Pesquisa personalizada

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Educação - Pará - FADESP - 2008


Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Educação - Pará - FADESP - 2008  
21. Cassirer afirma que o círculo funcional do homem sofreu uma mudança qualitativa graças à aquisição de um sistema simbólico que lhe proporciona novos meios de adaptação. A questão é saber como Cassirer pôde diferenciar o homem dos animais, se ele mesmo reconhece também a existência de um comportamento simbólico em todo o reino animal. A razão deve-se, segundo ele, a uma distinção entre sinais e símbolos, na medida em que
(A) há uma diferença entre a linguagem proposicional dos homens e uma linguagem carente de significação própria dos animais.
(B) os sinais são "designadores" e os símbolos são "operadores".
(C) os sinais têm um valor funcional e os símbolos têm uma constituição meramente física.
(D) os sinais têm um caráter generalizador e os símbolos, um caráter particularizador.


22. A filosofia não pode analisar todas as formas individuais de cultura, uma vez que tem como propósito uma visão sintética universal. Ainda que reconheça a diversidade da produção cultural, Cassirer concebe essa possibilidade. Segundo o autor, para alcançar tal propósito é necessário:
(A) investigar os elementos conteudísticos que caracterizam cada cultura em particular.
(B) proceder a uma redução das culturas mais primitivas ao modelo de cultura mais desenvolvido.
(C) adotar uma unidade de ação e um processo criador, visando um fim comum, e não efeitos e produtos.
(D) distinguir mito de religião, de filosofia e de ciência, e operar uma síntese geral das respectivas áreas
de cultura, em particular.


23. Considerando que o problema cosmológico foi a primeira preocupação dos filósofos gregos, Mondolfo concebe, como Werner Jaeger, que, a rigor, trata-se antes de uma projeção dos problemas de ordem antropológica para o universo físico, baseando-se no argumento de que tal fato se deve ao à:
(A) projeção antropomórfica de figuras para a ordem natural.
(B) reconhecimento do predomínio do caos reinante tanto na sociedade humana quanto no universo.
(C) hipótese de que os astros movimentam-se livremente, como os homens em suas ações individuais.
(D) transferência de todo o conjunto de conceitos tomados de empréstimo da ordem jurídica para o acontecer natural.


24. Sendo o conhecimento uma determinação do sujeito pelo objeto, de acordo com Hessen, é lícito afirmar que o sujeito
(A) deixa-se conduzir de modo receptivo e passivo diante do objeto.
(B) conduz-se de modo receptivo, mas ativo em relação ao objeto.
(C) procede tanto ativa como passivamente frente ao objeto.
(D) é impregnado pelo objeto no ato cognitivo.


25. Ao afirmar que a verdade é a correspondência entre a idéia e o ideado, os filósofos modernos querem dizer que a idéia é
(A) uma cópia da própria coisa conhecida.
(B) uma representação duplicada de si mesma.
(C) produto exclusivo de um ato intelectual, como é o ideado.
(D) reprodução da estrutura e das relações internas do objeto.


26. Por meio da descrição fenomenológica do conhecimento, pretende-se, de acordo com Hessen,
(A) investigar o processo cognitivo enquanto fenômeno psíquico.
(B) apreender a essência geral do fenômeno concreto do conhecimento.
(C) observar as relações entre os processos cognitivos e os psíquicos.
(D) abordar o fenômeno do conhecimento do ponto de vista histórico-fenomenológico.


27. O conjunto das obras aristotélicas sobre lógica recebeu o nome de Órganon. Tal designação deve-se ao fato de a lógica ser entendida como
(A) instrumento do pensamento que se presta para dirigi-lo corretamente.
(B) argumentação destinada a produzir a persuasão do discurso retórico.
(C) exercício direto e imediato do pensamento tendo em vista o conhecimento verdadeiro.
(D) atividade intelectual exercida com a finalidade de superar as contradições do discurso retórico.


28. O princípio do terceiro excluído, um dos princípios da lógica clássica, diz:
(A) uma proposição é sempre igual a si mesma e não a uma terceira.
(B) uma terceira proposição não pode ser inferida de duas primeiras.
(C) uma proposição é idêntica a si, excluída a possibilidade de inferência de uma terceira.
(D) dadas duas proposições constituídas pelos mesmos sujeitos e predicados, sendo uma afirmativa e a outra negativa, ambas não podem ser verdadeiras.


