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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vestibular 2008 - Pontífica Universidade Católica do Paraná - PUC-PR


Vestibular 2008 - Pontífica Universidade Católica do Paraná - PUC-PR  
FILOSOFIA

33. "Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática". Em relação a esse aforismo III do Livro I do Novum Organum de Francis Bacon, considere a alternativa que apresenta a interpretação CORRETA:
A) O saber, para Bacon, é uma forma de alterarmos as leis da natureza e, com isso, seus fenômenos podem ser controlados tendo em vista um benefício humano.
B) O autor menciona que o conhecimento, o saber, está ligado ao poder, ou seja, mediante o conhecimento é possível, de maneira segura e rigorosa, conquistar o poder sobre a natureza.
C) Para Bacon, é inerente ao saber uma forma de controle sobre a natureza, mas principalmente sobre as pessoas, possibilitando um poder incondicional ao detentor do saber.
D) O saber já possui um valor em si mesmo, o que conduz, conseqüentemente, de acordo com Bacon, a um poder.
E) O que Bacon pretende dizer é que o saber nem sempre tem uma relação com a prática e que é a conveniência individual desse saber que determina seu valor.

34. Em relação à definição de Bem apresentada por Aristóteles, no Livro I da Ética a Nicômaco, considere as seguintes alternativas:
I. O Bem é algo que está em todas as coisas, sendo identificada nos objetos, mas não entre os homens.
II. O Bem é aquilo a que todas as coisas tendem, ou seja, o bem é definido em função de um fim.
III. O Bem é o meio para termos uma ciência eficiente e útil, tal como a arte médica será eficiente se tivermos o bem como meio de sua prática.
IV. O Bem é algo abstrato, de difícil acesso à compreensão humana.
De acordo com tais afirmações, podemos dizer que:
A) Apenas a alternativa II está correta.
B) As alternativas II e III estão corretas.
C) Todas as alternativas estão corretas.
D) As alternativas III e IV estão corretas.
E) Apenas a alternativa III está correta.

35. Para Aristóteles, em Ética a Nicômaco, "felicidade [...] é uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie".
Assinale a alternativa que NÃO condiz com a referida definição aristotélica de felicidade:
A) Felicidade só é possível mediante uma capacidade racional, própria do homem.
B) Ter felicidade é obter coisas nobres e boas da vida que só são alcançadas pelos que agem retamente.
C) Felicidade é uma fantasia que o homem cria para si.
D) Nenhum outro animal atinge a felicidade a não ser o homem, pois os demais não podem participar de tal atividade.
E) A finalidade das ações humanas, o Bem do homem, é a felicidade.

36. A partir do livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault, considere as seguintes afirmações a respeito da disciplina:
I. Ela é exercida de diferentes formas e tem como finalidade única a habilidade do corpo.
II. Ela pode ser entendida como a estratégia empregada para o controle minucioso das operações do corpo, sendo seu efeito maior a constituição de um indivíduo dócil e útil.
III. Ela se constitui também pelo controle do horário de execução de atividades, em que o tempo medido e pago deve ser sem defeito e, em seu transcurso, o corpo deve ficar aplicado a seu exercício.
De acordo com as afirmações acima, podemos dizer que:
A) Todas as afirmações estão corretas.
B) A afirmação I está incorreta.
C) Apenas a afirmação III está correta.
D) As alternativas II e III estão incorretas.
E) Apenas a afirmação II está correta.

37. Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a disciplina-mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolveram, o autor destaca dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico. Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA:
A) A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a disciplinamecanismo, desenvolvida no período medieval para resolver o problema da peste, estava em falência.
B) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, totalmente voltada para funções negativas, proibitivas e impeditivas.
C) A disciplina-mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o exercício do poder, mediante o modelo panóptico.
D) É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplinamecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares.
E) A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter-relacionada e contínua, pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por conseqüência, o poder se exerce automaticamente.

38. De acordo com as intenções de Rousseau em Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, considere as seguintes afirmações:
I. Nessa obra, Rousseau analisa a degeneração da moralidade da natureza humana e atribui responsabilidade à própria civilização pela queda moral do homem.
II. A sociedade, ao ver de Rousseau, impôs aos seus indivíduos uma uniformidade artificial de comportamento, levando-os a ignorar os deveres e as necessidades fundamentais da natureza humana.
III. O desenvolvimento da sociedade, para Rousseau, trouxe a possibilidade de o homem fazer uso de seu livre-arbítrio, tornando-se autosuficiente.
Assinale a alternativa VERDADEIRA:
A) As três afirmações estão incorretas.
B) As afirmações I e III estão corretas.
C) Apenas a afirmação I está correta.
D) Apenas a afirmação III está correta.
E) As afirmações I e II estão corretas.

39. "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo". Levando em conta a principal idéia que Rousseau quer transmitir com essa afirmação, assinale a alternativa VERDADEIRA:
A) A propriedade privada, já existente antes da sociedade civil, trouxe a possibilidade de melhor organização entre os indivíduos e, conseqüentemente, facilitou sua convivência.
B) A propriedade privada é um direito natural fundado no trabalho.
C) A expressão "isto é meu" da frase de Rousseau quer mostrar que naturalmente o homem anseia por propriedade privada.
D) A sociedade civil tem sua origem na propriedade privada que, junto consigo, trouxe os principais problemas entre os homens.
E) O fundador da sociedade civil era um pensador grego que tinha grande capacidade de persuasão.

40. Em relação ao sentido que São Tomás de Aquino aplica à virtude da Prudência, considere as seguintes afirmações:
I. A grande contribuição desse texto de São Tomás é apresentar a idéia de Prudência como aquela que passou a ser entendida desde então como cautela, que tem como base o sentimento de cada indivíduo.
II. Para esse pensador medieval, a prudência é a reta razão aplicada ao agir, ou seja, uma virtude que possibilita ao ser humano encontrar, em cada decisão a ser tomada, aquela que indica o "caminho certo".
III. Prudência, para São Tomás, é uma virtude especial que nem todos os homens possuem, pois depende de uma capacidade intuitiva.
Assinale a alternativa VERDADEIRA:
A) Apenas afirmação II está correta.
B) As afirmações I e II estão corretas.
C) As afirmações I e III estão corretas.
D) Nenhuma afirmação está correta.
E) Apenas a afirmação III está correta.

GAbarito:
33B - 34A - 35C - 36B - 37A - 38E - 39D - 40A

Vestibular 2008/2 - Universidade Federal de Uberlândia


Vestibular 2008/2 - Universidade Federal de Uberlândia  
FILOSOFIA

QUESTÃO 41
Sobre o pensamento de Heráclito de Éfeso, marque a alternativa INCORRETA.
A) Segundo Heráclito, a realidade do Ser é a imobilidade, uma vez que a luta entre os opostos neutraliza qualquer possibilidade de movimento.
B) Heráclito concebe o mundo como um eterno devir, isto é, em estado de perene movimento. Nesse sentido, a imobilidade apresenta-se como uma ilusão.
C) Para Heráclito, a guerra (pólemos) é o princípio regulador da harmonia do mundo.
D) Segundo Heráclito, o um é múltiplo e o múltiplo é um.

QUESTÃO 42
Com base na teoria de Hobbes e no texto abaixo, marque a alternativa correta.
O que Hobbes quer dizer falando de "guerra de todos contra todos", é que, sempre onde existirem as condições que caracterizam o estado de natureza, este é um estado de guerra de todos os que nele se encontram.
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 36.
A) O estado de natureza e o estado de guerra estão relacionados apenas a alguns homens.
B) Hobbes caracteriza a "guerra de todos contra todos" como algo que pode sempre existir.
C) A "guerra de todos contra todos" independe de condições para existir.
D) O estado de natureza caracteriza-se pela ausência de guerra.

QUESTÃO 43
Leia atentamente o texto abaixo.
Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da ontologia. A experiência não lhe apresentava em nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava existir: uma conclusão que repousa sobre o pressuposto de que nós temos um órgão de conhecimento que vai à essência das coisas e é independente da experiência. Segundo Parmênides, o elemento de nosso pensamento não está presente na intuição mas é trazido de outra parte, de um mundo extra-sensível ao qual nós temos um acesso direto através do pensamento.
NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os Pensadores
Marque a alternativa INCORRETA.
A) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, porque é impossível a Verdade residir naquilo que Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito.
B) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, para ele, o Ser não pode ser percebido pelos sentidos.
C) Parmênides é nitidamente um pensador empirista, pois afirma que a verdade só pode ser acessada por meio dos sentidos.
D) O pensamento, para Parmênides, é o meio adequado para se chegar à essência das coisas, ao Ser, porque os dados dos sentidos não são suficientes para apreender a essência.

QUESTÃO 44
Leia o trecho abaixo.
E que existe o belo em si, e o bom em si, e, do mesmo modo, relativamente a todas as coisas que então postulamos como múltiplas, e, inversamente, postulamos que a cada uma corresponde uma idéia, que é única, e chamamos-lhe a sua essência (507b-c).
PLATÃO. República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 8ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 1996.
Marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Platão.
A) Somente por meio dos sentidos, em especial da visão, pode o filósofo obter o conhecimento das idéias.
B) No pensamento platônico, o conhecimento das idéias permite ao filósofo discernir a unidade inteligível em face da multiplicidade sensível.
C) Para que a alma humana alcance o conhecimento das idéias, ela deve elevar-se às alturas do inteligível, o que somente é possível após a morte ou por meio do contato com os deuses gregos.
D) Tanto a dialética quanto a matemática elevam o conhecimento ao inteligível; mas, somente a matemática, por seu caráter abstrato, conduz a alma ao princípio supremo: a idéia de Bem.

QUESTÃO 45
Leia atentamente o texto abaixo sobre a teoria do hábito em David Hume.
E é certo que estamos aventando aqui uma proposição que, se não é verdadeira, é pelo menos muito inteligível, ao afirmarmos que, após a conjunção constante de dois objetos - calor e chama, por exemplo, ou peso e solidez -, é exclusivamente o hábito que nos faz esperar um deles a partir do aparecimento do outro.
HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. São Paulo: Editora UNESP, 2004. p. 75.
Com base na Teoria de Hume e no texto acima, marque a alternativa INCORRETA, ou seja, aquela que de modo algum pode ser uma interpretação adequada desse texto.
A) A conjunção constante entre dois objetos explica a força do hábito e, conseqüentemente, o procedimento da inferência.
B) A hipótese do hábito é conseqüente com a teoria de Hume, de que todo o nosso conhecimento é construído por experiência e observação.
C) Se a causalidade fosse construída a priori e de modo necessário, não seria preciso recorrer à experiência e à repetição para que de uma causa fosse extraído o respectivo efeito.
D) O hábito jamais pode ser a base da inferência. Em virtude disso, os conceitos de causa e efeito jamais podem se aplicar a qualquer objeto da experiência.

QUESTÃO 46
Leia o texto abaixo.
Deixando de lado as discussões sobre governos e governantes ideais, Maquiavel se preocuparia em saber como os homens governam de fato, quais os limites do uso da violência para conquistar e conservar o poder, como instaurar um governo estável, etc.
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006. p. 200.
Marque a alternativa que descreve corretamente o objetivo de Maquiavel.
A) De acordo com Chalita, Maquiavel examina a política de forma a dar continuidade às análises da tradição filosófica.
B) Conforme Chalita, o pensador florentino tem por objetivo demonstrar como um Príncipe deve conquistar e manter o poder, tratando-o como uma realidade concreta.
C) Como observamos no texto, a obra de Maquiavel é inovadora por definir o que é o governo e quem são os governantes ideais.
D) De acordo com o texto, pode-se observar que Maquiavel não admite o uso da violência para conquistar e conservar o poder.

