uma formação educacional voltada à autonomia e à responsabilidade social do estudante.
c) O sentido histórico da atividade Filosófica refere-se à sua vocação para criticar as estruturas estabelecidas, proporcionando elementos para o exercício da cidadania no que se refere à participação política direcionada à transformação permanente da estrutura social.
d) A responsabilidade integral pela formação do cidadão não pode ser atribuída somente à retomada da disciplina de Filosofia nos currículos, visto que todos os componentes curriculares fornecem elementos para que o estudante se aproprie do seu mundo social e natural através dos conhecimentos produzidos pelas diversas ciências estudadas.
e) O estudo de Filosofia deve permitir que o desenvolvimento de habilidades e competências especificamente filosóficas conduza o estudante a um amadurecimento cognitivo que articule suas experiências e conhecimentos, e permita a construção e reconstrução de suas ações a partir da relação estabelecida com seu meio social.

24. A Epistemologia, enquanto ramo da Filosofia que reflete sobre as características, elementos e possibilidades do conhecimento, tem sua história marcada pelo confronto de posições rivais acerca da origem do conhecimento e dos critérios para considerá-lo verdadeiro. A esse respeito, assinale a alternativa que não corresponde a aspectos dessa disputa.
a) O Racionalismo de René Descartes afirma que conhecemos através de faculdades intelectuais inatas, e critica o conhecimento baseado na experiência sensível, alegando a falta de confiabilidade dos sentidos e apontando a frequência com que eles provocam erros e ilusões que inviabilizam o conhecimento verdadeiro.
b) O Empirismo afirma que a mente dos indivíduos é uma estrutura vazia que só conhece pelas impressões adquiridas no contato dos sentidos com o mundo exterior, como defende John Locke, para quem nossas ideias devem seu conteúdo ao contato com as coisas que as produzem, sendo impossível que a própria mente as elabore.
c) O Criticismo de Immanuel Kant procura superar o reducionismo racionalista e empirista valorizando o papel da experiência (sensibilidade) e da razão (entendimento) no processo cognitivo, demonstrando que não há uma fonte ou determinação única desse processo, mas uma articulação dessas duas faculdades que são responsáveis por nossa capacidade de tornar os objetos inteligíveis quando são afetadas por eles.
d) Mesmo a proposta de Kant ainda é tributária de uma noção de conhecimento a priori, pois supõe a existência de entidades teóricas (os conceitos) que são responsáveis pela unificação e ordenação das representações formadas pela articulação da experiência com a razão.
e) Uma boa proposta para compreender o conhecimento deve sustentar que o mesmo é composto na maior parte por categorias inatas, acrescido de conceitos adquiridos através da experiência sensível e da educação formal na qual o indivíduo adquire a habilidade de explicar os objetos.

25.O conhecimento tornou-se, na Modernidade, um dos temas mais discutidos pelos filósofos, dada a importância atribuída à investigação das condições de validade dos saberes. Neste sentido, podemos apontar como questões essenciais da Epistemologia:
a) Os conceitos de sujeito e verdade, considerados os mais investigados quando se trata do conhecimento filosófico.
b) As questões quanto à possibilidade (ceticismo, dogmatismo), a origem (empirismo, racionalismo), a essência (subjetivismo, objetivismo), os tipos de conhecimento e os critérios de verdade.
c) As categorias de verdade, extensão do conhecimento, a confiabilidade dos sentidos e a correção dos juízos.
d) As questões sobre a classificação dos saberes, a demarcação da ciência, a finalidade do conhecimento e a objetividade do sujeito.
e) Os conceitos de compreensão, verdade, subjetividade, causalidade, experiência sensível e raciocínio lógico.