29. O sentido preciso da categoria da totalidade da lógica dialética é a
(A) dominação determinante em todos os domínios do todo sobre as partes.
(B) totalização generalizadora de casos particulares de uma determinada estrutura social.
(C) divisão do todo em partes, seguida da análise de cada uma para a reconstituição do todo.
(D) aplicação de uma regra geral a um caso particular, cujas circunstâncias acidentais tornam a regra aplicável.


30. A concepção lógico-metodológica de Popper sobre a teoria científica adota a falseabilidade como critério de avaliação de cientificidade das teorias. Para o autor, uma teoria será considerada científica quando
(A) for passível de falseamento e resistir a esse procedimento.
(B) for falseada apenas por alguns fatos e permanecer válida para os demais casos.
(C) não for suscetível de ser falseada, por ser considerada consistente pelos cientistas.
(D) apenas uma parte for submetida à prova de falseamento, e as demais forem consideradas satisfatórias pela comunidade científica.


31. A Física moderna diferencia-se da Física aristotélica por considerar a natureza um uma:
(A) complexo de corpos formados por proporções diferentes de movimento e de repouso, submetidos à relação de causalidade sem finalidade e passíveis de quantificação.
(B) conjunto de corpos dotados de qualidades observadas pela experiência, cujas leis obedecem às diferenças dos corpos segundo sua substância.
(C) conjunto hierarquizado de seres cujos lugares naturais são determinados pelo modelo científico.
(D) unidade complexa de corpos, suscetíveis de serem observados no espaço heterogêneo em sua identidade imutável por meio de um procedimento algébrico.


32. O termo "revolução" está ligado, etimologicamente, à Astronomia, significando originariamente um movimento circular completo de um astro ao voltar a seu ponto de partida. Thomas Kuhn considera que a ciência progride por meio de revolução, devendo-se entender "revolução" como a
(A) incapacidade de explicar os fatos novos a desafiar os cientistas.
(B) criação de uma nova teoria circular totalizadora capaz de englobar e unificar as ciências.
(C) reforma do paradigma vigente para explicar novos fatos ainda desconhecidos cientificamente.
(D) substituição do paradigma vigente por outro capaz de explicar fatos novos não explicados pelo modelo anterior.


33. Marx afirma que as idéias são determinadas, histórico e socialmente, pelas condições concretas da vida material, embora não representem com fidelidade a realidade social, porque ideologicamente
(A) surgem sob forma de mito para explicar a origem da sociedade e do poder político como algo exterior e anterior às atividades humanas.
(B) permitem a percepção do vínculo interno entre o poder econômico e o poder político de uma sociedade historicamente determinada.
(C) são forjadas como universais abstratos que ocultam a origem da sociedade e dissimulam as lutas de classes.
(D) exibem a divisão e a exploração social do trabalho, de modo a possibilitar a tomada de consciência das classes dominadas.


34. À diferença dos pensadores antigos e medievais no que respeita às teorias políticas, Maquiavel funda o pensamento político da modernidade, ao oferecer respostas novas, laicas e objetivas para as novas situações históricas de seu tempo. A ruptura da teoria do referido autor com a tradição deve ser compreendida pela seguinte razão:
(A) conceber a finalidade da política como a tomada e a manutenção do poder.
(B) aceitar o poderio de opressão de comando dos mais poderosos em relação aos súditos e ao príncipe.
(C) conceber um fundamento anterior e exterior à política, quer como Deus, quer como Natureza ou Razão.
(D) conceber a boa comunidade política constituída para o bem comum como uma comunidade homogênea, regida pela ordem racional.


35. A palavra cidadania deriva de cidade entendida como civitas, tradução latina da polis grega, isto é, como ente público e coletivo. No Estado liberal, espaço como república representativa, o exercício da cidadania consiste no, na:
(A) participação direta nos assuntos de interesse público.
(B) exercício das atividades cívicas com a consciência de poder realizar interesses individuais.
(C) participação direta, enquanto eleito, e indireta, enquanto eleitor, nos assuntos de interesse público.
(D) realização de atividades, com consciência de que somente o exercício do poder pode garantir os direitos e deveres de todos os cidadãos.