QUESTÃO 47
Leia atentamente o texto abaixo.
A partir dessa intuição primeira (a existência do ser que pensa), que é indubitável, Descartes distingue os diversos tipos de idéias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas.
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. p. 104.
A primeira idéia clara e distinta encontrada por Descartes no trajeto das meditações é
A) a idéia do cogito (coisa pensante), pois na medida em que duvida, aquele que medita percebe que existe.
B) a idéia de coisa extensa, porque tudo aquilo que possui extensão é imediatamente claro e distinto.
C) a idéia de Deus, porque Deus é a primeira realidade a interromper o procedimento da dúvida, no qual se lança aquele que se propõe meditar.
D) a idéia do gênio maligno, porque somente através dele Descartes consegue suprimir o processo da dúvida radical.

QUESTÃO 48
Leia o trecho extraído da obra Confissões.
Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas.
SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. 4, l0. p.154. Coleção Os Pensadores
Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho, marque a alternativa correta.
A) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos imediatamente as verdades eternas em Deus. Essas verdades, necessárias e eternas, não estão no interior do homem, porque seu intelecto é contingente e mutável.
B) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre o intelecto humano, deixando-o ativo para o conhecimento das verdades eternas. Essas verdades, necessárias e imutáveis, estão no interior do homem.
C) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz recordar as verdades eternas que a alma possuía antes de se unir ao corpo.
D) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz recordar as verdades eternas que a alma possuía e que nela permanecem mediante os ciclos da reencarnação.

QUESTÃO 49
O texto que segue refere-se às vias da prova da existência de Deus.
As cinco vias consistem em cinco grandes linhas de argumentação por meio das quais se pode provar a existência de Deus. Sua importância reside sobretudo em que supõe a possibilidade de se chegar no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial e indireta, a partir da consideração do mundo natural, do cosmo, entendido como criação divina.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 67.
A partir do texto, marque a alternativa correta.
A) As cinco vias são argumentos diretos e evidentes da existência de Deus.
B) Tomás de Aquino formula as cinco vias da prova da existência de Deus, utilizando, sistematicamente, as passagens bíblicas para fundamentar seus argumentos.
C) As cinco vias partem de afirmações gerais e racionais sobre a existência de Deus, para chegar a conclusões sobre as coisas sensíveis, particulares e verificáveis sobre o mundo natural.
D) Tomás de Aquino formula as argumentações que provam a existência de Deus sob a influência do pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia, mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego.

QUESTÃO 50
Considere o texto abaixo.
Dostoiévski escreveu: "Se Deus não existisse, tudo seria permitido". Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. Trad. de Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 9.
Tomando o texto acima como referência, marque a alternativa correta.
A) Nesse texto, Sartre quer mostrar que sua teoria da liberdade pressupõe que o homem é sempre responsável pelas escolhas que faz e que nenhuma desculpa deve ser usada para justificar qualquer ato.
B) O existencialismo é uma doutrina que propõe a adoção de certos valores como liberdade e angústia. Para o existencialismo, a liberdade significa a total recusa da responsabilidade.
C) Defender que "tudo é permitido" significa que o homem não deve assumir o que faz, pois todos os homens são essencialmente determinados por forças sociais.
D) Para Sartre, a expressão "tudo é permitido" significa que o homem livre nunca deve considerar os outros e pode fazer tudo o que quiser, sem assumir qualquer responsabilidade.

GABARITO
41A - 42B - 43C - 44B - 45D - 46B - 47A - 48B - 49D - 50A

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PROVA DISCURSIVA
FILOSOFIA

PRIMEIRA QUESTÃO
No livro I da República de Platão, o sofista Trasímaco faz a seguinte consideração.
- Ó Heracles! Aí está a habitual ironia de Sócrates... Eu sabia disso e aos presentes já havia prevenido que tu não quererias responder, que fingirias nada saber e tudo farias, menos responder, se alguém te fizesse uma pergunta.
PLATÃO. República.Trad. de Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 18.
A partir da leitura do texto acima, responda as seguintes questões.
A) O que é a ironia Socrática?
B) Com qual finalidade Sócrates é irônico?

SEGUNDA QUESTÃO
Leia o seguinte fragmento de O Príncipe, de Maquiavel, e faça o que se pede a seguir.
E há de se entender o seguinte: que um príncipe, e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais acima, não partir do bem, mas podendo, saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 80. Coleção Os Pensadores
A) Extraia uma expressão do texto acima que defina a idéia de que, para Maquiavel, "os fins justificam os meios" e justifique sua resposta.
B) Extraia uma expressão do texto acima que esteja adequada ao conceito de fortuna e explique por que ela é adequada.

TERCEIRA QUESTÃO
Leia a afirmação abaixo e responda.
A função que Hobbes atribui ao pacto de união é a de fazer passar a humanidade do estado de guerra para o estado de paz, instituindo o poder soberano.
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 43.
A) Por que, sem o pacto, não há paz entre os homens?
B) Por que a instituição do poder soberano é resultado de uma passagem?

QUARTA QUESTÃO
Leia o texto abaixo e responda as questões que se seguem.
Com efeito, onde está ao nosso alcance agir, também está ao nosso alcance não agir, e onde somos capazes de dizer "não", também somos capazes de dizer "sim"; conseqüentemente, se agir, quando agir é nobilitante, está ao nosso alcance, não agir, que será ignóbil, também estará ao nosso alcance, e se não agir, quando não agir é nobilitante, está ao nosso alcance, agir, que será ignóbil, também estará em nosso alcance. Se está em nosso alcance, então, praticar atos nobilitantes ou ignóbeis, e se isto era o que significava ser bom ou mau, está igualmente ao nosso alcance ser moralmente excelentes ou deficientes.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p. 159. Coleção Os Pensadores
1) Pode-se afirmar que, para Aristóteles, "agir" é sempre igual a "bom" e não agir é sempre igual a "mau"? Por quê?
2) Pode-se afirmar que, conforme o texto de Aristóteles, as escolhas determinam o caráter (disposição) de uma pessoa?
Justifique sua resposta com base no texto.

GABARITO DA PROVA DISCURSIVA

Gabarito Final com Distribuição dos Pontos - questão nº 01
A) A ironia socrática é uma parte do método utilizado por Sócrates para refutar seus interlocutores, quando esses acreditam e, até mesmo, anunciam possuir um saber. Nesse sentido, a ironia socrática é um método de combater pretensos saberes (4 pontos). Sócrates não é um dissimulado, alguém que finge nada saber, pois, na verdade, ele se reconhece como ignorante; sua sabedoria consiste em saber que não sabe, isto é, em ter consciência de sua ignorância (4 pontos).
Por causa disso, Sócrates adotou como finalidade de sua filosofia interrogar (ou refutar) todos aqueles que se julgam sábios (4 pontos).
Embora cada item da resposta tenha, isoladamente, o valor de 4 pontos, caso haja presença de ao menos dois itens, em conjunto, será atribuído o valor total: 12 pontos.
B) Embora o sofista Trasímaco considere a ironia socrática uma dissimulação, ou seja, uma estratégia para se desviar dos temas debatidos, sabe-se que o intuito de Sócrates não se identifica com um "fingir nada saber". O método dialético de Sócrates pressupõe pelo menos dois interlocutores – um perguntador e um respondedor –, característica imprescindível para a efetivação do método. Sendo assim, se Sócrates é irônico para não dar resposta aos seus interlocutores, não é para fingir não saber, mas para se posicionar no papel de interrogador no processo dialético; o que lhe permitirá efetivar seu método (4 pontos).
Na presente questão, deverá ser concedido 4 pontos para a resposta que reconhecer que a ironia socrática tem por finalidade situar Sócrates no papel de perguntador no processo dialético de perguntas e respostas. 4 pontos serão destinados à correção gramatical, coesão textual e argumentação presentes no corpo das respostas, sendo dois pontos destinados a cada alternativa desta questão.

Gabarito Final com Distribuição dos Pontos – questão nº 02
a) Trecho a ser destacado do texto: "um príncipe, e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião". (4 pontos) Comentário. O texto selecionado defende o princípio de que os fins justificam os meios, pois afirma a possibilidade, conforme as circunstâncias, de um príncipe não agir como um homem bom, conforme a caridade, mas praticar o mal quando for o último recurso para manter o governo (4 pontos).
b) Trecho a ser destacado do texto: "É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem". (4 pontos) Comentário. O texto destacado evidencia a idéia de que o príncipe não é o senhor do destino, não pode controlar os acasos da fortuna, (3 pontos) mas deve estar preparado para governar mesmo quando os ventos não forem favoráveis ou, conforme o texto, voltar-se para a direção que os ventos sopram (3 pontos). 2 pontos serão atribuídos à correção gramatical, clareza da expressão e argumentação.

Gabarito Final com Distribuição dos Pontos – questão nº 03
A) Porque para Hobbes, que é um contratualista absolutista, os indivíduos são todos iguais no poder e na força de lutar uns contra os outros para assegurarem sua própria sobrevivência e liberdade ("o homem é o lobo do homem") e isso é o estado-de-guerra vigente (chamado por Hobbes de estado de natureza), que gera incerteza, desconfiança, insegurança e caos (não há paz) [4 pontos]. Somente se renunciam ao uso do próprio poder e da própria força, transferindo tal uso para um governante (poder público), ou seja, somente se pactuam uns com os outros, criando o poder soberano que esteja acima de todos e a todos possa governar, é que se produz a ordem e a segurança que pode acabar com o caos (com a guerra) [4 pontos] + [gramática e lógica: 2 pontos].
B) Porque para Hobbes, o pacto ou contrato, em que todos transferem o poder ao governante como monopolizador do uso da força, produz a passagem ou transformação dos indivíduos, de um estado-de-natureza (como estado de guerra de todos contra todos) para um estado civil [4 pontos] ou sociedade política (como estado de lei e ordem). Isto significa, ao mesmo tempo, a passagem para uma situação em que exista um poder soberano legítimo (público), que não existiria sem o consentimento dos súditos. [4 pontos] + [gramática e lógica: 2 pontos].

Gabarito Final com Distribuição dos Pontos – questão nº 04
1) Não.
Conforme o texto podemos observar que o filósofo considera duas situações fundamentais: pode ocorrer que agir seja nobilitante, então, neste caso, não agir será ignóbil; no outro caso, pode ocorrer que não agir seja nobilitante, portanto, neste caso, agir será ignóbil.
2) Sim.
Para Aristóteles, conforme podemos ler, nós devemos escolher agir ou não agir conforme cada situação. Assim, nosso caráter será nobre ou ignóbil conforme as nossas escolhas, as quais realizamos de modo prudente ou não. Um fragmento que evidencia tal concepção de Aristóteles é: "Se está em nosso alcance, então, praticar atos nobilitantes ou ignóbeis, e se isto era o que significava ser bom ou mau, está igualmente ao nosso alcance ser moralmente excelentes ou deficientes."
Distribuição dos pontos:
Questão 1
Se a resposta for não: 4 pontos.
Se a resposta estiver conceitualmente correta: 4 pontos.
Se a resposta estiver conforme as normas ortográficas e gramaticais: 2 pontos.
Questão 2
Se a resposta for sim: 4 pontos.
Se a resposta estiver conceitualmente correta: 4 pontos.
Se a resposta estiver conforme as normas ortográficas e gramaticais: 2 pontos.