26. Sobre o desenvolvimento e algumas características da Filosofia no Brasil, assinale a opção correta.
a) O Ecletismo foi uma corrente de traços materialistas caracterizada pela adoção de várias teorias filosóficas em busca de identidade para um pensamento filosófico genuinamente brasileiro.
b) A Filosofia no Brasil desenvolveu-se somente a partir da fundação da USP, quando a tradição de se fazer filosofia pela história passou a ser o modelo de formação predominante dos filósofos nacionais.
c) Nas últimas décadas, a Filosofia brasileira se tornou majoritariamente acadêmica, pois os números da Pós- Graduação em Filosofia revelam um grande crescimento da produção nacional e mostram uma variedade temática que vai do Empirismo à tradição analítica, passando pelo idealismo alemão, pelos estudos nietzscheanos, marxistas, fenomenológicos, e pela produção em História da Filosofia.
d) Somente pela influência do espiritualismo é que houve ocrescimento da educação filosófica no Brasil, já que o ensino de denominação religiosa sempre privilegiou os estudos de filosofia e teologia, mas com a independência da reflexão filosófica em relação aos dogmas teológicos.
e) No século XX, a filosofia brasileira foi inspirada pelo Positivismo de Auguste Comte, corrente que defende a superioridade da filosofia em relação ao conhecimento científico e advoga a independência temática e metodológica entre os dois tipos de saber.

27.Um dos problemas que aparecem com uma certa frequência quando se trata da Filosofia brasileira é a questão da "originalidade" do pensamento que se produz no cenário nacional. Sobre essa questão, é correta a seguinte alternativa:
a) A preocupação com a originalidade só faz sentido se concebermos que as produções filosóficas nacionais possuem características tais que comprometem o próprio conceito de Filosofia, impossibilitando assim uma classificação de nossa produção junto à Filosofia produzida em outras partes do mundo.
b) É imprescindível a definição de uma filosofia nacional cujo tema seja o problema do desenvolvimento de uma cultura autônoma, tendo em vista o papel condutor que um conhecimento filosófico desempenha na modificação da estrutura social.
c) A originalidade da filosofia brasileira consiste na sua tentativa de incorporação à filosofia universal através da produção de obras exegéticas e comentários qualificados da filosofia alemã, francesa, inglesa e americana.
d) É irrelevante a tentativa de se produzir uma filosofia autenticamente nacional, pois um país subdesenvolvido como o Brasil ainda não reúne condições estruturais para uma produção filosófica de reconhecimento internacional.
e) Pensar a filosofia no Brasil exige o exame das condições de formação dos filósofos brasileiros, contexto em que observamos uma formação predominantemente histórica que impossibilita o desenvolvimento da reflexão sobre os nossos próprios problemas sociais a partir de uma perspectiva filosófica.

28. A categoria dos Direitos Humanos tornou-se bastante presente na Ética e na Filosofia Política a partir da Revolução Francesa, com a declaração dos Direitos Universais do Homem e do Cidadão. Na Filosofia contemporânea, essa temática encontra defensores e críticos, sendo Jürgen Habermas e Alasdair MacIntyre representantes das respectivas posições. Sobre a posição desses filósofos, assinale a opção correta:
a) Habermas afirma que os Direitos Humanos não são a base do Estado de Direito, pois não fornecem um ponto de partida universal para a legislação que garante aos indivíduos iguais condições de participação social.
b) Enquanto Habermas defende o conceito de Direitos Humanos como uma categoria universal para a formação de uma comunidade de comunicação livre de coerção e de igualdade social, MacIntyre afirma que essa categoria é uma ficção da Modernidade, dentre outros motivos, porque se serve de um vocabulário transcendentalista sem endossar uma ontologiacorrespondente que explique a igualdade pressupostaentre os indivíduos.
c) Como integrantes da tradição jusnaturalista, tanto Habermas quanto MacIntyre consideram os Direitos Humanos essenciais para que uma sociedade civilizada possa evitar a violência entre seus membros.
d) A categoria dos Direitos Humanos desempenha o papel central na obra de MacIntyre, cuja teoria ética pressupõe certas condições jurídicas necessárias ao desenvolvimento e exercício das virtudes, e um papel secundário na obra de Habermas, cuja Teoria do Discurso prescinde de uma ontologia determinante de características comuns aos homens.
e) Para MacIntyre, é impossível tratar dos Direitos Humanos, e a relação entre culturas se encaminha inevitavelmente para a violência.

29. Recentemente, a Secretaria Especial de Direitos humanos da Presidência da República divulgou o Programa Nacional de Direitos Humanos-3, que tem causado fortes discussões sobre suas propostas para assegurar o respeito ao conjunto de direitos atribuídos igualmente a todas as pessoas. Sobre as pressuposições envolvidas nessas discussões, marque a alternativa incorreta quanto ao espírito da lei:
a) A crítica da grande imprensa ao objetivo que estabelece o acompanhamento editorial do conteúdo veiculado nos meios de comunicação (a fim de coibir a violação dos Direitos Humanos) baseia-se na concepção liberal clássica de liberdade negativa, isenta de restrições e que recusa regulamentação institucional para atividades consideradas de livre expressão de pensamento, como a imprensa.
b) O eixo orientador "Desenvolvimento e Direitos Humanos", que parte da constatação de que direitos sociais básicos como alimentação, saúde e educação são fundamentais ao exercício da liberdade e ao desenvolvimento das capacidades, assume sua dívida com o pensamento de Amartya Sen, o que implica dizer que os direitos humanos não são entidades abstratas, mas demandas de políticas públicas capazes de oferecer a todos as mesmas condições de acesso aos direitos sociais básicos.
c) A reação dos Militares à criação da "Comissão Nacional da Verdade" expressa a recusa dos agentes envolvidos nas políticas de repressão da Ditadura Militar em assumir as responsabilidades decorrentes das práticas de tortura e assassinatos de opositores do regime, praticadas sob o pressuposto de que aqueles opositores não tinham quaisquer direitos subjetivos que amparassem sua luta por liberdade.
d) A recusa do setor ruralista em aceitar a mediação como ação inicial na solução dos conflitos agrários reflete uma concepção de direito mais restrita do que os direitos humanos, pois interessa-se pela preservação da propriedade privada em detrimento da função social da propriedade.
e) Os Direitos Humanos, tais como pressupostos no PNDH- 3, são concebidos como atributos que, por pertencerem à natureza dos indivíduos, devem ser protegidos e promovidos pelo Estado de direito através de leis e programas, como o que está sendo apresentado pelo Governo.

30. Sobre o conceito marxiano de Alienação, é correto afirmar que:
a) A alienação social é responsável pelas desigualdades entre classes, pois é ela que divide a ideologia entre ricos e pobres e mantém a exploração dos primeiros sobre os segundos.
b) A alienação desfaz o conjunto de esquemas conceituais vigentes em uma sociedade, que servem para classificar e explicar os fenômenos sociais, contribuindo para a formação crítica dos indivíduos.
c) A alienação é fruto de uma relação de trabalho na qual o trabalhador deixa de se relacionar com a natureza objetivando sua própria humanização através da transformação do mundo natural e perde contato com o produto de seu esforço, passando a integrar um processo produtivo fragmentado no qual seu trabalho, tornando-se mercadoria, objetiva agora somente a própria subsistência.
d) O sujeito alienado serve de exemplo do que deve ser evitado na atividade política, pois ele serve de metáfora ao sistema representativo de governo no qual o sujeito se aliena do poder ao delegá-lo a outra pessoa.
e) A alienação ocorre somente no mundo do trabalho, visto ser uma relação primordialmente econômica que tem repercussões na vida social do trabalhador apenas na medida em que ele não tem identidade profissional.

31.O conceito de Ideologia com o qual Karl Marx trabalhou significa, brevemente, o conjunto de crenças, valores, representações e atitudes socialmente constituídas para legitimar o ordenamento social vigente. Sobre esse conceito, é correto afirmar que:
a) O conceito foi originalmente formulado por Destutt de Tracy como a "ciência das ideias", e possuía um sentido mais espiritualista, como o estudo das crenças que produziam as experiências religiosas.
b) A apropriação marxiana do conceito afirma que o conjunto ordenado de ideias, crenças e normas que expressam as concepções de um grupo social particular são generalizadas com o objetivo de explicar a realidade de tal forma que se justifique um status quo de dominação como o existente na sociedade capitalista.
c) A Ideologia é responsável pela coesão social porque resolve de forma pacífica os conflitos e garante a satisfação de todos os setores da sociedade por compartilharem as mesmas visões de mundo.
d) Numa sociedade em que existe a luta de classes, a Ideologia é um fator de equilíbrio porque explica a natureza das diferenças sociais através de narrativas que se aproximam dos mitos nas sociedades arcaicas.
e) É correto pensar que a Ideologia representa exclusivamente a dimensão espiritual de uma sociedade, dado seu compromisso com as crenças em que se baseiam as ações dos grupos em relação aos outros.

32.O tema da cidadania tornou-se lugar comum no discurso político contemporâneo, causando algumas vezes certas confusões quanto ao seu significado. Sobre o conceito de cidadania, não é correto afirmar:
a) O conceito de cidadania formulado por Aristóteles referia-se à obrigação que todos os membros da sociedade política tinham de participar da vida pública, vista como superior a possíveis interesses privados.
b) Com o advento do Liberalismo, a cidadania passa a ser vista mais como uma questão de direito do que de dever, referindo-se ao direito de todas as pessoas de participar da vida pública sem que isso signifique colocar seus interesses privados a serviço da política.
c) Para o Republicanismo, a cidadania não pode ser definida em termos de direitos negativos, mas como o exercício de direitos positivos como a liberdade e a responsabilidade que garantem aos indivíduos a efetivação da sua autonomia, que antecede a constituição do Estado e deve ter o controle sobre ele.
d) Uma concepção que procura superar as parcialidades dos conceitos liberal e republicano de cidadania é a ideia de cidadania da democracia deliberativa, para a qual o conceito precisa incorporar as garantias individuais de liberdade e o exercício do poder político que supere a ideia de política como simples mediação de interesses e a veja como espaço legítimo de formação de uma vontade política coletiva.
e) A correta acepção da palavra cidadania, que é a utilizada contemporaneamente nos discursos governamentais, é aquela que a circunscreve à participação dos sujeitos políticos em movimentos que cobram dos governantes ações em benefício da população e a diminuição das ações em benefício próprio, e em movimentos que reivindicam os direitos dos consumidores.

33.Um breve histórico do conceito de democracia no Ocidente mostra que ele passou da ideia ateniense de participação direta nas decisões políticas para a acepção Liberal de forma de governo em que a participação ocorre pela escolha de governantes. Diante dessa transformação, podemos afirmar que:
a) A democracia representativa resolve melhor o problema da participação em sociedades como as capitalistas, nas quais não há como requisitar a participação do grande contingente populacional em todas as decisões que envolvem as questões públicas.
b) Considerando que o modelo liberal clássico de participação acaba por reduzir o cidadão a um mero eleitor, teorias como a democracia deliberativa procuram estabelecer uma outra normatividade ao conceito de democracia, exigindo que ele incorpore a noção de um processo público de deliberação no qual haja iguais condições de participação e igual consideração dos interesses dos envolvidos.
c) O modelo republicano de democracia não admite a delegação de poder através do voto sob nenhuma hipótese, sustentando a necessidade da autogestão democrática dos assuntos públicos.
d) A democracia em sua acepção liberal não significa necessariamente o alheamento do indivíduo em relação à política, mas o aumento da qualidade de sua participação quando ela ocorre através de organizações não-governamentais que atuam junto à sociedade civil atendendo áreas que o Estado não alcança.
e) Tanto o modelo liberal quanto o modelo republicano de democracia se equivocam em suas noções de indivíduo e de Estado: o primeiro, por idealizar uma consciência política atuante, e o segundo, por dispensar os cidadãos de um compromisso moral efetivo com a condução dos negócios públicos.

34. A filosofia da ciência é um campo bastante prolífico, dada a importância que o conhecimento científico tem desempenhado especialmente em sociedades atingidas pelas revoluções tecnológicas. Na filosofia da ciência do século XX, é incorreta a seguinte afirmação sobre a caracterização da atividade científica:
a) A filosofia da ciência de Karl Popper afirma que a ciência se constitui e evolui através do movimento deconjecturas e refutações, de teorias propostas para compreender determinado problema e das tentativas, bem sucedidas ou não, de falseá-las.
b) Imre Lakatos procurou preservar o racionalismo da teoria de Popper contra o suposto irracionalismo da proposta de Kuhn, incorporando a complexidade do conceito de paradigma à explicação lakatosiana do desenvolvimento da ciência, já que o falseacionismo popperiano conceberia a ciência como um conjunto de teorias, quando é mais adequado descrevê-la como um conjunto de Programas de Pesquisa que englobam séries de teorias em um todo coerente e articulado.
c) O anarquismo epistemológico foi uma proposta teórica de Paul Feyerabend, cuja obra Contra o Método afirma que o progresso científico não se dá pelo respeito a um método único, mas pela violação de regras metodológicas que eventualmente representam antes um entrave do que um caminho para a descoberta de novas soluções para os problemas.
d) A obra A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas Kuhn, propôs um olhar diferente sobre o desenvolvimento da ciência, pois o conceito de paradigma defende a cumulatividade das teorias e o movimento linear e progressivo em direção à verdade.
e) As teorias de Popper, Kuhn e Feyerabend têm em comum o recurso à história da ciência para legitimar suas teses a respeito das mudanças conceituais que ocorreram ao longo de séculos, e tanto Kuhn quanto Feyerabend consideraram que a história da ciência é um antídoto eficaz contra a ideia de que o conhecimento progride linearmente e de modo cumulativo.

35.Quando o conhecimento científico é invocado para convencer as pessoas de determinadas afirmações, servindo como argumento de autoridade, podemos afirmar que a concepção de ciência que orienta esses argumentos é a seguinte:
a) A ciência é um conjunto ordenado de teorias e métodos formulados por especialistas detentores de um saber esotérico que lhes confere autoridade para legitimar o depoimento de um artista de televisão, por exemplo, sobre a eficácia de medicamentos anunciados em comerciais.
b) A ciência é um saber acessível a todas as pessoas que possuam uma formação geral mínima, que podem adquirir esse conhecimento através das colaborações que ela presta em veículos de comunicação como os programas de televisão e as revistas semanais.
c) O conhecimento científico é caracterizado pela cumulatividade de suas teorias, sendo as mais recentes sempre mais verdadeiras do que as anteriores.
d) Para um argumento de autoridade, a ciência significa uma fonte de verdades que substitui a religião na tarefa de fornecer respostas sobre a origem e o funcionamento da natureza, transformando-se em uma nova religião.
e) A contribuição da ciência é caracterizada pela eficácia de seus métodos na criação de novas tecnologias que representem benefícios comerciais para os detentores das patentes.

36. A Ética ou Filosofia Moral é tradicionalmente dividida em três grandes áreas: a metaética, a ética normativa e a ética prática ou aplicada. Assinale a alternativa abaixo que não corresponde à caracterização dessas áreas:
a) A ética normativa investiga as normas de ação e os padrões de avaliação dessas normas por um determinado grupo ao qual elas se aplicam, formulando e justificando essas normas de acordo com princípios éticos considerados objetivos.
b) A ética prática preocupa-se com a aplicação das normas morais a situações específicas da vida social em que existem claramente conflitos de normas, crenças e opiniões entre os agentes morais quanto a questõesrelativas à vida, à sexualidade e à resolução de desigualdades sociais, por exemplo.
c) A metaética tem como objeto o significado e os aspectos lógicos dos juízos, crenças e normas morais, problematizando suas pretensões de validade.
d) Tanto a ética normativa quanto a ética prática objetivam postular regras que sirvam definitivamente para solucionar os conflitos utilizando-se de estudos empíricos que possam apontar a alternativa que represente uma mediação entre os interesses dos envolvidos.
e) Embora a divisão nas três áreas tenha uma utilidade didática, é incorreto supor que as reflexões feitas em filosofia moral sejam restritas a apenas uma dessas áreas, pois a solução de questões morais sempre têm um aspecto prático, vinculam-se a uma dimensão normativa e se filiam a uma determinada concepção metaética sobre o sentido e a validade das proposições morais.

37. Considerando que a metaética é um campo da Filosofia cujas discussões envolvem o caráter epistêmico, as condições de validade e o significado dos juízos morais, e que há diversas respostas à questão dessa validade, assinale a alternativa correta:
a) O realismo moral é uma posição metaética que sustenta a independência dos juízos morais em relação à natureza humana, afirmando o caráter subjetivo das regras morais.
b) O cognitivismo ético defende que os juízos morais são passíveis de verdade desde que possam ser fundamentados de um modo transcendental.
c) O emotivismo é uma corrente para a qual os juízos morais, embora orientam as ações de pessoas e grupos, expressam somente preferências individuais que não podem ser justificadas racionalmente e consequentemente universalizadas.
d) O não-realismo afirma a existência de uma relação necessária entre os juízos morais e a natureza humana, e a correção desses juízos consistiria na correspondência entre as normas e aquela natureza.
e) O ceticismo ético descarta a possibilidade de uma verdade moral, alegando que a ausência de um fundamento religioso inviabiliza a obrigatoriedade de uma norma para todos os indivíduos de um grupo.

38. A correção de normas e ações morais é avaliada segundo critérios que variam de acordo com as teorias éticas que as tematizam. Desse modo, é incorreta a seguinte associação entre critérios de avaliação e as respectivas teorias ticas:
a) Para a Ética do Discurso, a validade das normas reside na possibilidade de todos os envolvidos aceitarem as consequências da adoção universal de uma norma que tenha sido formulada de modo intersubjetivo por agentes morais livres de coerção.
b) Nas éticas de orientação teleológica, como a ética aristotélica, a correção das normas é medida por sua adequação à natureza e às finalidades da vida humana, isto é, pela capacidade que elas têm de conduzir o homem à sua realização.
c) Nas éticas de caráter deontológico, como a kantiana, as normas são corretas quando estão de acordo com um dever moral universalmente válido, que conduz a ações motivadas exclusivamente pelo cumprimento desse dever.
d) No Utilitarismo, uma ação moral é tanto mais correta quanto promova o bem-estar do maior número possível de pessoas, e as ações são julgadas, então, pelas consequências que têm junto às pessoas envolvidas direta ou indiretamente na ação do sujeito moral.
e) Na ética das virtudes a correção das normas deve estar de acordo com a definição de natureza humana, que exige um conceito metafísico de vida e uma teleologia correspondente que informe os indivíduos acerca da realização de seu destino moral.

39. A filosofia moral é um campo de investigação que, contemporaneamente, é objeto de disputa entre algumas teorias de bases e concepções normativas bastante distintas.
Uma seleção representativa dessas teorias, que as reúne e distingue por suas características gerais, é feita na seguinte alternativa:
a) O realismo moral, a Utilitarismo, a Teoria do Discurso, o Consequencialismo, o marxismo e o Existencialismo.
b) O Existencialismo, a Ética do Discurso, o Emotivismo, o relativismo ético, o pós-modernismo e as teorias da justiça.
c) O Utilitarismo (como principal representante das éticas consequencialistas), as éticas kantianas ou deontológicas, as Éticas das Virtudes e o Intuicionismo.
d) O Intuicionismo, o Epicurismo, a Ética do Cuidado, a Ética em Animais Não-Humanos e a Ética feminista.
e) A Ética do Discurso, a Ética da Responsabilidade, a Justiça como Equidade, o Emotivismo e o Intuicionismo.

40. "A estética da sensibilidade realiza um esforço permanente para devolver ao âmbito do trabalho e da produção a criação e a beleza, daí banidas pela moralidade industrial taylorista." (PCNEM, p. 110). O texto que define os princípios orientadores do currículo no Ensino Médio brasileiro expressa uma concepção de Estética que pode ser caracterizada na seguinte alternativa:
a) A Estética é uma teoria acerca das experiências, objetos e juízos envolvidos na atividade artística, dentre os quais podemos destacar a questão do Belo, da percepção sensível, da criatividade e dos sentimentos expressos nas obras de arte, estendendo-se às atitudes que possuem essas características e se contrapõem às atitudes tecnificadas pela mecanização do trabalho e das relações sociais.
b) A Estética é a parte da Filosofia que investiga as condições sociais de produção da arte, suas características físicas e as condições subjetivas dos artistas que produzem as obras, conceituando esses aspectos através de teorias.
c) A definição mais adequada de Estética é a que se refere às propriedades essenciais das obras de arte, propriedades que existem em todas e quaisquer obras e que, em sua ausência, descarta-se a qualidade artística de um objeto, atitude ou conjunto de obras.
d) O texto da Lei concebe a Estética como uma teoria da obra artística como imitação da realidade, cuja qualidade pode ser avaliada pela fidelidade da obra aos objetos ou fatos representados, condição sob a qual a criatividade é caracterizada como a capacidade de dar beleza a algo que é objetivo.
e) Os princípios estéticos aos quais se referem a Lei concebem a Estética como uma teoria da expressão artística dos sentimentos dos produtores das obras de arte, sendo apenas esses sentimentos que podem caracterizar a obra de arte e as qualidades estéticas enquanto tais.

GABARITO:
21B - 22B - 23C - 24E - 25B - 26C - 27A - 28B - 29E - 30C
31B - 32E - 33B - 34B - 35A - 36D - 37C - 38E - 39C - 40A

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