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domingo, 2 de janeiro de 2011

Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Prefeitura Municipal de Barueri - SP - 2006


Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Prefeitura Municipal de Barueri - SP - 2006  
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

33. O ensino e a aprendizagem em filosofia é uma atividade que implica uma dimensão de
(A) criação: criação de conceitos.
(B) repetição: memorização de categorias.
(C) procedimentos: aprendizagem de análises de como fazer.
(D) criação: produção de textos.
(E) repetição: questionamentos já realizados por diversos filósofos sobre: "quem sou eu"?

34. Os docentes definem o ensino da filosofia como o momento de construção de conhecimentos por meio da interação professor-aluno. Um fator considerável que o professor não deve desvalorizar, é a opinião que cada estudante tem de determinado assunto, portanto,
(A) a aula deve ser uma "enxurrada" de conteúdos.
(B) a dialogicidade na sala de aula precisa ser construída.
(C) a filosofia pode ser ensinada, o que não se pode é ensinar a filosofar.
(D) há idéias dos alunos que são incoerentes, e neste caso, não podem ser valorizadas.
(E) a aula de filosofia é o momento de doutrinar os jovens.

35. A escola "Guilherme de Almeida", de acordo com a proposta de reorganização curricular pós 1996 declarou, numa frase, o propósito do seu projeto de Filosofia, a saber:
(A) Estimular os alunos a aceitar tudo como definitivo e pronto.
(B) Ler e escrever como conteúdo específico da Filosofia e não conteúdo procedimental.
(C) Estimular o jovem a pensar e a falar com liberdade.
(D) A arte do fazer.
(E) A partilha de idéias, que ensina cada um a perder uma coisa para ganhar outra.

36. A filósofa Terezinha Rios mostra que as utopias nos fazem caminhar, e que só há diálogo nas diferenças. Os filósofos têm em comum com as crianças o fato de serem
(A) "calados", reflexivos capazes de aceitar explicações mesmo sem compreender os temas.
(B) "enxeridos," tudo querem saber e exigem explicações prolongadas e minuciosas.
(C) "cabeçudos," idéias fixas. Quando defendem uma idéia não aceitam a existência de outras maneiras de pensar.
(D) "perguntadeiros", não admitem respostas definitivas. Não querem apenas explicações, querem compreender.
(E) "barulhentos" semelhantes a um bando de latas que rolam a ladeira abaixo, num movimento aparentemente caótico.

37. "Uma aula ou uma palestra não é algo que se dá, é algo que se faz junto, e não posso dizer que dei, se não contei com a disponibilidade das pessoas para acolher aquilo que vim trazer". Estas considerações afirmam que o professor:
(A) Abre mão da sua responsabilidade de conduzir a aula e a transfere para os alunos, que são desinteressados.
(B) Entende as aulas como uma atividade de trocas, troca de mercadorias, troca de idéias, troca de experiências.
(C) Fala de aulas que são momentos de trocas e não de partilhas, pois nas partilhas nunca há perdas, só acréscimos.
(D) Deve vê-las como o momento do aluno ouvir, assistir a sua explanação e este deve comparecer com o domínio pleno do conteúdo a ser transmitido.
(E) Deve ver as aulas como espaços que possibilitam a troca de idéias, a troca de experiências.

38. O professor Alberto, de Filosofia, colocou em seu plano de ensino, como objetivo do curso: possibilitar que o aluno "assuma uma atividade crítica". Isto quer dizer procurar ver
(A) com clareza, profundidade, abrangência. Ver claro, ver fundo, ver largo.
(B) com óculos da neutralidade, da objetividade, das crenças. Ver de modo estrito e dogmático.
(C) com ausência de sentimentos, com racionalidade, pois o homem é essencialmente um animal racional.
(D) só com sentimentos; alcança a visão do microscópio, que aponta detalhes à ação externa do ser humano.
(E) com "garra", com força, com o braço, pois o "coração" é o telescópio da nossa míope visão.

39. O que faz a diferença entre a memória do computador e a memória do ser humano é que a segunda é
(A) vazia de recordação, e recordar vem do latim (recordis) e significa tornar a passar pelo coração.
(B) "encharcada" de emoção. O ser humano tem recordações. O humano é fruto da articulação da razão, da imaginação, da memória e da emoção.
(C) só aparência, e as aparências enganam e nos afastam das essências.
(D) ocultadora da essência, pois está carregada de emoções.
(E) semelhante a um filme, não nos leva ao estudo das causas.

40. Para Terezinha Rios, o ser humano é uma espécie de
(A) anjo e demônio, mentira e verdade, sempre reveladas.
(B) escultor, que esculpe a si mesmo e construtor da história, que não se constrói sem o outro.
(C) camaleão, é um indivíduo que assume o caráter conveniente aos seus interesses; que adapta sua opinião ao interesse do momento.
(D) víbora, espécie de má índole e de gênero mau; se não for alimentado pelo pensar filosófico.
(E) borboleta; ser inconstante, volúvel, que divaga, fantasia, que voa em pequenas alturas e é incapaz de fixar as atenções.

41. A filosofia é freqüentemente vista como assunto apenas para iniciados. De que forma se pode iniciar crianças do ensino fundamental na filosofia? Já há uma metodologia divulgada, inclusive por Marcos Lorieri, capaz de iniciar crianças e jovens na aventura do filosofar. Nas "novelas filosóficas" os personagens se tornam modelos de
(A) vidas imaginárias, ficção. São narrativas fabulosas que encerram sempre uma lição de moral, possibilitando ensinar atitudes e valores.
(B) heróis e mitos infantis. Ocorre uma descrição longa das ações e sentimentos dos personagens fictícios numa transposição da vida para um plano artístico.
(C) investigação para as crianças. São histórias envolvendo situações cotidianas e que trazem em si temáticas filosóficas que devem ser problematizadas e investigadas, através do diálogo. em sala de aula, coordenado e organizado pelo professor.
(D) vida moral. Trata-se de narração alegórica que encerra uma lição de moral.
(E) de lógica despida de emoções. São exposições desenvolvidas sobre conteúdos científicos.

42. O Programa de Filosofia para a criança propõe converter uma turma de alunos em uma "pequena Comunidade de Investigação". O alicerce da Comunidade de Investigação é (a)(o)
(A) individualismo, a competição.
(B) construção do conhecimento através da competição, vendo idéias diferentes como contradições antagônicas.
(C) imediatismo, agindo em torno de interesses imediatos sem analisar a situação como um todo.
(D) construção individual do conhecimento, através do silêncio e das reflexões monistas.
(E) construção coletiva do conhecimento através do diálogo.

43. A filosofia, dentro dos princípios curriculares pós 1996, valoriza a seguinte postura na escola. O professor
(A) joga fora o conhecimento adquirido e trabalha o conhecimento prévio do aluno, em sua cultura.
(B) transmite e o aluno assimila. As crianças precisam, antes, saber a história e as idéias dos grandes pensadores da humanidade; depois se propor a "fazer filosofia".
(C) sabe e tem poder; o aluno não sabe, deve buscar e aprender com humildade.
(D) não responde, mas auxilia nos caminhos da investigação.
(E) sabe e o aluno aprende.

44. Desde uma perspectiva especificamente filosófica, o trabalho teórico requer a prática de questionar constantemente os nossos saberes, idéias e valores, e de esforçarmo-nos permanentemente por elucidar, debater e avaliar os pressupostos e implicações de nossa prática. Desta forma, vai se gestando um movimento duplo, em que
(A) a teoria é uma, a prática é outra. O que escrevo, não faço. O que faço, não escrevo.
(B) a prática nada tem a ver com a teoria e a teoria é erudição.
(C) a prática transforma a teoria e a teoria transforma a prática. (ação. reflexão e ação).
(D) na prática a verdade é outra, o papel aceita tudo.
(E) teoria é academicismo, quem sabe é o que faz.

Leia o texto:
Talvez poucas palavras sejam tão descaradamente usadas em educação, como a palavra "crítica". Ela é transfigurada, mascarada, banalizada. Dize-la, tantas vezes, a esvazia de sentido, tanto que, praticamente, todos os discursos educacionais hoje enfatizam a importância de desenvolver um pensamento crítico nos alunos . Mas o que significa "crítica" nestes discursos? Qual é a sua função? Qual é a relação que se estabelece entre "crítica" e transformação? Vejamos os significados de "crítica," tão usados nos discursos escolares.
45. Para Kant, no século XVIII, crítica tem a ver com
(A) definição das estruturas universais, de todo conhecimento legítimo e toda possível ação moral.
(B) ethos filosóficos, que resultam de um jogo natural de uma certa classe de seres.
(C) o reconhecimento dos limites de nossos conhecimentos; as fronteiras que não podemos ultrapassar. Michel Foucault enfatizou este sentido, de uma forma positiva: "reconhecer não só os limites necessários, quanto os saltos possíveis desses limites."
(D) as qualidades universais que pertencem ao ser como tal. No tomismo, admitem-se três eixos transcedentais: a unidade, a verdade e a beleza.
(E) certo misticismo panteísta, aquilo que transcende, que é muito elevado, superior, sublime.

46. Para os filósofos da escola de Frankfurt a crítica tem a função de:
(A) Desencadear um processo de acomodação diante das certezas e dos conflitos cognitivos de si mesmo.
(B) Naturalizar o mundo, torna-lo menos complexo, mais óbvio.
(C) Consolidar a fé nas aparências, nas rotinas, nos dogmas para adentrar-se numa tarefa sistemática e metódica de identificar os cenários, as estruturas categoriais, os pressupostos universais.
(D) Impedir que os seres humanos se abandonem irrefletidamente àquelas idéias e formas de condutas instituídas socialmente.
(E) Reconhecer os fatos ou fenômenos puros sem a interpretação, na mesma perspectiva do pensamento nietzcheano.

47. Um terceiro sentido da "crítica" diz respeito a uma reconsideração ética da tarefa educacional. Tradicionalmente, são associadas à educação finalidades eminentemente morais; recorrentemente, os educadores procuram fazer, dos seus alunos, seres humanos éticos, responsáveis, portadores de certos valores ditados sempre por uma tradição. A crítica, nesta terceira dimensão, comporta a transmissão
(A) das morais afirmativas, visando a troca de uma moral por outra, a verdadeira.
(B) da denúncia da falsa moral para possibilitar o advento da moral verdadeira.
(C) de morais, abrindo o espaço ético à inquietude, à sensibilidade, à atenção.
(D) de uma ética neutra e imparcial, pois a filosofia vive das perguntas.
(E) do valor e do sentido do que fazemos e sobre a forma em que nos relacionamos com o que fazemos; é a negação do valor da inconformidade, da insatisfação.

48. Assinale a alternativa incorreta .
Os gregos nos ligaram à filosofia e nos ensinaram a filosofar. A expressão "História da Filosofia" significa que a filosofia é uma prática histórica do ser humano, que a produz, portanto, pressupõe que
(A) aquilo que é compreendido como filosofia, seus métodos, problemas e questões, suas funções e atribuições sociais, mudam de acordo com o contexto de referência.
(B) há um caráter histórico da filosofia, e há manuais escolares que tecem uma história cronológica da filosofia.
(C) não existe Filosofia, mas filosofias situadas. Não há perguntas, métodos ou soluções filosóficas atemporais, a priori.
(D) tem historicidade. O próprio projeto de Filosofia na Escola é histórico, contingente.
(E) a investigação filosófica presente não tem nada a ver com as filosofias do passado (positivismo lógico).
Não há um caráter histórico da filosofia, há apenas manuais que tecem uma história cronológica da filosofia.

49. O estudo de Filosofia na Escola, ao trabalhar a categoria "sujeito," nos permite pensar que a escola, espaço do nosso trabalho, é uma instituição privilegiada
(A) na produção da subjetividade. O indivíduo se observa, se interpreta, se julga, se decifra, se narra.
(B) que molda os corpos para produzir sujeitos dóceis e úteis.
(C) que possibilita o uso de uma série de técnicas para governar o outro.
(D) para estruturar o campo de ação do outro, crianças e jovens.
(E) para ensinar atitudes, capacidades, saberes, mas não é o "locus" para se ensinar um modo de ser sujeito, de se constituir a subjetividade.

50. Alguns filósofos anteriores a Hegel tentaram estabelecer critérios para que o homem possa saber sobre o mundo. Isto vale para Descartes e Spinoza, Hume e Kant. Cada um deles se interessou por aquilo que constitui a base de todo o conhecimento humano. Só que eles falaram sobre premissas atemporais para o conhecimento do homem sobre o mundo. Para Hegel, a verdade é
(A) atemporal, imutável e eterna, apesar de "tudo fluir", segundo Heráclito.
(B) pode ser pincelada de alguns pensamentos da Antiguidade, do Renascimento e do Iluminismo, identificando as reflexões certas e erradas.
(C) basicamente subjetiva e contesta a possibilidade de haver uma verdade acima ou além da razão humana.
(D) é uma construção objetiva e filosófica, fruto da reflexão sobre os modos de pensar. É possível dizer que Platão se enganou, ou que Aristóteles tinha razão, que Hume estava totalmente enganado, enquanto Kant e Schelling tinham razão.
(E) é a saga do espírito do mundo, é a substância primordial já discutida pelos pré-socráticos e os eleatas.

GABARITO:
33 - A
34 - B
35 - C
36 - D
37 - E
38 - A
39 - B
40 - B
41 - C
42 - E
43 - D
44 - C
45 - C
46 - D
47 - C
48 - E
49 - A
50 - C

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