36. O valor ético da ação fundamenta-se, segundo Kant, na liberdade da vontade. Esse valor pode aspirar à validade de caráter universal, o que se deve ao fato de a ação
(A) ser praticada de acordo com a forma da lei prescrita pelo direito.
(B) ter por base o temor da punição considerada por todos como justificável.
(C) ser motivada pela espera de uma recompensa reconhecida por todos como legítima.
(D) denotar vontade pura, quando praticada exclusivamente por respeito à forma do dever.


37. Ao conceber a Ética como a teoria científica dos preceitos morais, Vázquez considera legítima sua aspiração à racionalidade e à objetividade, a despeito de a moral ser produto da experiência de caráter histórico-social, uma vez que a Ética
(A) estabelece previamente os preceitos morais, de acordo com o rigor científico.
(B) consiste na reprodução objetiva dos preceitos morais estabelecidos historicamente.
(C) se apresenta como um conjunto de normas e prescrições reconhecidas universalmente.
(D) procura determinar a essência da moral, sua origem, suas condições e os critérios de justificação desses juízos.


38. Descartes, nas Meditações, afirma que a vontade pode conduzir-nos ao erro e ao mal. A explicação dada pelo autor para tais desvios da Vontade reside no fato de
(A) o entendimento ser imperfeito devido a sua finitude.
(B) a liberdade da vontade ser limitada em seu exercício.
(C) a vontade e o entendimento não poderem atuar conjuntamente.
(D) a vontade ultrapassar o poder do entendimento de julgar o que não conhece com clareza e distinção.


39. Kant, na Crítica do Juízo, ao tratar do primeiro momento do juízo de gosto, segundo a qualidade, considera o belo como o objeto de sentimento de prazer ou de desprazer. Para o autor, do ponto de vista da qualidade, o juízo de gosto é
(A) emitido a propósito de um objeto atrativo.
(B) motivado pela emoção diante de uma obra de arte autêntica.
(C) um julgamento a respeito da satisfação proporcionada pelo sublime.
(D) a faculdade de julgar um objeto ou um modo de representação de uma forma desinteressada.


40. Hegel concebe a arte como a relação entre a idéia e a forma sensível, e reconhece as três fases da arte: simbólica quando essa relação ainda não atingiu o equilíbrio definitivo do ideal artístico), clássica quando conquista a unidade concreta e viva desses dois elementos) e romântica quando a relação dialética desses dois elementos atinge o limite em que o infinito da idéia realiza-se, mas dissolve-se a cada instante). O autor deduz as modalidades de arte, de acordo com os três períodos acima mencionados, da seguinte forma:
(A) arquitetura, no período simbólico; escultura, no clássico; pintura, música e poesia, no romântico.
(B) escultura, no período simbólico; pintura, música e poesia, no clássico; arquitetura, no romântico.
(C) música, pintura e poesia, no período simbólico; arquitetura, no clássico; escultura, no romântico.
(D) escultura, poesia e música, no período simbólico; pintura, no clássico; arquitetura, no romântico.


41. Embora o homem participe tanto do reino da natureza quanto do reino da cultura, esses reinos são caracterizados diferentemente pelos pensadores do século X III porque a
(A) cultura é o domínio do determinismo e a natureza, da escolha.
(B) natureza é o reino da necessidade causal e a cultura, o domínio da finalidade livre.
(C) natureza é o reino dos valores e a cultura, o da regularidade dos fenômenos sociais.
(D) cultura é o reino da ordem e da conexão universal e a natureza, do domínio da historicidade.


42. Platão insiste mais explicitamente na República e no Teeteto, na diferença entre conhecimento e opinião, porque esta baseia-se nas aparências e aquele apreende o que é. Tal distinção deve-se ao fato de
(A) as opiniões participarem do não-ser.
(B) o conceito ser uma abstração especulativa de caráter imanente.
(C) o conceito ser produto da generalização indutiva de casos particulares.
(D) o conceito constituir-se como a unidade da multiplicidade, existente e apreendido em si mesmo.


43. A crítica de Aristóteles da dicotomia entre o mundo sensível e o inteligível, estabelecida por Platão, torna problemática a concepção aristotélica do conhecimento das essências no âmbito do próprio mundo sensível. Aristóteles soluciona a referida questão por meio de um, uma:
(A) procedimento intelectual transcendente ao mundo sensível.
(B) intuição intelectual imediata da essência imanente às coisas sensíveis.
(C) processo de construção sintética das espécies pertencentes ao gênero e ao ser, em potência e em ato.
(D) processo de justaposição de elementos, apto para obter o conhecimento da essência das coisas sensíveis.