Vestibular 2008 - Universidade Estadual de Maringá - UEM


Vestibular 2008 - Universidade Estadual de Maringá - UEM  
FILOSOFIA

Questão 01
Os filósofos pré-socráticos tentaram explicar a diversidade e a transitoriedade das coisas do universo, reduzindo tudo a um ou mais princípios elementares, os quais seriam a verdadeira natureza ou ser de todas as coisas. Assinale o que for correto.
01) Tales de Mileto, o primeiro filósofo segundo Aristóteles, teria afirmado "tudo é água", indicando, assim, um princípio material elementar, fundamento de toda a realidade.
02) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do universo. Afirmou que nada permanece o mesmo, tudo muda; que a mudança é a passagem de um contrário ao outro e que a luta e a harmonia dos contrários são o que gera e mantém todas as coisas.
04) Parmênides de Eléia afirmou que o ser não muda. Deduziu a imobilidade e a unidade do ser do princípio de que "o ser é" e "o não-ser não é", elaborando uma primeira formulação dos princípios lógicos da identidade e da não-contradição.
08) As teorias dos filósofos pré-socráticos foram pouco significativas para o desenvolvimento da filosofia e da ciência, uma vez que os pré-socráticos sofreram influência do pensamento mítico, e de suas obras apenas restaram fragmentos e comentários de autores posteriores.
16) Para Demócrito de Abdera, todo o cosmo se constitui de átomos, isto é, partículas indivisíveis e invisíveis que, movendo-se e agregando-se no vácuo, formam todas as coisas; geração e corrupção consistiriam, respectivamente, na agregação e na desagregação dos átomos.

Questão 02
Guilherme de Ockham (1280-1349) traz novas idéias à teoria política, "ainda que continue teológica, isto é, referida à vontade suprema de Deus. Diante da tradição teocrática medieval, são novas as idéias de comunidade política natural, lei humana política e direito natural dos indivíduos como sujeitos dotados de consciência e de vontade." (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13.ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 366). Assinale o que for correto.
01) Guilherme de Ockham não separa o poder espiritual da Igreja do poder temporal da comunidade política; por essa razão, ele afirma que, em nenhuma hipótese, o bom cristão pode contestar a autoridade da palavra do Papa.
02) O tiranicídio não é admitido por Guilherme de Ockham, todavia os governados podem resistir ao tirano e procurar instrumentos legais que contestam sua autoridade para forçá-lo a abdicar.
04) Guilherme de Ockham pertence à corrente nominalista, segundo a qual os conceitos universais são apenas conteúdos da nossa mente, expressos em nomes, isto é, são apenas palavras sem nenhuma realidade específica correspondente.
08) Contrariamente ao que pensava Santo Agostinho, o homem, para Guilherme de Ockham, não foi dotado de livre-arbítrio, razão pela qual não pode ser responsabilizado pelos seus atos.
16) Guilherme de Ockham reconhece dois grandes tipos de direitos naturais: o direito natural objetivo, isto é, a ordem natural hierárquica estabelecida pela lei divina, e o direito natural subjetivo, possuído pelo indivíduo como ser racional e livre.

Questão 03
Elaborando a teoria das quatro causas e a distinção entre ato e potência, Aristóteles busca explicar a realidade do devir e da mudança a que estão submetidas as coisas causadas. Assinale o que for correto.
01) Para Aristóteles, a mudança implica uma passagem da potência ao ato; o ato é o estado de plena realização de uma coisa; a potência, a capacidade que algo tem para assumir uma determinação.
02) Segundo Aristóteles, tudo o que acontece tem suas causas, essas são a explicação ou o porquê de certa coisa ser o que é.
04) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final são os quatros sentidos que Aristóteles distingue no termo causa.
08) Segundo Aristóteles, a causa material e a causa formal de uma coisa são, respectivamente, aquilo de que essa coisa é feita e aquilo que ela essencialmente é.
16) Segundo Aristóteles, a causa eficiente e a causa final de uma coisa são, respectivamente, o agente que atua sobre essa coisa e o fim a que ela se destina.

Questão 04
Maquiavel inaugura o pensamento político moderno. Seculariza a política, rejeitando o legado ético-cristão. Maquiavel tem uma visão do homem e da política como elas são e não como deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar, como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo. Assinale o que for correto.
01) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que governa com justiça, estabelecendo, entre seus súditos, a igualdade social e uma participação político-democrática.
02) Maquiavel redefine as relações entre ética e política,não julga mais as ações políticas em função de uma hierarquia de valores dada de antemão, mas em função da necessidade dos resultados que as ações políticas devem alcançar.
04) Maquiavel faz a apologia da tirania, pois considera ser a forma mais eficiente de o príncipe manter-se no poder e garantir a segurança da ordem social e política para seus súditos.
08) Na concepção política de Maquiavel, não há uma exclusão entre ética e política, todavia a primeira deve ser entendida a partir da segunda. Para ele, as exigências da ação política implicam uma ética cujo caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos na vida privada.
16) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre os grandes, isto é, os que possuem o poder político e econômico, e o povo oprimido. A sociedade é cindida por lutas sociais, não pode, portanto, ser vista como uma comunidade homogênea voltada para o bem comum.

Questão 05
"Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?". (PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).
Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa, assinale o que for correto.
01) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando como eram a vida e a organização social dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando habitavam em cavernas.
02) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das Idéias.
04) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos preconceitos.
08) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas Idéias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Idéias ou são suas cópias imperfeitas.
16) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar à caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.

Questão 06
Do ponto de vista da qualidade, as proposições dividem-se em afirmativas e negativas. De acordo com a quantidade, as proposições podem ser universais, quando o sujeito se refere a toda uma classe; particulares, quando o sujeito se refere à parte de uma classe; singulares, quando o sujeito se refere a um indivíduo. Dentre as proposições abaixo, identifique a(s) que for(em) universal afirmativa, universal negativa, particular afirmativa.
01) Todos os homens são racionais.
02) Nenhum homem é alado.
04) Alguns peixes vivem em rios.
08) O homem não é quadrúpede.
16) Sócrates é filósofo.

Questão 07
A primeira grande filosofia da liberdade é exposta por Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco, a qual, com variantes, permanece através dos séculos, chegando até o século XX, quando foi retomada por Jean-Paul Sartre. Assinale o que for correto.
01) Para Aristóteles, a liberdade é um ato de autodeterminação com o qual o homem dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por ninguém.
02) Sartre, na sua obra o Existencialismo é um Humanismo, discute a questão da liberdade como sendo uma questão de ética, pois implica a responsabilidade para com os outros.
04) Fundamentado na sua concepção de liberdade, Aristóteles defende a democracia para todos os homens, preconizando, inclusive, o fim da escravidão.
08) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define o ato voluntário como princípio de si mesmo. Portanto, para esse filósofo, tanto a virtude quanto o vício dependem da vontade do indivíduo.
16) O existencialismo cristão de Jean-Paul Sartre acredita que o livre-arbítrio é inerente à essência do homem e, como a essência precede a existência, o homem é um ser capaz de autodefinição.

Questão 08
Considere os argumentos a seguir:
(A) "No Brasil, há vários casos de políticos respondendo a processo criminal, conseqüentemente a justiça brasileira permite que políticos com problemas judiciais se mantenham em cargos eletivos."
(B) "Penso, logo existo."
Assinale o que for correto.
01) O argumento (A) é indutivo, pois sua conclusão é uma generalização indutiva realizada a partir da observação de diversos dados singulares.
02) No argumento indutivo, o conteúdo da conclusão excede o das premissas. A certeza da indução nunca é absoluta, mas apenas provável.
04) Embora a indução não possua o rigor do pensamento dedutivo, é uma forma fecunda de raciocinar, à qual devemos grande parte dos conhecimentos da vida diária e é de grande importância nas ciências experimentais.
08) O argumento (B) é dedutivo, ou seja, é um tipo de argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de premissas.
16) Na dedução lógica, o enunciado da conclusão não excede o conteúdo das premissas; mas, se não acrescenta nada de novo, a dedução é um modelo de rigor que nos permite organizar o conhecimento já adquirido.

Questão 09
O homem tem necessidade de conhecer e de explorar o meio em que vive. O senso comum, o bom senso, a arte, a religião, a filosofia e a ciência são formas de saber que auxiliam o homem a entender o mundo e a orientar suas ações. Assinale o que for correto.
01) O senso comum é o conhecimento adquirido por exigências da vida cotidiana; fornece condições para o agir, todavia é um conjunto de concepções fragmentadas, recebidas sem crítica e, muitas vezes, incoerentes, tornando-se, assim, fonte de preconceitos.
02) O bom senso, ao contrário do senso comum, apresenta-se como uma elaboração refletida e coerente do saber; em vez da aceitação cega de determinações alheias, pelo bom senso o sujeito livre e crítico questiona os valores estabelecidos e decide pelo que se revela mais sensato ou plausível.
04) A ciência caracteriza-se como um sistema de conhecimentos, expressos em proposições gerais e objetivas sobre a realidade empírica; é um conhecimento construído por um processo de raciocínio rigoroso e metodicamente conduzido, baseado na experiência, permitindo explicar, prever e atuar sobre os fenômenos.
08) Religião e filosofia são duas formas antagônicas de interpretação da realidade; a filosofia, unicamente com o raciocínio lógico-formal, busca entender apenas o mundo natural e o humano; a religião ocupa-se apenas da razão.
16) O conhecimento filosófico caracteriza-se como um saber elucidativo, crítico e especulativo; como elucidativo, visa a esclarecer e a delimitar conceitos e problemas; como crítico, nada aceita sem exame prévio e reflexão; como especulativo, assume a atitude teórica e globalizadora, que envolve os problemas em uma visão total.

Questão 10
"(...) a própria experiência é um modo de conhecimento que requer entendimento, cuja regra tenho que pressupor a priori em mim ainda antes de me serem dados objetos e que é expressa em conceitos a priori, pelos quais portanto todos os objetos da experiência têm necessariamente que se regular e com eles concordar." (KANT, Immanuel.
Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 13).
Com base na filosofia de Kant, assinale o que for correto.
01) O método de Kant é chamado criticismo, pois consiste na crítica ou na análise reflexiva da razão, a qual, antes de partir ao conhecimento das coisas, deve conhecer a si mesma, fixando as condições de possibilidade do conhecimento, aquilo que pode legitimamente ser conhecido e o que não.
02) Para Kant, uma vez que os limites do conhecimento científico são os limites da experiência, as coisas que não são dadas à intuição sensível (a coisa em si, as entidades metafísicas como Deus, alma e liberdade) não podem ser conhecidas.
04) Kant mantém-se na posição dogmática herdada de Hume. Para os dois filósofos, o conhecimento é um fato que não põe problema. O resultado da crítica da razão é a constatação do poder ilimitado da razão para conhecer.
08) O sentido da revolução copernicana operada por Kant na filosofia é que são os objetos que se regulam pelo nosso conhecimento, não o inverso. Ou seja, o conhecimento não reflete o objeto exterior, mas o sujeito cognoscente constrói o objeto do seu saber.
16) Com a sua explicação da natureza do conhecimento, Kant supera a dicotomia racionalismo-empirismo. O conhecimento, que tem por objeto o fenômeno, é o resultado da síntese entre os dados da experiência e as intuições e os conceitos a priori da razão.

Questão 11
Friedrich Nietzsche critica o pensamento socráticoplatônico e a tradição da religião judaico-cristã por terem desenvolvido uma razão e uma moral que subjugaram as forças instintivas e vitais do ser humano, a ponto de domesticar a vontade de potência do homem e de transformá-lo em um ser fraco e doentio. Assinale o que for correto.
01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, considerada hipócrita e decadente, Nietzsche propõe uma moral não-repressiva, que permite o livre curso dos instintos, de modo que o homem forte possa, ao mesmo tempo, acompanhar e superar o movimento contraditório e antagônico da vida.
02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de criar uma raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por isso, necessário aniquilar os mais fracos.
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma que a história da humanidade é a história das lutas de classes, e considera que o socialismo é a única forma de organização social aceitável.
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a moral aristocrática de senhores e a moral plebéia de escravos. A moral de escravos é caracterizada pelo ressentimento, pela inveja e pelo sentimento de vingança; é uma moral que nega os valores vitais e nutre a impotência.
16) Os valores que constituem a moral aristocrática de senhores são, para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem orientar a humanidade com uma força dogmática, de modo que o homem não se perca.

Questão 12
Considere o argumento a seguir:
"Alguns homens são inteligentes; ora, alguns homens são professores; logo, os professores são inteligentes." Sabendo que o argumento é inválido, identifique qual(is), dentre as regras do silogismo abaixo, ele falha em observar.
01) De duas premissas particulares nada resulta.
02) O termo médio nunca entra na conclusão.
04) Nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser total nas premissas.
08) De duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa.
16) De duas premissas negativas nada pode ser concluído.

Questão 13
Jürgen Habermas constrói um novo sistema filosófico, fundamentado na teoria da ação comunicativa. Em oposição à filosofia da consciência da tradição moderna, que concebe a razão como uma entidade centrada no sujeito, Habermas considera a razão como sendo o resultado de uma relação intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por meio da linguagem, chegar ao entendimento. Assinale o que for correto.
01) Jürgen Habermas perpetua a tradição de René Descartes e, como ele, acredita que o "penso, logo existo" é a primeira certeza a partir da qual podemos alcançar a verdade.
02) Para Jürgen Habermas, a linguagem tem o caráter imperativo, pois afirma verdades encontradas por uma razão que obedece aos preceitos da lógica formal.
04) Jürgen Habermas pertence inicialmente ao grupo dos frankfurtianos, todavia, mesmo se distanciando da Escola de Frankfurt, mantém os principais objetivos dessa corrente filosófica, isto é, o esclarecimento e a emancipação do homem.
08) Na teoria da ação comunicativa, a verdade é resultado de uma relação dialógica, fundamentada em uma situação ideal de fala, que exclui qualquer relação de poder entre os interlocutores.
16) Jürgen Habermas procura resgatar a reflexão crítica da Ilustração que tem em Kant um dos principais expoentes. A Ilustração opõe-se ao autoritarismo e ao abuso do poder e defende as liberdades individuais e os direitos do cidadão.

Questão 14
"(...) há certos momentos na história da humanidade em que alterações significativas provocam o que chamamos ruptura de paradigma. Ou seja, os parâmetros que orientam a compreensão do mundo e de nós mesmos deixam de valer em decorrência do imbricamento de inúmeros fatores. E, enquanto não se elabora uma nova "visão de mundo", vive-se um período confuso de indefinição e de perplexidade, decorrente da crise dos valores até então aceitos." (ARANHA, M. L. de Arruda e MARTINS, M. H. Pires. Temas de Filosofia. 2.ª ed., São Paulo: Moderna, 1998, p. 46).
Assinale o que for correto.
01) A modernidade, como o conjunto de idéias e de valores que norteou o pensamento e a ação humanos desde o final do século XVIII, é essencialmente caracterizada pelo racionalismo, isto é, uma firme crença no poder da razão para conhecer e transformar a realidade.
02) A derrota fragorosa da razão moderna resultou em um colapso intelectual que deixou sem paradigmas as ciências, a filosofia e as artes. Por isso, as religiões em franca expansão na atualidade encontram, no pósmodernismo, uma fonte de inspiração duradoura.
04) Chama-se pós-moderno o modo de pensar que se delineia a partir da segunda metade do século XX, caracterizado pelo afastamento e crítica às idéias da modernidade, denunciando como presunçosas e ilegítimas muitas das pretensões da razão no conhecimento e na prática.
08) O Iluminismo, movimento intelectual ocorrido no século XVIII, manifesta, de maneira especial, os ideais da modernidade, fomentando as aspirações de liberdade e progresso harmonizados pela razão "iluminada".
16) Os avanços tecnológicos influenciam decisivamente a visão de mundo no tempo pós-moderno. A automação, a microeletrônica, a informática alteraram o mundo do trabalho e as relações intersubjetivas. O mercado requer profissionais versáteis; a sociedade, indivíduos informados, críticos e solidários.

Questão 15
Uma das características do Renascimento e da Modernidade que lhe é associada é um processo de secularização da ciência que se expressa por uma dissociação entre a teologia e a filosofia da natureza. A secularização da ciência realiza-se na separação entre razão e fé, as verdades científicas tornam-se independentes das verdades reveladas. Assinale o que for correto.
01) O processo de secularização na Modernidade modifica o caráter da ciência; essa deixa de ser essencialmente contemplativa para transformar-se em uma ciência instrumental, cujo objetivo é conhecer a natureza para intervir nela, controlá-la e apropriar-se da mesma para fins úteis.
02) O mecanicismo constitui-se em um aspecto importante da ciência moderna. A natureza e o próprio ser humano são comparados a uma máquina, isto é, a um conjunto de mecanismos cujas leis precisam ser descobertas.
04) Copérnico encontra em Aristóteles os fundamentos teóricos para combater a concepção heliocêntrica do universo defendida por Ptolomeu e pela Igreja.
08) Vesalius contribui para o conhecimento da anatomia humana, ao desafiar a proibição religiosa de dissecação de cadáveres. Suas observações corrigem muitos erros contidos na medicina de Galeno.
16) Com Galileu Galilei, o experimento torna-se parte do método científico; torna-se um marco do novo espírito da ciência. É com seus experimentos que ele refuta as teses aristotélicas de que o peso de um corpo depende de seu tamanho.

Questão 16
A Filosofia Medieval a partir do século IX é chamada escolástica. Ensinada nas escolas ou nas universidades próximas das catedrais, a filosofia escolástica tinha por problema fundamental levar o homem a compreender a verdade revelada pelo exercício da razão, todavia apoiado na autoridade (Auctoritas), seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja, seja de um sistema de filosofia pagã.
Sobre a escolástica, assinale o que for correto.
01) O pensamento platônico, ou mais exatamente o neoplatonismo de Plotino, porque mais facilmente conciliável com as doutrinas cristãs, foi a única filosofia pagã aceita durante toda a escolástica.
02) A fermentação intelectual e o interesse pelo racional na escolástica evidenciam-se pela criação de universidades por toda a Europa; o método de exposição das idéias filosóficas nessas escolas era a disputa: uma tese era colocada e passava-se a refutála ou a defendê-la com argumentos retirados de alguma autoridade.
04) Representante do pensamento político da escolástica, o cardeal Martin Heidegger trata, em sua obra Ser e Tempo, do problema da subordinação do poder temporal dos reis e dos nobres ao poder espiritual do Papa e da Igreja.
08) Um tema recorrente na filosofia escolástica foi a demonstração racional da existência de Deus. Santo Anselmo (1034-1109) formula a prova tradicionalmente chamada argumento ontológico, no qual deduz a existência de Deus da própria idéia de perfeição de Deus.
16) O apogeu da escolástica acontece no século XIII com Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que, retomando o pensamento de Aristóteles, fez a síntese mais fecunda da filosofia com o cristianismo na Filosofia Medieval.

Questão 17
A dialética idealista de G. W. F. Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o criticismo kantiano. Hegel opõe-se à concepção de uma razão intemporal; na filosofia hegeliana, a racionalidade não é mais um modelo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. Contra a concepção intemporal da razão, Hegel afirma que a razão é história, e isso é o que há nela de mais essencial. Assinale o que for correto.
01) Sendo a razão história, ela se torna, para Hegel, relativa, isto é, o que vale hoje não vale mais amanhã, nenhuma época pode, portanto, alcançar verdades universais.
02) O movimento dialético da razão se realiza, para Hegel, em três momentos, na apresentação de uma tese, enquanto afirmação, na constituição de uma antítese, como negação da tese, e na formação de uma síntese, como superação da antítese.
04) Para Hegel, a história não é a simples acumulação e justaposição de fatos e de acontecimentos no tempo, mas resulta de um processo cujo motor interno é a contradição dialética.
08) A concepção de história de Hegel e a concepção de história formulada por Marx no materialismo histórico são idênticas.
16) Hegel critica Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant por terem dado mais atenção à relação entre sujeito humano e natureza do que à relação entre sujeito humano e cultura ou história.

Questão 18
"Todas as idéias derivam da sensação ou reflexão. Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como ela será suprida? (...) De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento." (LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 165).
Assinale o que for correto.
01) Para John Locke, embora nosso conhecimento se origine na experiência, nem todo ele deriva da experiência. No entendimento, existem idéias inatas abstraídas das coisas pela reflexão.
02) Como seguidor de Descartes, John Locke assume a diferença entre conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual e infalível, e conhecimento sensível, que, por depender da sensação, é suscetível de erro.
04) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento em sentido estrito, pois se propôs, no Ensaio acerca do entendimento humano, a investigar explicitamente a natureza, a origem e o alcance do conhecimento humano.
08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta na experiência. As impressões formam as idéias simples; a reflexão sobre as idéias simples, ao combiná-las, formam idéias complexas, como substância, Deus, alma etc.
16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades primárias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades secundárias (cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem realmente nas coisas, as segundas são relativas e subjetivas.

Questão 19
Os gregos da Antiguidade Clássica tiveram consciência dos limites da experiência na obtenção do conhecimento humano. O desenvolvimento da matemática deve-se à necessidade de suprir esses limites, desde então a matemática é incorporada como parte importante de muitas correntes filosóficas. Assinale o que for correto.
01) A matemática pré-helênica não chegou a desenvolver conceitos como "proporção", "demonstração", "definição", "postulado", "axioma". Todos esses termos aparecem na obra de Euclides.
02) Na Grécia clássica, a noção de número tem um sentido bem diferente da noção de número na matemática moderna. A noção de número para os gregos da Antiguidade indica aquilo que é capaz de ter partes; para eles, "dois" é a soma de duas unidades, ou duas quantidades "discretas", três é o triplo da unidade, etc.
04) O intercâmbio cultural que Aristóteles manteve com a civilização persa resultou na incorporação da álgebra na matemática praticada pelos filósofos gregos, particularmente pelos pitagóricos.
08) O nível de formalização de problemas matemáticos que encontramos nos Elementos de Euclides recebeu importante subsídio das discussões filosóficas da Grécia clássica, principalmente com Platão e os matemáticos que faziam parte da Academia.
16) Para Platão, a primeira etapa do conhecimento inteligível é representada pela dianóia, isto é, o conhecimento discursivo e mediatizador, que estabelece ligações racionais: é o conhecimento típico das matemáticas.

Questão 20
"Pode-se afirmar, portanto, que a arte é uma forma de o homem se relacionar com o mundo, forma que se renova juntamente com a produção da vida. O homem (...) busca sempre novas possibilidades de existência, busca transcender, ultrapassar e descortinar novas dimensões da realidade." (Filosofia, Ensino Médio. Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 309).
Sobre a arte como forma de pensamento, assinale o que for correto.
01) A arte fornece um entendimento do mundo dado pela intuição, ou seja, por um conhecimento imediato da forma concreta e individual, que não reporta à razão, mas ao sentimento e à imaginação.
02) A arte compartilha do mesmo universo conceitual da filosofia; pois, como esta, ela alcança uma compreensão do mundo por meio de conceitos logicamente organizados, abstrações genéricas distantes do dado sensorial e do momento vivido.
04) A imaginação desempenha um papel fundamental na arte; é ela que faz a mediação entre o vivido e o pensado, entre a presença bruta do objeto e sua representação. Na medida em que torna o mundo presente em imagens, a imaginação nos faz pensar.
08) A imaginação do artista é prisioneira da realidade e de sua vida cotidiana; e as escolas estilísticas determinam que tipo de obra de arte vale a pena realizar. Sendo assim, o artista, a rigor, não cria coisa alguma, ele apenas copia o que é dado.
16) Na experiência estética, sentimento e emoção são coisas distintas. A emoção é um estado psicológico de agitação afetiva; o sentimento, como uma reação cognitiva, esclarece o que motiva a emoção. A emoção é uma maneira de lidarmos com o sentimento.

GABARITO:
01)01-02-04-16
02)02-04-16
03)01-02-04-08-16
04)02-08-16
05)02-04-08-16
06)01-02-04-08
07)01-02-08
08)01-02-04-08-16
09)01-02-04-16
10)01-02-08-16
11)01-08
12)01
13)04-08-16
14)01-04-08-16
15)01-02-08-16
16)02-08-16
17)02-04-16
18)04-08-16
19)01-02-08-16
20)01-04-16

Vestibular 2008 - Inverno - Universidade Estadual de Maringá - UEM


Vestibular 2008 - Inverno - Universidade Estadual de Maringá - UEM  
FILOSOFIA

01 - Marx defende as liberdades políticas individuais, todavia opõe-se ao liberalismo e à concepção do Estado burguês. A restrição que Marx faz ao Estado de direito burguês é que esse Estado acaba representando os interesses das classes sociais dominantes, o que torna impossível defender os fins universais da sociedade no seu todo. Assinale o que for correto.
01) Marx considera que a realização da liberdade humana e a emancipação do homem só podem realizar-se para além do formalismo jurídico do Estado burguês. A verdadeira liberdade e emancipação só podem acontecer quando a esfera da produção estiver sob o controle dos produtores diretos, isto é, os trabalhadores.
02) Para o materialismo histórico, as relações sociais de produção são responsáveis pela formação do Estado que Marx considera como sendo a superestrutura jurídica e política da sociedade.
04) O progresso tecnológico e o desenvolvimento econômico, ao permitirem uma melhor distribuição da renda, são considerados por Marx condições essenciais para acabar com o Estado burguês e com a sociedade de classes.
08) Para Marx, a liberdade deve ser universal, isto é, para todos os homens; razão pela qual só pode realizar-se com o fim da sociedade de classes.
16) Para Marx, o Estado burguês sustenta uma economia de mercado em que tudo pode transformar-se em mercadoria, inclusive o trabalho que pode ser comprado e vendido como qualquer mercadoria; nesse processo, o trabalho e o homem alienam-se.

02 - A Escola de Frankfurt definiu a racionalidade ocidental como instrumentalização da razão. Para Adorno, Marcuse e Horkheimer, a razão instrumental caracteriza-se pela produção de um conhecimento cujo objetivo é dominar e controlar a natureza e os seres humanos. Assinale o que for correto.
01) A razão instrumental expressa uma ideologia cientificista, pois acredita que é neutra, e identifica as ciências apenas com os resultados de suas aplicações.
02) Na medida em que a razão se torna instrumental, a ciência deixa de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, de poder e de exploração.
04) A ideologia do progresso no modo de produção capitalista fundamenta-se na razão instrumental por acreditar que essa promove o avanço tecnológico que permite a racionalização da produção.
08) Para Marx, o socialismo, ao transformar o trabalho em mercadoria, torna o homem um mero instrumento e aliena-o social e culturalmente.
16) Marx defendeu a razão instrumental por ser mais eficiente que a práxis para realizar a revolução socialista.

03 - "Porém, se realmente a existência precede a essência, o homem é responsável pelo que é. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é o de pôr todo homem na posse do que ele é, de submetêlo à responsabilidade total de sua existência. Assim, quando dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas responsável pela sua estrita individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens." (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Os Pensadores).
Sobre o existencialismo sartreano, assinale o que for correto.
01) Com o lema "a existência precede a essência", Sartre negava haver uma natureza humana; o homem primeiro existe e posteriormente se define conforme suas escolhas e o que decide fazer de si mesmo.
02) O homem, criatura decaída, está lançado à própria sorte até encontrar o sentido de sua existência na graça de Deus, de quem recebeu o livre-arbítrio.
04) Diferente das coisas, só o homem é livre, está "condenado a ser livre", pois nada mais é que seu projeto; consciente de sua existência, é totalmente responsável por ela.
08) O homem, ao delinear seu projeto, o faz na convicção de que o que é bom para si é bom para todos; a imagem do homem que desejamos ser é, ao mesmo tempo, a imagem do homem como julgamos que deve ser, de modo que nossa responsabilidade envolve toda a humanidade.
16) O existencialismo sartreano, centrado na liberdade individual, configura-se como uma doutrina egoística, apolítica e amoral.

04 - "Os antigos, ou melhor, os antiqüíssimos, (teólogos), transmitiram por tradição a nós outros seus descendentes, na forma do mito, que os astros são Deuses e que o divino abrange toda a natureza ... Costuma-se dizer que os Deuses têm forma humana, ou se transformam em semelhantes a outros seres viventes ... Porém, pondo-se de lado tudo o mais, e conservando-se o essencial, isto é, se se acreditou que as substâncias primeiras eram Deuses, poderia pensar-se que isto foi dito por inspiração divina ..." (Aristóteles, Metafísica, XII, 8, 1074b, apud Mondolfo, O pensamento antigo, I, São Paulo: Mestre Jou, 1964, p.13).
Com base nesse excerto e no seu conhecimento sobre a questão da origem da filosofia, assinale o que for correto.
01) Antes de fazerem filosofia, os gregos já indagavam sobre a origem e a formação do universo; e as respostas a esse problema eram oferecidas sob a forma de mito, isto é, por meio de uma narrativa alegórica que descreve a origem ou a condição de alguma coisa, reportando a um passado imemorial.
02) Na Teogonia, Hesíodo descreve a gênese do mundo coincidindo com o nascimento dos deuses; as forças e os domínios cósmicos não surgem como pura natureza, mas sim como divindades: Gaia é a Terra, Urano é o Céu, Cronos é o Tempo, aparecendo ora por segregação, ora pela intervenção de Eros, princípio que aproxima os opostos.
04) Os primeiros filósofos gregos buscaram descobrir o princípio (arché) originário de todas as coisas, o elemento ou a substância constitutiva do universo; elaborando uma cosmologia, não se contentavam com doutrinas divinamente inspiradas, mas tentavam compreender racionalmente o cosmo.
08) Os gregos foram pouco originais no exercício do pensamento crítico racional; apropriaram-se das conquistas científicas e do patrimônio cultural de civilizações orientais com mínimas alterações.
16) É tese hoje bastante aceita que o nascimento da filosofia na Grécia não foi um "milagre" realizado por um povo privilegiado, mas a culminação de um processo lento, tributário de um passado mítico, e influenciado por transformações políticas, econômicas e sociais.

05 - A questão dos universais foi um dos grandes problemas debatidos na Filosofia Medieval. A dificuldade era determinar o modo de ser das idéias gerais, gêneros ou espécies, tais como homem, animal etc.; ou seja, saber se os universais correspondem a uma realidade fora de nós ou se são puras abstrações do espírito e sem realidade. Realismo e nominalismo foram as duas soluções típicas do problema, surgindo o conceitualismo como solução intermediária. Em relação à questão dos universais, assinale o que for correto.
01) O realismo, de inspiração platônica, afirmava que os universais existiam na realidade, independentemente das coisas individuais.
02) Os realistas foram os primeiros filósofos a acreditarem na realidade virtual; foram, assim, precursores da inteligência artificial.
04) Uma forma moderada de realismo foi defendida por Santo Tomás de Aquino, o qual, sob influência de Aristóteles, supôs que o universal estaria na coisa, como sua forma ou substância; depois da coisa, como conceito no intelecto; e antes da coisa, na mente divina, como modelo das coisas criadas.
08) No conceitualismo de Pedro Abelardo, os universais são conceitos que não existem na realidade, nem são meros nomes; eles são o significado dos nomes e podem subsistir mesmo na falta de particulares a que se apliquem.
16) O nominalismo asseverou que os universais nada têm de real; são meros nomes, pois o que realmente existe são os particulares.

06 - A Patrística foi a Filosofia Cristã dos primeiros séculos de nossa era. Consistia na elaboração doutrinal das crenças religiosas do cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos pagãos e contra as heresias. Dado o encontro entre a nova religião e o pensamento filosófico greco- romano, o grande tema da Filosofia Patrística foi o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar fé e razão. Santo Agostinho, expoente dessa filosofia, sobre a relação fé e razão, defendia a tese que se pode resumir nesta frase: "Credo ut intelligam" (Creio para entender). A esse respeito, assinale o que for correto.
01) Santo Agostinho retoma a célebre teoria platônica das Idéias à luz do cristianismo e formula a teoria da iluminação segundo a qual o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas: à semelhança do sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar correto.
02) De acordo com Santo Agostinho, a razão é superior e precede a fé; pois, se o homem, ser racional, for incapaz de entender os ensinamentos religiosos, não poderá acreditar neles.
04) Segundo Santo Agostinho, a fé não conflita com a razão, esta última seria auxiliar da fé e estaria a ela subordinada.
08) Para Santo Agostinho, fé e razão são inconciliáveis, pois os mistérios da fé são insondáveis e manifestam-se como uma loucura para a razão humana.
16) A fé, para Santo Agostinho, não oprime a razão, mas, ao contrário, abre-lhe os olhos que a falta de fé mantinha fechados. A partir dos princípios da fé, a razão, por suas próprias forças, deduzirá conseqüências e tentará resolver os problemas que Deus deixou para nossas livres discussões.

07 - A epistemologia de Thomas Kuhn tem como tese fundamental a mudança de paradigmas que provoca as revoluções científicas; enquanto a epistemologia de Karl Popper se caracteriza pelo princípio da falseabilidade. Assinale o que for correto.
01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas nas teorias científicas desorganizam a ciência a ponto de impedir um avanço do conhecimento.
02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que substitui a explicação ptolomaica geocêntrica pela explicação heliocêntrica caracteriza uma mudança de paradigma e uma revolução na ciência astronômica.
04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se mede pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsificada.
08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de mundo expressa em uma teoria; o paradigma serve para auxiliar o cientista na resolução de seus problemas.
16) Considerando o princípio da falseabilidade, a ciência, para Karl Popper, não se desenvolve de modo linear.

08 - Uma proposição pode ser descrita como um discurso declarativo que expressa verbalmente a operação mental em que se afirma ou nega a inerência ou a relação entre dois ou mais termos; um enunciado suscetível de verdade ou de falsidade. Conforme essa descrição, assinale o que for uma proposição.
01) O homem é um animal político.
02) Vá embora!
04) caneta, lápis, caderno...
08) Por que somente o homem está sujeito a se tornar imbecil?
16) As transformações naturais sempre levam a um aumento na entropia do Universo.

09 - "O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com que nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma seqüência de acontecimentos semelhante às que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos completamente toda questão de fato além do que está imediatamente presente à memória ou aos sentidos. Jamais saberíamos como adequar os meios aos fins ou como utilizar os nossos poderes naturais na produção de um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda a ação, assim como da maior parte da especulação." (HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, pp. 145-146. Os Pensadores).
Com base nesse texto e no seu conhecimento sobre a Filosofia de Hume, assinale o que for correto.
01) Segundo Hume, entre um fenômeno e outro não há conexão causal necessária que possa ser verificada na experiência; é o hábito que explica a noção da relação causa e efeito: por termos visto, várias vezes juntos, dois objetos ou fatos - por exemplo, calor e chama, peso e solidez -, somos levados, pelo costume, a prever um quando o outro se apresenta.
02) Como representante do racionalismo, Hume afirmou que o princípio de causalidade, lei inexorável que regula todos os acontecimentos da natureza, é inferido da experiência por um processo de raciocínio.
04) Para Hume, o hábito é um falso guia; se não nos fiarmos na razão, fonte do conhecimento verdadeiro, e nos deixarmos conduzir pelo costume, erraremos inevitavelmente em nossas ações e investigações.
08) É o hábito que nos permite ultrapassar os dados empíricos, os quais possuímos seja na forma de impressão seja na forma de idéias, e afirmar mais do que aquilo o qual pode ser alcançado na experiência imediata.
16) A idéia de causa é apenas uma idéia geral constituída pela associação de idéias e baseada na crença formada pelo hábito.

10 - O Período Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cidades-Estado gregas. As correntes filosóficas desse período surgem como tentativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual: o epicurismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; o estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus; o ceticismo de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os fenômenos. Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que for correto.
01) Os estóicos, acreditando na idéia de um cosmo harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o homem que vive de acordo com a natureza e a razão.
02) Conforme a moral estóica, nossos juízos e paixões dependem de nós, e a importância das coisas provém da opinião que delas temos.
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de sofrimentos do corpo e de perturbações da alma.
08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que deixamos de ser.
16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras nem falsas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém a paz e a tranqüilidade da alma.

11 - A filosofia cética alcança na França, com o ensaio A Apologia de Raimond Sebon, de Michel Montaigne, uma de suas máximas expressões. René Descartes opõe-se e combate o ceticismo, acreditando na possibilidade de alcançar um conhecimento seguro com a elaboração de um método capaz de realizar uma reforma do entendimento e da ciência. Assinale o que for correto.
01) Para René Descartes, a primeira condição para reformar o entendimento humano e progredir no conhecimento científico é expurgar a teologia da filosofia, pois é impossível conduzir a reflexão filosófica a partir da idéia da existência de Deus.
02) Duas atitudes são, para René Descartes, causas do erro cometido pela reflexão filosófica e pelas ciências: a primeira é a prevenção, isto é, a facilidade com que o espírito humano se deixa levar pela opinião e pelas idéias alheias, sem se preocupar se são verdadeiras ou não; a segunda é a precipitação, isto é, a facilidade com que são emitidos juízos sobre as coisas antes de verificar se as idéias são verdadeiras ou não.
04) Para René Descartes, por ter adotado como método o procedimento da dúvida metódica, o ceticismo solapou os fundamentos da filosofia e da ciência.
08) René Descartes combate o racionalismo por considerar que introduz, na filosofia, uma reflexão metafísica. As verdades tanto na filosofia quanto na ciência devem ser alcançadas por procedimentos empíricos, única forma de evitar o ceticismo.
16) O ponto de partida do método de René Descartes é a busca de uma verdade primeira que não pode ser posta em dúvida. Por isso, converte a dúvida em método.

12 - No Discurso da Servidão Voluntária, Etienne de La Boétie (1530-1563) opõe-se à teoria do direito divino segundo a qual alguns homens, por terem sido eleitos por Deus e ungidos reis, têm mais dignidade que os outros homens, razão pela qual podem exigir obediência e submissão dos demais que deverão servi-los. Assinale o que for correto.
01) Etienne de La Boétie insurge-se apenas contra a monarquia absoluta e hereditária, todavia admite que a obediência e a sujeição são aceitáveis quando os governantes são escolhidos pelo povo.
02) Etienne de La Boétie é o precursor das teorias contratualistas que irão fundamentar a filosofia política de Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes.
04) Para Etienne de La Boétie, a tirania existe não por serem os homens obrigados a obedecer ao tirano e aos seus representantes, mas porque desejam, voluntariamente, servi-los por esperar deles obter vantagens em bens materiais ou honoríficos, assim como a garantia para o seu patrimônio.
08) O povo, segundo Etienne de La Boétie, é responsável pela própria servidão, pois pode escolher entre ser livre ou servo. Aceita o jugo por conveniência e por ter medo da liberdade.
16) A teoria política do liberalismo, ao defender a não intervenção do Estado na economia e o livre mercado, toma, como modelo, a obra de Etienne de La Boétie.

13 - O nacional-socialismo alemão e o fascismo italiano foram doutrinas e práticas políticas totalitárias. O totalitarismo caracteriza-se por estabelecer um Estado total, monolítico, que absorve, em seu interior, em sua organização, o todo da sociedade e suas instituições, controlando-a por inteiro; elimina, dessa maneira, a participação política pluralista. Tanto na Alemanha quanto na Itália, alguns filósofos contribuíram com a formação da ideologia do nazifascismo ou a ela se opuseram. Assinale o que for correto.
01) Friedrich Nietzsche, com sua filosofia política, preconiza uma sociedade coletivista dirigida por um Estado nacional forte, capaz de valorizar a tradição dos valores culturais alemães.
02) Na Alemanha, a marxista Rosa Luxemburgo, defensora da social-democracia, criticava a formação de um partido único cuja conseqüência seria a formação de um governo ditatorial de uma minoria. Combateu o que já se prenunciava com a ascensão do nazismo ao poder.
04) A resistência do teórico marxista Antônio Gramsci ao regime fascista valeu-lhe longos anos de cadeia. Mesmo no cárcere, escreveu muito, criticando o dogmatismo do marxismo oficial que, ao petrificar a teoria, impedia a prática revolucionária.
08) Friedrich Hegel foi importante para o desenvolvimento do pensamento político. Seus seguidores dividiram-se em dois grupos opostos, chamados de esquerda e de direita hegeliana.
16) Benedito Mussolini e Adolf Hitler aceitaram a crítica marxista ao liberalismo, mas ambos recusavam a idéia de uma revolução proletária.

14 - A expressão indústria cultural foi empregada pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento, escrito por Horkheimer e Adorno, filósofos de tendência marxista pertencentes à Escola de Frankfurt. Designa-se com essa expressão uma cultura produzida em série, para o mercado de consumo em massa, na qual a realização cultural deixa de ser um instrumento de crítica do conhecimento para transformar-se em uma mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo, monetário. Assinale o que for correto.
01) A origem da indústria cultural pode ser encontrada na prática dos mecenas, particularmente italianos, que financiavam, durante o Renascimento, a produção das grandes obras de arte.
02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei, como ela gostaria de o fazer crer, o consumidor não é o sujeito da produção cultural, mas seu objeto.
04) A indústria cultural eleva o nível cultural da maioria da população e aprimora a apreciação da qualidade estética do universo das artes.
08) A indústria cultural é expressão da ideologia capitalista; sob seu poderio, as obras de arte foram esvaziadas de seu caráter criador e crítico, alienaram-se para tornarem-se puro entretenimento, isto é, objetos de consumo para um espectador cuja ausência de reflexão o torna passivo.
16) A partir da segunda revolução industrial no século XIX, as artes usufruem uma fase de produção autônoma; com o advento da indústria cultural, tornam-se dependentes das necessidades mercadológicas do capital.

15 - O silogismo aristotélico é a dedução lógica na qual uma conclusão é inferida a partir de suas premissas, a premissa maior e a premissa menor, pela mediação do termo médio. O termo médio liga o termo menor (conceito de menor extensão) ao termo maior (conceito de maior extensão) de acordo com o princípio lógico de que duas quantidades idênticas a uma terceira são idênticas entre si. Considere o silogismo a seguir:
"Todos os brasileiros são sul-americanos;
todos os paranaenses são brasileiros;
logo, todos os paranaenses são sul-americanos".
Identifique, respectivamente, o termo médio, o termo maior e o termo menor.
01) brasileiros - sul-americanos - paranaenses
02) são - todos - logo
04) sul-americanos - paranaenses - brasileiros
08) paranaenses - brasileiros - todos
16) sul-americanos - são - brasileiros

16 - A Estética, enquanto disciplina filosófica, é o estudo dos sentimentos, dos conceitos e dos juízos resultantes de nossa apreciação das artes, ou da classe mais geral de objetos considerados tocantes, belos ou sublimes. O conceito de belo relacionado com as artes recebeu, conforme a época histórica e as correntes filosóficas, definições divergentes.
Assinale o que for correto.
01) O quadro de Pablo Picasso, Guernica, que retrata os horrores da Segunda Guerra Mundial, ao descrever o bombardeio sobre a cidade espanhola Guernica, não poderia ser considerado como uma obra de arte bela.
02) Para Platão, os objetos são belos na medida em que participam do ideal de beleza, que é perfeito, imutável, atemporal e supra-sensível.
04) Aristóteles, na Poética, considera o teatro trágico a mais feia das artes, pois representa os piores dos sentimentos humanos.
08) David Hume relativiza a beleza ao gosto de cada um. Aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente.
16) A concepção de arte de Hegel provoca a revolução nas artes ocorrida no século XX, inclusive influenciando os pintores impressionistas.

17 - A tragédia grega teve seu auge entre os séculos VI e IV a.C. É a expressão de profundas mudanças ocorridas na ordem sociopolítica e cultural dessa época. A mitologia já não é a única forma de representação do mundo, mas rivaliza com a concepção filosófica fundamentada na razão (lógos), e as leis de origem divina confrontam-se com as leis escritas. A tragédia expressa os conflitos e os impasses em que se encontram não apenas a pólis, mas também a alma (psyché) do homem grego.
Assinale o que for correto.
01) A tragédia grega criticava o povo, era uma arte elitista à qual só a aristocracia podia assistir.
02) Ésquilo, ao escrever Prometeu Acorrentado, defende que todos os homens, inclusive os escravos, fossem libertados da obrigatoriedade do trabalho, de forma que pudessem gozar a vida no benefício do ócio e do prazer.
04) Aristóteles, na Poética, afirma que a tragédia nasceu de formas líricas como o ditirambo, isto é, um canto coral em louvor a Dionísio, o deus do vinho.
08) Sófocles escreveu uma tragédia intitulada Édipo Rei, que trata do patricídio e da prática do incesto, essa tragédia é utilizada por Sigmund Freud para elaborar a teoria do complexo de Édipo na psicanálise.
16) É uma das características da tragédia grega representar a vontade e as ações humanas tentando, em vão, escapar ao destino que impera sobre a vida do homem.

18 - Há uma diferença fundamental entre a concepção da democracia concebida pelos pensadores modernos, que combateram o Antigo Regime com a Revolução Francesa, e a democracia concebida pela Antiguidade Clássica grega em Atenas. Essa diferença caracteriza-se, entre outras coisas, pela maneira de articular a relação entre a esfera pública e a esfera privada da sociedade. Assinale o que for correto.
01) A democracia ateniense era limitada, pois impedia o acesso à esfera pública de um grande contingente da população, composto pelas mulheres, pelos escravos e pelos estrangeiros, todos eles relegados à vida privada.
02) O homem grego realizava-se como cidadão participando da esfera pública, era nela que adquiria notoriedade e podia afirmar sua individualidade como homem livre.
04) Na esfera pública, a relação entre os cidadãos era regida pelo princípio de igualdade diante da lei e do igual direito à palavra. Os cidadãos formavam uma assembléia em que a prática da violência estava excluída. Na esfera privada, esses princípios eram negados.
08) Benjamin Constant (1776-1830), ao conceber um sistema de governo fundamentado na representatividade, pretendia resolver, no Estado moderno, as relações entre a esfera privada e a esfera pública, dando ao cidadão a liberdade de participar diretamente da esfera pública ou de delegar essa prerrogativa para dedicar-se exclusivamente aos negócios da vida privada.
16) A república democrática representativa - que deveria, em princípio, ampliar a liberdade política por permitir ao cidadão escolher entre a dedicação à vida privada ou à vida pública - apresentou inicialmente um caráter de exclusão sociopolítica semelhante à da democracia ateniense. Isso se se considerar que, em duas das maiores potências mundiais, isto é, na França e na Inglaterra, as mulheres alcançaram plena cidadania pelo sufrágio universal só depois da Segunda Guerra Mundial.

19 - Sócrates representa um marco importante da história da filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o homem. Assinale o que for correto.
01) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante dos seus juízes, os princípios éticos da sua filosofia.
02) Discípulo de Sócrates, Platão utilizou, como protagonista da maior parte de seus diálogos, o seu mestre.
04) O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica e a ironia.
08) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar dinheiro pelos seus ensinamentos.
16) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, queria, com isso, sinalizar a necessidade de adotar uma nova atitude diante do conhecimento e apontar um novo caminho para a sabedoria.

20 - Aristóteles considera que só o homem é um animal político, porque somente ele é dotado de linguagem na forma de palavra (lógos) e com ela pode exprimir o bem e o mal, o justo e o injusto. O fato de os homens poderem estabelecer em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política. Assinale o que for correto.
01) A retórica é a arte da eloqüência, de bem falar e argumentar. Foi utilizada na Antiguidade Clássica como um dos principais recursos da política.
02) Os sofistas desenvolveram e ensinaram a retórica como instrumentalização da linguagem cujo objetivo era torná-la uma estratégia para vencer adversários nos embates políticos.
04) Para os gregos antigos, a palavra mito (mythos) significa narrativa, é a palavra que narra a origem dos deuses, do mundo, dos homens, da comunidade humana e da vida do grupo social.
08) A linguagem para os gregos antigos tem duas formas de expressão: o mythos e o lógos. O mythos desenvolve a palavra mágica e encantatória; o lógos, a linguagem como poder de conhecimento racional.
16) A obra filosófica de Platão é isenta de qualquer mito, é o que permite caracterizá-la como sendo absolutamente racionalista.

GABARITO:
01)01-02-08-16
02)01-02-04
03)01-04-08
04)01-02-04-16
05)01-04-08-16
06)01-04-16
07)02-04-08-16
08)01-16
09)01-08-16
10)01-02-04-08-16
11)02-16
12)04-08
13)02-04-08-16
14)02-08-16
15)01
16)02-08
17)04-08-16
18)01-02-04-08-16
19)02-04-16
20)01-02-04-08

Vestibular 2008 - Universidade Estadual de Londrina - UEL


Vestibular 2008 - Universidade Estadual de Londrina - UEL  
FILOSOFIA

21) Platão destaca, na República (livro III), a importância da educação musical dos futuros guardiões da cidade, ao dizer:
[...] a educação pela música é capital, porque o ritmo e a harmonia penetram mais fundo na alma e afetam-na mais fortemente [...].
(PLATÃO. A República. Tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 133.)
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a relevância da educação musical dos guardiões em Platão, considere as afirmativas a seguir:
I. A música deve desenvolver agressividade e destempero para evitar o temor dos inimigos perante a guerra.
II. A música deve desenvolver sentimentos éticos nobres para bem servir a cidade e os cidadãos.
III. A música deve divertir, entreter e evocar sentimentos afrodisíacos, para alívio do temor perante a guerra.
IV. A música deve moldar qualidades como temperança, generosidade, grandeza de alma e outras similares.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

22) Leia os textos a seguir:
A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são bons em si mesmos. Ora, os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em razão da sua própria natureza e não acidentalmente.
(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 381-382. Os Pensadores IV.)
Os amigos formam uma unidade mais completa e mais perfeita do que os indivíduos isolados e, pela ajuda recíproca e desinteressada, fazem com que cada um seja mais autônomo e mais independente do que se estivesse só.
(CHAUÍ, M. de S. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 323.)
Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre o pensamento ético e político de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
I. Uma sociedade de amigos é mais perfeita e durável por considerar a lei como norma mantenedora da amizade.
II. Os amigos tornam a sociedade política perfeita ao se isolarem.
III. Os virtuosos e bons são verdadeiramente amigos por desejarem o bem reciprocamente.
IV. A amizade só pode existir entre os virtuosos, que são semelhantes em caráter; por isso, formam uma sociedade justa.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

23) Leia o seguinte texto:
A filosofia está escrita neste imenso livro que continuamente está aberto diante de nossos olhos (estou falando do universo), mas que não se pode entender se primeiro não se aprende a entender sua língua e conhecer os caracteres em que está escrito. Ele está escrito em linguagem matemática e seus caracteres são círculos, triângulos e outras figuras geométricas, meios sem os quais é impossível entender humanamente suas palavras: sem tais meios, vagamos inutilmente por um escuro labirinto.
(GALILEI, G. Il saggiatore. Apud REALE, G. & ANTISERI, D. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990, v. 2, p. 281.)
Tendo em mente o texto acima e os conhecimentos sobre o pensamento de Galileu acerca do método científico, considere as seguintes afirmativas.
I. Galileu defende o desenvolvimento de uma ciência voltada para os aspectos objetivos e mensuráveis da natureza, em oposição à física qualitativa de Aristóteles.
II. Para Galileu, é possível obter conhecimento científico sobre objetos matemáticos, tais como círculos e triângulos, mas não sobre objetos do mundo sensível.
III. Galileu pensa que uma ciência quantitativa da natureza é possível graças ao fato de que a própria natureza está configurada de modo a exibir ordem e simetrias matemáticas.
IV. Galileu considera que a observação não faz parte do método científico proposto por ele, uma vez que todo o conhecimento científico pode ser obtido por meio de demonstrações matemáticas.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.
a) I e III.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

24) Para Hobbes,
[...] o poder soberano, quer resida num homem, como numa monarquia, quer numa assembléia, como nos estados populares e aristocráticos, é o maior que é possível imaginar que os homens possam criar. E, embora seja possível imaginar muitas más conseqüências de um poder tão ilimitado, apesar disso as conseqüências da falta dele, isto é, a guerra perpétua de todos homens com os seus vizinhos, são muito piores.
(HOBBES, T. Leviatã. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1988. capítulo XX, p. 127.)
Com base na citação e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Hobbes, assinale a alternativa correta.
a) Os Estados populares se equiparam ao estado natural, pois neles reinam as confusões das assembléias.
b) Nos Estados aristocráticos, o poder é limitado devido à ausência de um monarca.
c) O poder soberano traz más conseqüências, justificando-se assim a resistência dos súditos.
d) As vantagens do estado civil são expressivamente superiores às imagináveis vantagens de um estado de natureza.
e) As conseqüências do poder soberano são indesejáveis, pois é possível a sociabilidade sem Estado.

25) É amplamente conhecido, na história da filosofia, como Descartes coloca em dúvida todo o conhecimento, até encontrar um fundamento inabalável; uma espécie de princípio de reconstituição do conhecimento. Neste processo, Descartes elege uma regra metodológica que o orientará na busca de novas verdades. A regra geral que orientará Descartes na busca de novas verdades é
a) a possibilidade do mundo externo.
b) a possibilidade de unirmos corpo e alma.
c) a clareza e distinção.
d) a certeza dos juízos matemáticos.
e) a idéia de que corpo e alma são entidades distintas.

26) Leia o texto a seguir:
Certamente, temos aqui ao menos uma proposição bem inteligível, senão uma verdade, quando afirmamos que, depois da conjunção constante de dois objetos, por exemplo, calor e chama, peso e solidez, unicamente o costume nos determina a esperar um devido ao aparecimento do outro. Parece que esta hipótese é a única que explica a dificuldade que temos de, em mil casos, tirar uma conclusão que não somos capazes de tirar de um só caso, que não discrepa em nenhum aspecto dos outros. A razão não é capaz de semelhante variação. As conclusões tiradas por ela, ao considerar um círculo, são as mesmas que formaria examinando todos os círculos do universo. Mas ninguém, tendo visto somente um corpo se mover depois de ter sido impulsionado por outro, poderia inferir que todos os demais corpos se moveriam depois de receberem impulso igual. Portanto, todas as inferências tiradas da experiência são efeitos do costume e não do raciocínio.
(HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1999. pp. 61-62.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de David Hume, é correto afirmar:
a) A razão, para Hume, é incapaz de demonstrar proposições matemáticas, como, por exemplo, uma proposição da geometria acerca de um círculo.
b) Hume defende que todo tipo de conhecimento, matemático ou experimental, é obtido mediante o uso da razão, e pode ser justificado com base nas operações do raciocínio.
c) É necessário examinar um grande número de círculos, de acordo com Hume, para se poder concluir, por exemplo, que a área de um círculo qualquer é igual a "PI" multiplicado pelo quadrado do raio desse círculo.
d) Hume pode ser classificado como um filósofo cético, no sentido de que ele defende a impossibilidade de se obter qualquer tipo de conhecimento com base na razão.
e) Segundo Hume, somente o costume, e não a razão, pode ser apontado como sendo o responsável pelas conclusões acerca da relação de causa e efeito, às quais as pessoas chegam com base na experiência.

27) Leia a citação a seguir.
Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes.
(ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 32. Os Pensadores.)
Com base na citação acima e nos conhecimentos sobre o pensamento político de Rousseau, considere as seguintes afirmativas.
I. O contrato social só se torna possível havendo concordância entre obediência e liberdade.
II. A liberdade conquistada através do contrato social é uma liberdade convencional.
III. Por meio do contrato social, os indivíduos perdem mais do que ganham.
IV. A liberdade conquistada através do contrato social é a liberdade natural.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

28) Leia o texto a seguir.
A razão humana, num determinado domínio dos seus conhecimentos, possui o singular destino de se ver atormentada por questões, que não pode evitar, pois lhe são impostas pela sua natureza, mas às quais também não pode dar respostas por ultrapassarem completamente as suas possibilidades.
(KANT, I. Crítica da Razão Pura (Prefácio da primeira edição, 1781). Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p. 03.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Kant, o domínio destas intermináveis disputas chama-se
a) experiência.
b) natureza.
c) entendimento.
d) metafísica.
e) sensibilidade.

29) Leia o texto a seguir.
Denomino problema da demarcação o problema de estabelecer um critério que nos habilite a distinguir entre as ciências empíricas, de uma parte, e a matemática e a lógica, bem como os sistemas "metafísicos" de outra. Esse problema foi abordado por Hume, que tentou resolvê-lo. Com Kant, tornou-se o problema central da teoria do conhecimento.
(POPPER, K. R. A Lógica da Pesquisa Científica. Tradução de Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972. p. 35.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper, assinale a alternativa correta.
a) Os enunciados metafísicos devem ser eliminados do discurso científico por serem destituídos de conteúdo cognitivo.
b) O problema da demarcação encontra solução na lógica indutiva.
c) O problema da demarcação, assim como o problema da indução, não tem uma solução racional.
d) A metafísica deve ser eliminada por não constituir um problema cientificamente relevante.
e) Os enunciados metafísicos não fazem parte do discurso científico por não serem passíveis de falseamento.

30) Leia o texto a seguir.
O saber que é poder não conhece nenhuma barreira, nem na escravização da criatura, nem na complacência em face dos senhores do mundo. Do mesmo modo que está a serviço de todos os fins da economia burguesa na fábrica e no campo de batalha, assim também está à disposição dos empresários, não importa sua origem.
(ADORNO, T. W. & HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1991. p. 20.)
Com base no texto e no conhecimento dos conceitos de esclarecimento e racionalidade instrumental em Adorno e Horkheimer sobre o referido saber, é correto afirmar:
a) Seu conteúdo é racional por si mesmo e de natureza crítico-reflexiva.
b) É principalmente técnico e carente de conteúdo racional por si mesmo.
c) Tem uma dimensão reflexiva e seus objetivos são racionais por si mesmos.
d) É caracterizado por forças sobrenaturais indomáveis que animam tudo.
e) Estabelece limites para o domínio nas relações sócio-econômicas.

31) De acordo com a ética do discurso, os argumentos apresentados a fim de validar as normas
[...] têm força de convencer os participantes de um discurso a reconhecerem uma pretensão de validade, tanto para a pretensão de verdade quanto para a pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a tese de que as normas éticas são passíveis de fundamentação num sentido análogo ao da verdade.
(BORGES, M. de L.; DALL´AGNOL, D. ; DUTRA, D. V. Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 105.)
Assim, é correto afirmar que a ética do discurso defende uma abordagem cognitivista da ética
(HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira, 1989. p. 62 e 78.)
Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto afirmar:
a) A ética do discurso procura dar continuidade à abordagem cognitivista já presente em Kant.
b) A abordagem cognitivista da ética do discurso assume a impossibilidade de validação das normas morais.
c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se apóia no conhecimento da utilidade das ações tal como pretendia Jeremy Bentham.
d) A abordagem cognitivista da ética do discurso procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a retórica.
e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto de vista cognitivista, segue as teorias emotivistas e decisionistas.

32) Na República, Platão faz a seguinte consideração sobre os poetas:
[...] devemos começar por vigiar os autores de fábulas, e selecionar as que forem boas, e proscrever as más. [...] Das que agora se contam, a maioria deve rejeitar-se. [...] As que nos contaram Hesíodo e Homero - esses dois e os restantes poetas. Efectivamente, são esses que fizeram para os homens essas fábulas falsas que contaram e continuam a contar.
(PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. p. 87-88.)
Por seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas:
[...] quando no poeta se repreende uma falta contra a verdade, há talvez que responder como Sófocles: que representava ele os homens tais como devem ser, e Eurípides, tais como são. E depois caberia ainda responder: os poetas representam a opinião comum, como nas histórias que contam acerca dos deuses: essas histórias talvez não sejam verdadeiras, nem melhores; [...] no entanto, assim as contam os homens.
(ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 468. Os Pensadores IV.)
Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre o pensamento estético de Platão e de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) Para Platão e Aristóteles, apesar da importância de poetas como Homero, na educação tradicional grega, as fábulas que compuseram são perigosas para a formação da juventude.
b) Platão critica os poetas por dizerem o falso e apresentarem deuses e heróis de maneira desonrosa, enquanto Aristóteles os elogia por falarem o verdadeiro.
c) Platão e Aristóteles concordam com o fato de o poeta falar o falso, só que para Platão suas fábulas são indignas para a juventude, enquanto que, para Aristóteles, a poesia por ser mímesis não precisa dizer a verdade.
d) O problema para Platão é que Homero e os outros poetas falam sobre o mundo sensível e não sobre a verdade; já Aristóteles acredita que eles devem ser repreendidos por isso.
e) Falar o falso para Platão é problemático porque o falso pode passar pelo verdadeiro; para Aristóteles, o poeta apresenta a verdadeira realidade.

33) Quatro tipos de causas podem ser objeto da ciência para Aristóteles: causa eficiente, final, formal e material.
Assinale a alternativa correta em que as perguntas correspondem, respectivamente, às causas citadas.
a) Por que foi gerado? Do que é feito? O que é? Quem gerou?
b) O que é? Do que é feito? Por que foi gerado? Quem gerou?
c) Do que é feito? O que é? Quem gerou? Por que foi gerado?
d) Por que foi gerado? Quem gerou? O que é? Do que é feito?
e) Quem gerou? Por que foi gerado? O que é? Do que é feito?

34) Leia o seguinte texto de Descartes:
[...] considerei em geral o que é necessário a uma proposição para ser verdadeira e certa, pois, como acabara de encontrar uma proposição que eu sabia sê-lo inteiramente, pensei que devia saber igualmente em que consiste essa certeza. E, tendo percebido que nada há no "penso, logo existo" que me assegure que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, pensei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos clara e distintamente são todas verdadeiras.
(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 57.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento cartesiano, é correto afirmar:
a) Para Descartes, a proposição "penso, logo existo" não pode ser considerada como uma proposição indubitavelmente verdadeira.
b) Embora seja verdadeira, a proposição "penso, logo existo" é uma tautologia inútil no contexto da filosofia cartesiana.
c) Tomando como base a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que o que é necessário para que uma proposição qualquer seja verdadeira é que ela enuncie algo que possa ser concebido clara e distintamente.
d) Descartes é um filósofo cético, uma vez que afirma que não é possível se ter certeza sobre a verdade de qualquer proposição.
e) Tomando como exemplo a proposição "penso, logo existo", Descartes conclui que uma proposição qualquer só pode ser considerada como verdadeira se ela tiver sido provada com base na experiência.

35) Leia o texto a seguir.
Como o costume nos determina a transferir o passado para o futuro em todas as nossas inferências, esperamos - se o passado tem sido inteiramente regular e uniforme - o mesmo evento com a máxima segurança e não toleramos qualquer suposição contrária. Mas, se temos encontrado que diferentes efeitos acompanham causas que em aparência são exatamente similares, todos estes efeitos variados devem apresentar-se ao espírito ao transferir o passado para o futuro, e devemos considerá-los quando determinamos a probabilidade do evento.
(HUME, D. Investigações acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 73.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Hume, é correto afirmar:
a) Hume procura demonstrar o cálculo matemático de probabilidades.
b) Hume procura mostrar o mecanismo psicológico pelo qual a crença se fixa na imaginação.
c) Para Hume, há uma conexão necessária entre causa e efeito.
d) Para Hume, as inferências causais são a priori.
e) Hume procura mostrar que crença e ficção produzem o mesmo efeito na imaginação humana.

36) Considerando a solução apresentada por Karl Popper ao problema da indução nos métodos de investigação científica, é correto afirmar que, para ele, o método científico
a) é indutivo e racional.
b) é dedutivo e irracional.
c) é indutivo e irracional.
d) não segue os padrões de racionalidade impostos pela lógica.
e) é dedutivo e racional.

37) Leia o texto a seguir:
Dado que dos hábitos racionais com os quais captamos a verdade, alguns são sempre verdadeiros, enquanto outros admitem o falso, como a opinião e o cálculo, enquanto o conhecimento científico e a intuição são sempre verdadeiros, e dado que nenhum outro gênero de conhecimento é mais exato que o conhecimento científico, exceto a intuição, e, por outro lado, os princípios são mais conhecidos que as demonstrações, e dado que todo conhecimento científico constitui-se de maneira argumentativa, não pode haver conhecimento científico dos princípios, e dado que não pode haver nada mais verdadeiro que o conhecimento científico, exceto a intuição, a intuição deve ter por objeto os princípios.
(ARISTÓTELES. Segundos Analíticos, B 19, 100 b 5-17. In: REALE, G. História da Filosofia Antiga. São Paulo: Loyola, 1994.)
Considere as afirmativas a seguir a partir do conteúdo do texto acima.
I. Todo conhecimento discursivo depende de um conhecimento imediato.
II. A intuição é um hábito racional que é sempre verdadeiro.
III. Os princípios da ciência devem ser demonstrados cientificamente.
IV. O conhecimento científico e a opinião não admitem o falso.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

38) Sobre a "indústria cultural", segundo Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores.
b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas.
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção da arte.
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores.
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores.

39) Leia o seguinte texto de Descartes:
Essas longas cadeias de razões, todas simples e fáceis, de que os geômetras costumam se utilizar para chegar às demonstrações mais difíceis, haviam-me dado oportunidade de imaginar que todas as coisas passíveis de cair sob domínio do conhecimento dos homens seguem-se umas às outras da mesma maneira e que, contanto que nos abstenhamos somente de aceitar por verdadeira alguma que não o seja, e que observemos sempre a ordem necessária para deduzi-las umas das outras, não pode haver, quaisquer que sejam, tão distantes às quais não se chegue por fim, nem tão ocultas que não se descubram.
(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 45.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar que:
a) Para Descartes, o conhecimento é obtido partindo-se da experiência, isto é, da observação da natureza, e depois generalizando os resultados de tais observações.
b) Segundo Descartes, qualquer coisa que a razão humana é capaz de conhecer pode ser alcançada, partindo-se de verdades evidentes, e aplicando a dedução lógica a essas verdades.
c) Para Descartes, é possível apenas obter um conhecimento aproximado, probabilístico, acerca de qualquer objeto, não sendo de modo algum alcançável o conhecimento da verdade, independente do assunto em questão.
d) Descartes pensa que, independentemente das premissas das quais se parte ao se procurar obter conhecimento sobre um determinado assunto, a verdade sobre tal assunto será alcançada desde que os princípios da lógica dedutiva sejam aplicados corretamente.
e) Para Descartes, não há verdades evidentes, de modo que para se obter conhecimento sobre qualquer assunto, é necessário realizar longas séries de demonstrações difíceis, como aquelas que são habitualmente desenvolvidas pelos geômetras.

40) Leia o texto a seguir:
[...] não é ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa [...]
(ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 249.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a poesia e a história em Aristóteles, é correto afirmar:
a) A poesia refere-se mais ao particular e é menos filosófica que a história.
b) A história refere-se mais ao universal e é mais filosófica que a poesia.
c) O poeta narra o acontecido e o historiador representa o possível.
d) O ofício do historiador trata do mito e é mais sério que o do poeta.
e) A poesia refere-se, principalmente, ao universal; a história, ao particular.


GABARITO:
ARTES e FILOSOFIA
21 b
22 c
23 a
24 d
25 c
26 e
27 a
28 d
29 e
30 b
31 a
32 c
33 e
34 c
35 b
36 e
37 a
38 d
39 b
40 e