Pesquisa personalizada

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado da Educação e Cultura - Paraíba - CespeUnb - 2009


Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado da Educação e Cultura - Paraíba - CespeUnb - 2009  
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - FILOSOFIA

21 - Um texto que não caminha em uma única direção coincide na verdade com a natureza da própria investigação. Esta, com efeito, obriga-nos a explorar um vasto domínio do pensamento em todas as direções. As anotações filosóficas deste livro são, por assim dizer, uma porção de esboços de paisagens que nasceram nas minhas longas e confusas viagens.
L. Wittgenstein. Investigações filosóficas. Prefácio. São Paulo: Abril, 1978, p. 6.(com adaptações).

A partir de conhecimentos relativos à filosofia e do texto acima, assinale a opção correta.
A - Wittgenstein, em suas Investigações Filosóficas, elaborou uma nova imagem da linguagem, em continuidade à imagem agostiniana da mesma.
B - Contra a tentação da elaboração de uma nova teoria da linguagem, Wittgenstein opôs à teoria da linguagem agostiniana alguns esboços filosóficos sobre o tema.
C - A filosofia, como a pintura impressionista, limita-se a poucas anotações de viagem.
D - A filosofia da linguagem de Wittgenstein é ainda fortemente atrelada à filosofia da linguagem de matriz platônica.
E - Wittgenstein é o filósofo da linguagem menos preciso de toda a história da filosofia.

22 - A democracia e a aristocracia, por sua natureza, não são Estados livres. Encontra-se a liberdade política unicamente nos governos moderados. Porém, ela nem sempre existe nos Estados moderados: só existe nesses últimos quando não se abusa do poder; mas a experiência eterna mostra que todo homem que tem poder é tentado a abusar dele; vai até onde encontra limites. Quem o diria! A própria virtude tem necessidade de limites. Para que não se possa abusar do poder é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder. Uma constituição pode ser de tal modo, que ninguém será constrangido a fazer coisas que a lei não obriga e a não fazer as que a lei permite.
Montesquieu. Do espírito das leis. São Paulo: Abril, 1973, livro II, cap. IV e VI, p. 156.

A partir das ideias expressas no texto acima, assinale a opção correta.
A - A democracia é, por sua natureza, um Estado livre.
B - A aristocracia, por sua natureza, não é um Estado livre.
C - Somente nos governos moderados é possível abusar da lei.
D - O melhor governo é o que garante a liberdade política do indivíduo: isto é, a de fazer coisas que a lei não obriga e a de não fazer as que a lei permite.
E - O governo deve educar o indivíduo a fazer coisas que a lei não obriga e a fazer as que a lei permite.

23 - O recurso do tratamento contextualizado dos conhecimentos, por parte da escola, pode auxiliar o aluno a desenvolver competências de mediação entre ele mesmo e os diferentes conhecimentos, isto é, o tornar-se intérprete. Essa competência de interpretação/tradução, para ser completa, deve poder ser pensada em duas direções, a saber: tanto no sentido ascendente quanto descendente, isto é, tanto na direção do intérprete em seu próprio contexto, até o contexto específico de um conhecimento, quanto na direção oposta, ou seja, quando se trata de "aplicar" um conhecimento a uma situação determinada no contexto do próprio intérprete. Nesse sentido, a metodologia utilizada pode ir tanto do vivencial para o abstrato quanto deste para a situação de aprendizagem.
Parâmetros curriculares nacionais do ensino médio, p. 343.

Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta com relação ao processo de ensino- prendizagem.
A - Na escola, tratar os conhecimentos de forma contextualizada significa abrir a janela e interpretar o mundo unidirecionalmente.
B - "Aplicar" um conhecimento a uma situação determinada no contexto do interprete é traduzir todo o trabalho de tradução do conhecimento que é requerido.
C - Tratar os conhecimentos de forma contextualizada significa ir tanto do vivencial para o abstrato quanto deste para a situação de aprendizagem.
D - O aluno que não souber interpretar o mundo deverá ser reprovado por não ter alcançado a competência abstrata necessária para isso.
E - A metodologia de ensino mais adequada é a que permite a passagem exclusivamente do vivencial para o abstrato.

24 - As diversas manifestações culturais são expressões diferentes de uma sociedade pluralista, e não tem sentido tecer considerações a respeito da superioridade de uma sobre outra, o que leva à depreciação, quando a avaliação é feita segundo parâmetros válidos para outro tipo de cultura. Portanto, cuidar da educação popular não é vulgarizar, "popularizar" a cultura erudita, tornando-a superficial e aguada, nem tampouco significa dirigir de forma paternalista a produção cultural popular. Com isso seria evitada a contrafação, isto é, o produto resultante de imitação, típico de uma cultura envergonhada de si mesma. Diante da ação compacta dos meios de comunicação de massa, o educador deve estar apto a utilizar os benefícios deles decorrentes e cuidar da instrumentalização adequada para que sejam evitados os seus efeitos massificantes.
Maria Lúcia de Arruda Aranha. Filosofia da educação. 2.ª ed. São Paulo: Moderna, 1996, p. 43-4.

A partir das ideias expressas no texto acima acerca do binômio cultura de elite versus cultura popular, assinale a opção correta.

A - Sem cultura erudita, as novas gerações não poderão alcançar os níveis civilizatórios europeus.
B - O educador deve saber aproveitar o que de bom trazem para a cultura popular os meios de comunicação de massa.
C - As novelas televisivas constituem o melhor exemplo de cultura popular brasileira.
D - Há razões históricas e filosóficas para se considerar a cultura nordestina melhor que a cultura gaucha.
E - A educação popular é necessariamente paternalista e massificante.

25 - Assinale a opção que apresenta uma frase célebre tradicionalmente associada à figura de Sócrates.
A - Conhece-te a ti mesmo.
B - Faça aos outros o que você deseja que te seja feito.
C - Não matarás.
D - O homem é a medida de todas as coisas.
E - O filósofo é o homem que desperta e fala.

26 - Do ponto de vista estético, a cidadania se instala à proporção que se adquire a capacidade de acesso à própria "natureza interna", suas necessidades e seus pontos cegos. Tratase, portanto, de um modo de ser que se traduz na fluência da expressão subjetiva e na livre aceitação da diferença. Por um lado, a capacidade de conhecer-se a si mesmo pode ser traduzida na possibilidade de refletir criticamente no sentido apontado e levar à elaboração consciente de comportamentos sintomáticos e(ou) afetos reprimidos e, por outro lado, a capacidade de abertura para a diversidade, a novidade e a invenção - que deve materializar-se expressivamente, num fazer criativo e lúdico - é que tornam possível conceber um dos aspectos fundamentais em que a cidadania se exercita, a saber, a sensibilidade.
Parâmetros curriculares nacionais do ensino médio, p. 332.

A partir das ideias expressas no texto acima, assinale a opção correta com relação ao processo de ensino - aprendizagem.

A - A educação da sensibilidade é um dos aspectos essenciais para a educação à cidadania.
B - A "natureza interna" do indivíduo é seu ponto estético mais alto, ao qual se tem acesso exclusivamente após uma revelação divina.
C - Estimular a invenção e a criatividade não pode ser um dos objetivos da educação à cidadania.
D - Conhecer a si mesmo significa compreender qual é o seu lugar no mundo e viver em consequência desse conhecimento.
E - Educação à cidadania é sobretudo fazer respeitar as regras políticas expressas pela democracia.

27 - Assinale a opção correta com relação ao pensamento político de Maquiavel.

A - Para Maquiavel, a ação política deve basear-se na consideração daquilo que os homens são realmente e não do que deveriam ser.
B - Em sua redução aos princípios, Maquiavel considera essencial para a Itália o reconhecimento da função do Papado.
C - Maquiavel é um idealista político.
D - A abolição da propriedade privada, como para Campanella, era uma das propostas de Maquiavel.
E - Maquiavel é o autor, em política, da famosa frase: "Esqueçam aquilo que escrevi".

28 - Essa ideia educacional da severidade, em que irrefletidamente muitos podem até acreditar, é totalmente equivocada. A ideia de que a virilidade consiste em um grau máximo da capacidade de suportar dor de há muito se converteu em fachada de um masoquismo que - como mostrou a psicologia - se identifica com muita facilidade ao sadismo. O elogiado objetivo de "ser duro" de uma tal educação significa indiferença contra a dor em geral. No que, inclusive, nem se diferencia tanto a dor do outro e a dor de si próprio. Quem é severo consigo mesmo adquire o direito de ser severo também com os outros, vingando-se da dor cujas manifestações precisou ocultar e reprimir. Tanto é necessário tornar consciente esse mecanismo quanto se impõe a promoção de uma educação que não premia a dor e a capacidade de suportá-la, como acontecia antigamente. Dito de outro modo: a educação precisa levar a sério o que já de há muito é do conhecimento da filosofia: que o medo não deve ser reprimido.
Theodor W. Adorno. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 119-29.

Tendo as ideias expressas no texto acima como referência inicial, assinale a opção correta acerca da filosofia da educação.

A - A educação deve educar para o medo do castigo.
B - Severidade e virilidade são facilmente confundidas no âmbito educativo com valores de coragem.
C - A educação deve reprimir o medo.
D - Quem é severo consigo mesmo será acolhedor do outro.
E - A educação hoje deve premiar a capacidade de suportar a dor.

29 - A vida não é como os remédios, que vêm todos com suas bulas, explicando as contra-indicações e detalhando a dose em que cada um deve ser consumido. A vida nos é dada sem receita e sem bula. A ética não pode suprir totalmente essa deficiência, pois é apenas a crônica dos esforços feitos pelos seres humanos para remediá-la. Um escritor francês, morto há não muito tempo, Georges Perec, escreveu um livro com o seguinte título: A Vida: Instruções de Uso.Trata-se de uma brincadeira literária deliciosa e inteligente, não de um sistema de ética. Por isso renunciei a lhe dar uma série de instruções sobre questões concretas: aborto, preservativos, objeção de consciência, patati, patatá. Muito menos tive a ousadia (tão repugnantemente típica de quem se considera "moralizador"!) de fazer uma pregação em tom lastimoso ou indignado sobre os "males de nosso século: ah, o consumismo!, ih, a falta de solidariedade!, oh, a avidez pelo dinheiro!, uh, a violência!, ah, ih, oh, uh, a crise de valores!" Tenho minhas opiniões sobre esses temas e sobre outros, mas não sou "a ética": sou apenas seu pai. Através de mim, a única coisa que a ética pode lhe dizer é que você busque e pense por si mesmo, em liberdade, sem ardis: responsavelmente.
Fernando Savater. Ética para meu filho. São Paulo, Martins Fontes, 1993, p. 31, 174-6.

A partir das ideias expressas no texto acima, assinale a opção correta a respeito de ética.

A - A ética é a receita da vida, suas instruções de uso.
B - Ensinar ética é como pregar contra os males do mundo no deserto cultural em que a civilização se encontra.
C - O professor de ética é como um pai que aconselha o filho a pensar por sim mesmo, mas responsavelmente.
D - Ética e moralização são a mesma coisa.
E - A ética é a possibilidade de achar o caminho certo para remediar a deficiência de instruções para viver bem.

30 - O maior responsável pela crise do programa formalista nas ciências matemáticas foi
A - Hilbert.
B - Frege.
C - Goedel.
D - Husserl.
E - Wittgenstein.

31 - Assinale a opção em que o termo apresentado não faz parte do léxico heideggeriano.
A - ser-para-a-morte
B - angustia
C - destino
D - ser-no-mundo
E - mudança transcendental

32 - Para a ciência a idade da inocência acabou. Essa inocência de que J. Robert Oppenheimer falou na sua famosa, embora um tanto enigmática, observação de que "os cientistas tomaram contato com o pecado" começou a desintegrar-se algumas décadas antes de a cegueira fascinada em Alamogordo pôr plenamente a claro o fato de que o conhecimento produzido pelos cientistas continha dentro de si as sementes de um poder atemorizador. A realização do ideal baconiano de ciência assentava na noção de que o conhecimento é poder - poder sobre a natureza a ser usado para a melhoria da condição humana. Ironicamente, o modelo baconiano atingiu a sua plena expressão pela primeira vez no Projeto Manhattan, nesse impressionante conjunto de cientistas e engenheiros cujos esforços culminaram na destruição de duas cidades. O otimismo arrogante dos fundadores da ciência moderna ameaça transformar os seus sonhos em pesadelos.
J. Haberer. Politização na ciência. In: Jorge Dias de Deus (Org.). A crítica da ciência, sociologia e ideologia da ciência, 2.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1979, p. 107-12 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta com relação ao binômio ciência versus ética.

A - A ciência é neutral e desinteressada em seus projetos de pesquisa.
B - Os cientistas modernos querem controlar a natureza.
C - Bacon seguia uma filosofia do conhecimento da natureza como contemplação da obra de Deus.
D - Os cientistas modernos querem contemplar a natureza.
E - O Projeto Manhattan contribuiu para o fim da I Guerra Mundial.

33 - A filosofia analítica diferencia-se do empirismo lógico, porque
A - concentra sua atenção na linguagem comum e não na linguagem científica.
B - concentra sua atenção na linguagem científica e não na linguagem comum.
C - reconhece declaradamente uma esfera do "indizível".
D - recusa a possibilidade de uma linguagem comum a todas as ciências.
E - afirma a possibilidade de uma linguagem comum a todas as ciências.

34 - A ciência da competência tornou-se bem-vinda, pois o saber é perigoso apenas quando é instituinte, negador e histórico. O conhecimento, isto é, a competência instituída e institucional, não é um risco, pois é arma para um fantástico projeto de dominação e de intimidação social e política. Como podemos notar, não basta uma crítica humanista ou humanitária ao delírio tecnocrata, pois este é apenas um efeito de superfície de um processo obscuro no qual conhecer e poder encontrarão sua forma particular de articulação na sociedade contemporânea. Talvez, por isso mesmo, hoje, a fúria inquisitorial se abata, em certos países, contra esse saber enigmático que, na falta de melhor, chamaríamos de ciências do homem e que, quando não são meras institucionalizações de conhecimentos, instauram o pensamento e se exprimem em discursos que, não por acaso, são considerados incompetentes. Cumpre lembrar, ainda, que, em matéria de incompetência, nos tempos que correm, a filosofia tem obtido sistemática e prazerosamente o primeiro lugar em todas as paradas de sucesso competentes.
Marilena Chaui. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Moderna, 1980, p. 7, 11-13.

Com referência às ideias expressas no texto acima e ao conhecimento científico-tecnológico, assinale a opção correta.

A - O discurso da competência científica esconde a forma particular de articulação do poder e do conhecimento na sociedade contemporânea.
B - As ciências humanas são menos científicas do que as ciências naturais ou exatas.
C - A filosofia não é muito competente em matéria científica.
D - Todo conhecimento é bem-vindo, pois contribui para a libertação do indivíduo e da sociedade.
E - Nos últimos anos, a crítica humanista ao delírio tecnocientífico tem sido muito eficaz.

35 - Uma primeira mediação e síntese entre a cultura hebraico-cristã e a filosofia grega foi tentada por
A - Filo de Alexandria.
B - Plotino.
C - Santo Agostinho.
D - Porfírio.
E - Amônio Sacca.

36 - À condenação de 1633, Galileu Galilei reagiu com a
A - perda da fé.
B - abjuração e a renúncia à pesquisa científica.
C - abjuração, mas continuou a pesquisa científica e os contatos com os outros cientistas de sua época.
D - continuação da pesquisa em segredo.
E - sua recolhida a um monastério e a renúncia à pesquisa, após uma crise espiritual.

37 - Na filosofia de Husserl, o termo "intencionalidade" indica
A - o componente de vontade que acompanha todo ato da percepção.
B - o próprio ato da percepção.
C - a tensão em direção do mundo concreto que anima todo desejo de conhecer.
D - o componente de realidade que acompanha o ato da percepção.
E - a relação entre ato perceptivo e dado percebido.

38 - A substância é, para Espinoza,
A - causa transitiva.
B - transcendente com relação ao mundo.
C - infinita.
D - dotada de pensamento e extensão.
E - divisível ao infinito.

39 - A concepção kantiana da história e da sociedade é caracterizada como
A - radical e revolucionária.
B - uma visão otimista do progresso, próxima à iluminista.
C - uma ruptura das concepções tradicionais pelas quais a história é consequência de um pecado original.
D - a admissão de utilidade de revoluções radicais, ainda que não-violentas.
E - uma visão pessimista.

40 -Rousseau critica o liberalismo porque
A - não existem direitos naturais.
B - o indivíduo, em razão do pacto social, renuncia para sempre aos próprios direitos naturais.
C - os direitos naturais são inalienáveis.
D - a soberania não pode ser delegada e o poder não pode ser dividido.
E - os direitos naturais são uma criação social.

41 - O silogismo aristotélico é
A - formado por duas proposições.
B - apresentado sob a forma de hipóteses.
C - constituído por três raciocínios distintos.
D - é verdadeiro, independentemente da verdade de sua premissa, desde que seja correto.
E - Formado por três proposições.

42 - O neoclassicismo é
A - uma teoria filosófica que busca redescobrir os clássicos da filosofia, especialmente Sócrates.
B - um movimento arquitetônico do século XVII.
C - uma tendência estética e artística, iniciada por Winckelmann, que exalta os cânones da arte grega.
D - uma tendência artística, iniciada por Kant, que imita a arte clássica.
E - uma teoria historiográfica romântica e positivista.

43 - A concepção política de Hume corresponde
A - ao jusnaturalismo.
B - à democracia direta.
C - ao convencionalismo.
D - ao contratualismo.
E - à monarquia absoluta.

44 - Assinale a opção que apresenta a reflexão da qual deriva o convite de Epicuro a não se temer a morte.
A - Quando a morte chega, já não se está mais presente e, portanto, não se pode mais sofrer.
B - Suportar a chegada da morte é um ato de máxima coragem e fortaleza.
C - A morte é a libertação das amarras do corpo e dos sofrimentos da vida.
D - Aceitar a morte com desapego à vida é sinal do sábio, que vive com desapego às paixões.
E - A morte é somente uma passagem para outra condição, imortal.

45 - Descartes acredita demonstrar a existência de deus partindo da
A - existência dos seres humanos como seres imperfeitos, e todavia dotados da ideia da perfeição.
B - existência do mundo, enquanto pressupõe uma causa por sua vez não causada.
C - necessidade de uma explicação para o mal no mundo.
D - necessidade de um fundamento da consciência moral presente em todos os seres humanos.
E - existência do mundo, enquanto remete para uma inteligência que explique seu finalismo iminente.

46 - Na Crítica do Juízo de Kant,
A - o juízo estético é determinante e tem valor cognitivo.
B - o juízo estético faz referência às qualidades objetivas das coisas.
C - o juízo estético não é arbitrário, pois ambiciona a universalidade.
D - o belo é o que é considerado, por uma certa sociedade e cultura, como tal.
E - o belo, como o justo e o bom, é objeto de um prazer desinteressado.

48 - As obras de autoria de Nietzsche não incluem
A - Assim Falou Zaratustra.
B - Além do Bem e do Mal.
C - Genealogia da Moral.
D - A Gaia Ciência.
E - Antropologia da Moral.

49 - Por epistemologia entende-se
A - o conjunto das disciplinas científicas.
B - o estudo das temáticas internas às disciplinas científicas.
C - o estudo crítico da pesquisa científica e da própria noção de ciência.
D - a análise científica dos princípios de semelhança.
E - o desenvolvimento da lógica medieval.

GABARITO:
21B 22X 23C 24B 25A 26A 27A 28B 29X 30C

31E 32B 33A 34A 35A 36C 37E 38X 39B 40D

41E 42C 43C 44A 45A 46C 48E 49C

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os dois caminhos da ciência da lógica
É no domínio da lógica que entram em contato e se unificam os dois hemisférios, o subjetivo e o objetivo, do processo do conhecimento, sob a forma da unidade de pensamento e ação. (...) a lógica está naturalmente dividida em duas concepções que, infelizmente , quando não são devidamente entendidas, aparecem distanciadas, e até antagônicas e inconciliáveis, a formal e a dialética.
Álvaro Vieira Pinto. Ciência e existência ? problemas filosóficos da pesquisa científica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 68 (com adaptações).

Julgue os itens subseqüentes a partir das idéias do texto acima.
51 - A produção da idéia é dialética, sua expressão é formal, ou seja, o que é pensado dialeticamente pode ser dito formalmente, pois toda expressão encontra-se subordinada às categorias de uma linguagem.

52 - Das premissas: "Todo argelino é africano" e "Algum Africano é católico", é válido, formal e materialmente, concluir, segundo as regras do silogismo: "Logo, algum católico é argelino".

53 - Segundo a lógica aristotélica, nas relações de sentenças opostas, sendo a sentença do tipo O uma sentença falsa, então a sentença do tipo A terá de ser verdadeira, do tipo E terá de ser falsa, e da sentença do tipo I nada se poderá concluir.

54 - Considerando-se o argumento: "Ninguém pode estar, ao mesmo tempo, em São Paulo e Brasília. Ora, João está em São Paulo. Logo, João não está em Brasília", é correto afirmar que esse argumento é hipotético, conjuntivo e válido, formal e materialmente.

55 - A lógica aristotélica trata de procedimentos que devem ser empregados nos raciocínios referentes a coisas das quais pode-se ter um conhecimento universal e necessário partindo de princípios e leis da razão.
____________________________________________________________

O conhecimento filosófico é finalístico e procura as razões fundamentais de todas as coisas, ao passo que o conhecimento científico-tecnológico caracteriza-se por ser objetivo, preciso, seguro, e testável empiricamente. A respeito dessas duas modalidades de conhecimento, julgue os itens de 56 a 61.

56 - Aristóteles entendia que todos os homens têm, por natureza, o desejo de conhecer; uma prova disso é o prazer das sensações, pois até mesmo fora da sua utilidade, as sensações agradam por si mesmas.

57 - Para Marx, os filósofos se limitaram a transformar o mundo de diferentes maneiras, mas o que importa é interpretar o mundo.

58 - Galileu pode ser considerado um dos criadores da moderna ciência ao substituir a quantidade medida pela qualidade sentida; substituindo a geometria e a matemática pela contemplação dos movimentos dos astros para entendimento da natureza.

59 - O conhecimento filosófico é teleológico, pois estuda Deus e as religiões no seu aspecto de fé transcendental decidindo sobre a validade das crenças.

60 - O primeiro princípio da filosofia cartesiana, "eu penso, logo existo", indica uma retomada da valorização da razão na época moderna.

61 - O racionalismo é uma doutrina segundo a qual todo conhecimento verdadeiro é conseqüência de princípios a posteriori que devem ser provados, pois esses princípios são determinados pelos dados empíricos.
____________________________________________________________

A análise crítica da tradição filosófica racionalista, sobretudo de Hegel e dos hegelianos, é encontrada principalmente no texto da Iedologia alemã, de Marx e Engels, sendo que a noção de ideologia aí definida tornou-se central no desenvolvimento da filosofia contemporânea e na definição de uma teoria e de um método crítico, em todos os campos das ciências humanas e sociais.
Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2000, p. 229 (com adaptações).

Tendo em vista a temática abordada no texto acima e as noções de idealismo e materialismo dialético, julgue os itens a seguir.

62 - A ideologia, definida nesse sentido crítico no texto de Marx e Engels, é entendida como falsa consciência, em sua crítica aos hegelianos de esquerda, sobretudo, Feuerbaach e sua análise da religião.

63 - O sentido crítico da noção de ideologia contém uma visão distorcida: o mascaramento de uma realidade opressora faz com que seu caráter negativo seja ocultado.

64 - O materialismo dialético, na concepção marxista, consiste no desenvolvimento da vida humana, individual e social, que depende totalmente das condições materiais e econômicas.

65 - O idealismo religioso contemporâneo consubstancia-se na Teoria das Formas levada a efeito pela Escola de Frankfurt.
____________________________________________________________

A teoria comteana do positivismo representa um movimento intelectual que se contrapõe à tendência idealista no decorrer da história da filosofia. A respeito do positivismo, julgue os itens de 66 a 69.

66 - No estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, para preocupar-se unicamente com as suas leis efetivas.

67 - Para A. Comte, a matemática é colocada no ponto de partida da filosofia positiva, como a primeira ciência, seguida da astronomia, física, química, fisiologia e física social, classificando-as do mais geral para o mais particular; do mais simples para o mais complexo.

68 - Segundo A. Comte, a humanidade historicamente, e, analogicamente, todo ser humano, passam por três estados, em uma necessária ordem cronológica: o estado teológico ou fictício, o estado científico ou positivo, e finalmente, o estado metafísico ou abstrato.

69 - O castilhismo é uma filosofia política de inspiração positivista, em que o Estado exerce uma tutela sobre a sociedade.
____________________________________________________________

As metafísicas tradicionais sempre contrastaram ser e aparência, essências subjacentes à realidade e fenômenos, o que estaria atrás das coisas e as próprias coisas, como suas manifestações. A ontologia fenomenológica superaria essa dualidade pela descrição do ser como aquilo que se dá imediatamente, ou seja, não propondo explicar a experiência humana por referência a uma realidade extra fenomenal.
Sartre. Coleção Os Pensadores, separata, p. 890 (com adaptações).

Tendo como referência o texto acima e os postulados do existencialismo e da fenomenologia no século XX, julgue os itens a seguir.

70 - É do pensamento sartreano o entendimento de que há uma natureza humana em que o homem se baseia para a realização do bem.

71 - Para o existencialismo de Sartre, o ser para si é o fenômeno e somente se pode concluir que ele é o que é.

72 - Segundo a antropologia sartreana, o homem será antes de tudo o que tiver projetado ser, não o que ele quiser ser, pois a existência precede à essência, sendo o homem responsável por aquilo que é, logo, sendo também responsável por todos os homens.

73 - A fenomenologia é o movimento filosófico inaugurado por Husserl e desenvolvido, sobretudo na França e na Alemanha, por seus seguidores, constituindo uma importante corrente do pensamento no século XX.

74 - A pesquisa fenomenológica procura a volta às mesmas coisas, tentando a superação da oposição entre realismo e idealismo, entre sujeito e objeto, a consciência e o mundo.

75 - O método fenomenológico rompe com as crenças habituais do conhecimento e faz uma suspensão do modo de constituição da experiência procurando chegar ao dado da consciência, isso é ao fenômeno em si mesmo.
____________________________________________________________

Sócrates é chamado o pai da ética ao centrar os seus estudos no homem e no seu agir, diferentemente dos estudos anteriores mais cosmológicos. A sua ação dava-se na polis grega e tinha um objetivo. Julgue os itens de 76 a 81 com relação às questões de ética e política.

76 - Atualmente entende-se a moral como sendo a ciência da ética, a ética epistemologicamente considerada, e a ética, como a parte da filosofia prática que trata do agir humano em geral.

77 - Para Kant, o imperativo categórico é único: age apenas segundo uma máxima tal que possa ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.

78 - Para a ética aristotélico-tomista, não há ato humano imune do âmbito da moral, portanto também a política encontra-se sujeita à ética.

79 - Para Schopenhauer, a verdade e a moral são os instrumentos que os fracos inventaram para submeter e controlar os fortes, os guerreiros. A tradição ocidental é o resultado desse processo.

80 - A ética de Nietzsche não se apóia em mandamentos, antes na noção de que a contemplação da verdade é o caminho de acesso ao bem que segue a ética da piedade, na auto anulação da vontade e na fuga para o nada.

81 - Os fisiocratas de influência iluminista reagiram à política mercantilista pela qual o governo intervinha nas atividades econômicas e adotaram o liberalismo indicando a confiança nas leis da natureza.
____________________________________________________________

A Estética, no sentido clássico, é a parte da filosofia prática que trata do belo e das belas-artes. Enquanto a política e a ética sãociências da ação, as artes e técnicas são atividades que dizem respeito ao fazer humano. A respeito deste assunto, julgue os itens seguintes.

82 - A estética transcendental em Kant estuda as várias concepções do belo que ocorreram no decorrer da história.

83 - As artes dinâmicas são a escultura e a pintura, pois apresentam movimento das formas.

84 - A arte é um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista, que cria obras concretas e singulares, quanto para o apreciador, que se entrega a elas para penetrar-lhes ou recriar o sentido.

85 - A função primordial da arte é ser arte popular, para comunicar mensagens miméticas de recriação da natureza, pois possuem uma necessária função educacional.
____________________________________________________________

Os filósofos da Antiguidade possuíam o costume de lecionar em lugares particulares que se associavam à corrente filosófica. Dessa forma, existiram a Academia e o Liceu, nos casos de Platão e Aristóteles, e o Jardim, no caso de Epicuro. Como para caçoar, Antístenes escolheria, nos arredores da cidade, um espaço independente desta. Do ponto de vista de um urbanismo simbólico, o cínico decidiu escolher um lugar próximo aos cemitérios, aos extremos, às margens. O Cinosargo concentrava toda a força dos emblemas: estava situado no alto de uma colina, fora da cidade, perto do caminho que leva para Maratona (...). À semelhança dos cachorros, os cínicos comiam em praça pública, porque se negavam a obedecer ao cerimonial das comidas com seus horários, seus lugares estabelecidos e seus hábitos.
Michel Onfray. Cynismes. Portrait du philosophe en chien. Éditions Grasset & Fasquelle, 1990 (com adaptações).

Com base no texto acima e acerca da história da filosofia antiga, julgue os itens a seguir.

86 - A filosofia antiga era normalmente ensinada na praça pública da cidade grega antiga.

87 - Os cínicos escolhiam lugares afastados da cidade porque queriam salientar uma distância filosófica desta.

88 - Antístenes, filósofo epicurista, não foi discípulo de Sócrates.

89 - Os cínicos se consideravam cachorros, e não sentavam à mesa.

90 - Os cínicos não gostavam de serem chamados de cachorros.
____________________________________________________________

Por meio de uma investigação propositadamente humilde, circunscrita freqüentemente ao âmbito do cotidiano, ao exame das situações concretas da vida associativa, Wittgenstein recusa a existência de uma lógica rígida e exata, como se fosse uma espécie de destilado da nossa linguagem ou uma regra de todas as regras, uma "superordem" capaz de subsumir todas as ordens. Se a linguagem não é, de fato, um todo homogêneo; e se denominar ? "como se fosse um batismo do objeto" - não é uma função exclusivamente sua; se o significado não se encontra de maneira natural e oculta fixado no ponto estabelecido, nem exprime a essência do objeto (mas está em relação com um jogo lingüístico, uma prática social, uma "forma de vida"), então, a lógica não é alguma coisa escondida por trás da linguagem, o seu fundamento, como se fosse a plataforma desse continente, mas uma série de paradigmas, de modelos gramaticais entre eles aparentados e imanentes aos jogos lingüísticos.
Remo Bodei. A filosofia do século XX. Bauru, SP : EDUSC, 2000, p. 191.

Considerando o texto acima e a história da filosofia contemporânea, julgue os itens que se seguem.

91 - Para Wittgenstein, a lógica é o fundamento do pensamento humano e, por conseqüência, de sua linguagem.

92 - Wittgenstein considera a linguagem como algo que possa expressar a essência do objeto ao qual ela se refere.

93 - É característica das investigações filosóficas de Wittgenstein considerar a linguagem como uma série gramatical que se constrói no interior de jogos lingüísticos.

94 - A não-homogeneidade da linguagem impede que se recorra a uma ordem pré-existente a ela para denominar o mundo.

95 - A filosofia da linguagem contemporânea nega a naturalidade de um significado que estaria escondido por trás de uma palavra.
____________________________________________________________

Parece que para Aristóteles a filosofia consiste em um modo de vida "teorético". Em relação a isso, é importante não confundir "teorético" com "teórico". (...) o próprio Aristóteles só emprega a palavra "teorético" e a utiliza para designar, por um lado, o modo de conhecimento que tem por fim o saber pelo saber e não um fim exterior a si mesmo e, por outro, o modo de vida que consiste em consagrar sua vida a esse modo de conhecimento. Neste último sentido, "teorético" não se opõe a "prático"; em outras palavras, "teorético" pode aplicar-se a uma filosofia prática, vivida, ativa, que leva à felicidade. Aristóteles diz explicitamente: "A vida prática não é necessariamente voltada para o outro, como o pensam alguns, e não são somente os pensamentos que visam resultados produtivos pelo agir que são "práticos", pois são "práticos", bem mais ainda, as atividades do espírito (theoriai) e as reflexões que têm seu fim em si mesmas e se desenvolvem em vista de si mesmas".
Pierre Hadot. O que é a filosofia antiga? São Paulo: Loyola, 1999, p.124-125.

Com base nas idéias expressas no texto acima, julgue os itens de 96 a 100.

96 - A filosofia é - segundo Aristóteles - um modo de vida teórico, uma atividade pouco prática.

97 - Para Aristóteles, aquilo que é prático pode ser ao mesmo tempo teorético.

98 - Aristóteles não confunde em sua filosofia os termos teorético e teórico.

99 - A filosofia é uma consagração da vida ao conhecimento.

100 - A filosofia é uma atividade sempre voltada para o outro.
____________________________________________________________

À multiplicidade real de linhas e orientações filosóficas e ao grande número de problemas herdados da grande tradição cultural filosófica somam-se temas e problemas novos e cada vez mais complexos em seus programas de pesquisa, produzindo em resposta a isso um universo sempre crescente de novas teorias e posições filosóficas. No entanto, é também verdade que essa dispersão discreta de um filosofar que se move, por certo, no ritmo longo da academia, mas que certamente não se esgota nela e que, num outro ritmo, chega mesmo a ensaiar um retorno à praça pública, não pode nos impedir de reconhecer o que há de comum em nosso trabalho: a especificidade da atividade filosófica consiste, em primeiro lugar, em sua natureza reflexiva.
Brasil. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC: SEMTEC, 2002, p. 330.

Com relação às idéias acima, expressas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio, julgue os itens a seguir.

101 - A filosofia e seus problemas são questões do passado.

102 - A filosofia deve permanecer restrita aos ritmos e modo da academia.

103 - A reflexão é a atividade principal da filosofia, seja na academia, seja na praça.

104 - A filosofia produz a cada dia novas teorias.
____________________________________________________________

Temos uma constituição que não emula as leis dos vizinhos, na medida em que servimos mais de exemplo aos outros do que de imitadores. E, como ela é dirigida de modo que os direitos civis caibam não a poucas pessoas, mas à maioria, ela é chamada democracia: diante das leis, naquilo que diz respeito aos interesses privados, a todos cabe um plano de paridade, enquanto, no que diz respeito à consideração pública na administração do Estado, cada um é escolhido conforme tenha se destacado em um determinado campo, não por ser proveniente de uma dada classe social, mas, sim, por aquilo que vale. E, no que diz respeito à pobreza, se alguém é capaz de fazer algo de bom para a cidade, não será impedido de fazê-lo pela obscuridade de sua posição social. Conduzimo-nos livremente nas relações com a comunidade em tudo o que diz respeito à vida privada de nossos concidadãos, sem nos ressentirmos com nosso vizinho se ele age como lhe apraz e sem fazermos reprovações que, embora inócuas, lhe causariam desgosto. Ao mesmo tempo em que evitamos ofender os outros em nosso convívio privado, em nossa vida pública estamos impedidos de violar as leis sobretudo por causa de um temor reverente, em obediência aos que estão nos postos de comando e às instituições destinadas a proteger os que sofrem injustiças, e em particular às leis que, embora não-escritas, trazem aos transgressores uma desonra por todos reconhecida.
Tucídides. História da Guerra do Peloponeso, Discurso de Péricles aos atenienses, II, 37. In: Norberto Bobbio. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. 2.ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 140-141 (com adaptações).

Relativamente às idéias expressas no texto acima, julgue os itens de 105 a 109.

105 - Em democracia, a escolha para os cargos públicos depende exclusivamente do valor de cada um.

106 - Uma forma de governo é democrática quando concede os direitos civis a todos os cidadãos.

107 - O governo democrático não precisa intervir na vida privada dos concidadãos.

108 - Em uma democracia, o cidadão que vê o vizinho agir como bem quer deve criticar publicamente esse comportamento.

109 - As instituições democráticas têm como um de seus objetivos proteger os que sofrem injustiça.
____________________________________________________________

Quanto mais bem constituído for o Estado, tanto mais os negócios públicos sobrepujarão os particulares no espírito dos cidadãos. Haverá até um número menor de negócios particulares, porque, com a soma da felicidade comum fornecendo uma porçãomais considerável à felicidade de cada indivíduo, restar-lhe-á menos a conseguir em seus interesses particulares. Em uma polis bem constituída, todos correm para as assembléias; sob um mau governo, ninguém quer dar um passo para ir até elas, pois ninguém se interessa pelo que nelas acontece, prevendo-se que a vontade geral não dominará, e porque, enfim, os cuidados domésticos tudo absorvem. As boas leis contribuem para que se façam outras melhores, as más levam a leis piores. Quando alguém disser dos negócios do Estado: Que me importa? - pode-se estar certo de que o Estado está perdido. A diminuição do amor à pátria, a ação do interesse particular, a imensidão dos Estados, as conquistas, os abusos do governo fizeram que se imaginasse o recurso dos deputados ou representantes do povo nas assembléias da nação. É o que em certos países ousam chamar de Terceiro Estado. Desse modo, o interesse particular das duas ordens é colocado em primeiro e segundo lugares, ficando o interesse público em terceiro. A soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. É ela mesma ou é outra, não há meio-termo. Os deputados do povo não são, nem podem ser seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei. O povo pensa ser livre e muito se engana, pois só o é durante a eleição dos membros do parlamento; uma vez estes eleitos, ele é escravo, não é nada. Durante os breves momentos de sua liberdade, o uso, que dela faz, mostra que merece perdê-la.
Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social. São Paulo: Abril, 1973, livro III, cap. XV, p. 111-114 (com adaptações).

Considerando o texto ao lado, do celebre filósofo francês Rousseau, julgue os itens subseqüentes.

110 - Os representantes ou deputados eleitos pelo povo possuem autonomia para decidir as leis e fazê-las cumprir.

111 - As leis que não são ratificadas diretamente pelo povo não são leis.

112 - A gestão democrática do poder pode ser delegada a representantes legitimamente eleitos.

113 - O povo, em suas escolhas, merece a liberdade que a democracia lhe concede.

114 - O recurso dos deputados ou representantes é uma conseqüência da diminuição do amor pátrio e da busca pelos interesses particulares, entre outros motivos.

115 - As más leis não são inúteis: contribuem para a acumulação de experiência jurídica que virá a proporcionar melhores leis no futuro.
____________________________________________________________

A Arte, no sentido aqui proposto - ou seja, o termo genérico abrangendo pintura, escultura, arquitetura, música, dança, literatura, drama e cinema -, pode ser definida como a prática de criar formas perceptíveis expressivas do sentimento humano. (...)
A função primordial da Arte é objetivar o sentimento de modo que possamos contemplá-lo e entendê-lo. É a formulação da chamada "experiência interior", da "vida interior", que é impossível atingir pelo pensamento discursivo, dado que suas formas são incomensuráveis com as formas da linguagem e de todos os seus derivativos (por exemplo, a Matemática, a Lógica Simbólica).
Susanne K. Langer. Ensaios filosóficos. São Paulo: Cultrix, 1981, p. 82 e 87.

Acerca das idéias do texto acima sobre a arte, julgue os itens a seguir.

116 - O pensamento discursivo, tipicamente filosófico, é capaz de atingir a experiência da vida interior.

117 - A função da arte é a de criar formas que possam ser percebidas e objetivem o sentimento do ser humano.

118 - A vida sentimental pode ser narrada pelos discursos.

119 - A natureza do sentimento é como um livro escrito em caracteres matemáticos.

120 - Compreender a arte é perceber o sentimento humano.

GABARITO:

51C 52E 53E 54C 55C 56C 57E 58E 59E 60C

61E 62C 63X 64E 65E 66C 67C 68E 69C 70E

71E 72C 73C 74X 75C 76E 77C 78C 79E 80E

81C 82E 83E 84C 85E 86E 87C 88E 89X 90E

91E 92E 93C 94C 95C 96E 97C 98C 99E 100E

101E 102E 103C 104C 105C 106E 107C 108E 109C 110E

111C 112E 113E 114C 115E 116E 117C 118E 119E 120C

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de saber o porquê de a questão 22 ser nula. Obrigado...