44. Guilherme de Ockham, considerado o iniciador do nominalismo, concebia os universais como:
(A) conceitos existentes em si e por si mesmos conhecidos.
(B) palavras instituídas por convenção, dotadas de significação das coisas.
(C) posições para a explicação do que é singular, com o propósito de duplicar os entes.
(D) conceitos situados nas próprias coisas, de modo a propiciar a apreensão das essências por um processo de abstração.


45. A unidade objetiva da verdade encontra-se, segundo Santo Tomás de Aquino, na harmonia entre fé e razão, não podendo, assim, contradizer-se, embora ambas as fontes do conhecimento sejam completamente diferentes. A explicação para a referida harmonia, de acordo com o filósofo, reside no fato de
(A) tanto a razão quanto a revelação procederem de um só e mesmo Deus.
(B) os intelectuais explicarem a verdade pela razão e os ignorantes, pela fé.
(C) a Teologia e a Filosofia serem saberes racionais que procedem do dogma cristão.
(D) somente o conhecimento racional proporcionado pela Filosofia poder alcançar igualmente a verdade pela fé.


46. Após ter colocado em dúvida o mundo sensível e a matemática, e provado, posteriormente, a existência de um Deus veraz, Descartes pôde recuperar a existência do mundo exterior. Esse mundo foi concebido pelo autor como um o) mundo
(A) inteligível, constituído por essências qualitativas imutáveis.
(B) sensível, tal como se nos apresenta dotado de todas as qualidades.
(C) exterior criado por Deus, dotado de qualidades apreendidas algebricamente.
(D) de pura substancialidade geométrica, quantificável e submetido às leis matemáticas.


47. Hume afirma, no Ensaio sobre o entendimento humano, que a idéia de causalidade é ilegítima, porque não corresponde a sensação alguma. Para o filósofo, a referida idéia deve-se a, à:
(A) uma ficção caprichosa do espírito metafísico.
(B) existência de um determinismo oculto a reger a verdadeira realidade.
(C) crença no mundo criado por Deus, cujas causas reais são por nós ignoradas.
(D) uma regularidade dos fenômenos, produto da associação de idéias por semelhança e por contigüidade.


48. Embora os juízos analíticos sejam caracterizados como universais, necessários e a priori, e os sintéticos, como particulares, contingentes e a posteriori, Kant reconhece a possibilidade de juízos sintéticos a priori devido ao fato de
(A) o espaço e o tempo serem formas a priori da intuição.
(B) as categorias serem produtos da intuição a priori da razão.
(C) as categorias serem deduzidas da classificação das espécies de juízo.
(D) o espaço e o tempo serem inferidos das categorias a priori do entendimento.


49. Por reconhecer que o Dasein não é nem espírito, nem substância, Heidegger explica a estrutura e a constituição do homem como um ser-aí, um ser-no-mundo, por se tratar de, da:
(A) uma posição irredutível da existência.
(B) precedência da essência em relação à existência.
(C) um relacionamento por contigüidade com os demais entes.
(D) um ente determinado por fatores biológicos, psíquicos e físicos.


50. Na introdução às Investigações lógicas, Husserl afirma que a Lógica é mais do que uma ciência, por tratar-se de uma teoria geral que fundamenta todo conhecimento objetivo. A explicação do filósofo para a presente contradição entre a palavra de ordem do método fenomenológico "retorno às próprias coisas" e seu fundamento lógico consiste no, na:
(A) acompanhamento do pensamento até transmudar-se em conhecimento, combinando vivência
dotada de significação e intuição, com a finalidade de apreender as essências visadas.
(B) aplicação às coisas do esquema lógico previamente estabelecido, de modo a enquadrá-las nas categorias lógicas.
(C) investigação das coisas por meio das funções psíquicas que regem todo o fluxo complexo da consciência.
(D) projeção das vivências sobre as categorias lógicas do entendimento, de modo a excluir todo acidental do que é essencial.

Gabarito:
21. A - 22. C - 23. D - 24. B - 25. D - 26. B - 27. A - 28. D - 29. A - 30. A - 31. A - 32. D - 33. C - 34. A - 35. C - 36. D - 37. D - 38. D - 39. D - 40. A - 41. B - 42. D - 43. B - 44. B - 45. A - 46. D - 47. D - 48. A - 49. A - 50. A

Nenhum comentário: