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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Vestibular 2008 - Universidade Estadual de Maringá - UEM


Vestibular 2008 - Universidade Estadual de Maringá - UEM  
FILOSOFIA

Questão 01
Os filósofos pré-socráticos tentaram explicar a diversidade e a transitoriedade das coisas do universo, reduzindo tudo a um ou mais princípios elementares, os quais seriam a verdadeira natureza ou ser de todas as coisas. Assinale o que for correto.
01) Tales de Mileto, o primeiro filósofo segundo Aristóteles, teria afirmado "tudo é água", indicando, assim, um princípio material elementar, fundamento de toda a realidade.
02) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do universo. Afirmou que nada permanece o mesmo, tudo muda; que a mudança é a passagem de um contrário ao outro e que a luta e a harmonia dos contrários são o que gera e mantém todas as coisas.
04) Parmênides de Eléia afirmou que o ser não muda. Deduziu a imobilidade e a unidade do ser do princípio de que "o ser é" e "o não-ser não é", elaborando uma primeira formulação dos princípios lógicos da identidade e da não-contradição.
08) As teorias dos filósofos pré-socráticos foram pouco significativas para o desenvolvimento da filosofia e da ciência, uma vez que os pré-socráticos sofreram influência do pensamento mítico, e de suas obras apenas restaram fragmentos e comentários de autores posteriores.
16) Para Demócrito de Abdera, todo o cosmo se constitui de átomos, isto é, partículas indivisíveis e invisíveis que, movendo-se e agregando-se no vácuo, formam todas as coisas; geração e corrupção consistiriam, respectivamente, na agregação e na desagregação dos átomos.

Questão 02
Guilherme de Ockham (1280-1349) traz novas idéias à teoria política, "ainda que continue teológica, isto é, referida à vontade suprema de Deus. Diante da tradição teocrática medieval, são novas as idéias de comunidade política natural, lei humana política e direito natural dos indivíduos como sujeitos dotados de consciência e de vontade." (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13.ª ed., São Paulo: Ática, 2008, p. 366). Assinale o que for correto.
01) Guilherme de Ockham não separa o poder espiritual da Igreja do poder temporal da comunidade política; por essa razão, ele afirma que, em nenhuma hipótese, o bom cristão pode contestar a autoridade da palavra do Papa.
02) O tiranicídio não é admitido por Guilherme de Ockham, todavia os governados podem resistir ao tirano e procurar instrumentos legais que contestam sua autoridade para forçá-lo a abdicar.
04) Guilherme de Ockham pertence à corrente nominalista, segundo a qual os conceitos universais são apenas conteúdos da nossa mente, expressos em nomes, isto é, são apenas palavras sem nenhuma realidade específica correspondente.
08) Contrariamente ao que pensava Santo Agostinho, o homem, para Guilherme de Ockham, não foi dotado de livre-arbítrio, razão pela qual não pode ser responsabilizado pelos seus atos.
16) Guilherme de Ockham reconhece dois grandes tipos de direitos naturais: o direito natural objetivo, isto é, a ordem natural hierárquica estabelecida pela lei divina, e o direito natural subjetivo, possuído pelo indivíduo como ser racional e livre.

Questão 03
Elaborando a teoria das quatro causas e a distinção entre ato e potência, Aristóteles busca explicar a realidade do devir e da mudança a que estão submetidas as coisas causadas. Assinale o que for correto.
01) Para Aristóteles, a mudança implica uma passagem da potência ao ato; o ato é o estado de plena realização de uma coisa; a potência, a capacidade que algo tem para assumir uma determinação.
02) Segundo Aristóteles, tudo o que acontece tem suas causas, essas são a explicação ou o porquê de certa coisa ser o que é.
04) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final são os quatros sentidos que Aristóteles distingue no termo causa.
08) Segundo Aristóteles, a causa material e a causa formal de uma coisa são, respectivamente, aquilo de que essa coisa é feita e aquilo que ela essencialmente é.
16) Segundo Aristóteles, a causa eficiente e a causa final de uma coisa são, respectivamente, o agente que atua sobre essa coisa e o fim a que ela se destina.

Questão 04
Maquiavel inaugura o pensamento político moderno. Seculariza a política, rejeitando o legado ético-cristão. Maquiavel tem uma visão do homem e da política como elas são e não como deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar, como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo. Assinale o que for correto.
01) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que governa com justiça, estabelecendo, entre seus súditos, a igualdade social e uma participação político-democrática.
02) Maquiavel redefine as relações entre ética e política,não julga mais as ações políticas em função de uma hierarquia de valores dada de antemão, mas em função da necessidade dos resultados que as ações políticas devem alcançar.
04) Maquiavel faz a apologia da tirania, pois considera ser a forma mais eficiente de o príncipe manter-se no poder e garantir a segurança da ordem social e política para seus súditos.
08) Na concepção política de Maquiavel, não há uma exclusão entre ética e política, todavia a primeira deve ser entendida a partir da segunda. Para ele, as exigências da ação política implicam uma ética cujo caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos na vida privada.
16) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre os grandes, isto é, os que possuem o poder político e econômico, e o povo oprimido. A sociedade é cindida por lutas sociais, não pode, portanto, ser vista como uma comunidade homogênea voltada para o bem comum.

Questão 05
"Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa caverna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma fogueira situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela. Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conseguem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre à sua frente. (...) Naquela situação, você acha que os habitantes da caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo da caverna?". (PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83).
Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa, assinale o que for correto.
01) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da existência humana, relatando como eram a vida e a organização social dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando habitavam em cavernas.
02) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é, realidade e aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das Idéias.
04) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o indivíduo das sombras da ignorância e dos preconceitos.
08) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas Idéias perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas Idéias ou são suas cópias imperfeitas.
16) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a realidade fora da caverna, devendo voltar à caverna para libertar seus companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, conhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.

Questão 06
Do ponto de vista da qualidade, as proposições dividem-se em afirmativas e negativas. De acordo com a quantidade, as proposições podem ser universais, quando o sujeito se refere a toda uma classe; particulares, quando o sujeito se refere à parte de uma classe; singulares, quando o sujeito se refere a um indivíduo. Dentre as proposições abaixo, identifique a(s) que for(em) universal afirmativa, universal negativa, particular afirmativa.
01) Todos os homens são racionais.
02) Nenhum homem é alado.
04) Alguns peixes vivem em rios.
08) O homem não é quadrúpede.
16) Sócrates é filósofo.

Questão 07
A primeira grande filosofia da liberdade é exposta por Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco, a qual, com variantes, permanece através dos séculos, chegando até o século XX, quando foi retomada por Jean-Paul Sartre. Assinale o que for correto.
01) Para Aristóteles, a liberdade é um ato de autodeterminação com o qual o homem dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por ninguém.
02) Sartre, na sua obra o Existencialismo é um Humanismo, discute a questão da liberdade como sendo uma questão de ética, pois implica a responsabilidade para com os outros.
04) Fundamentado na sua concepção de liberdade, Aristóteles defende a democracia para todos os homens, preconizando, inclusive, o fim da escravidão.
08) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define o ato voluntário como princípio de si mesmo. Portanto, para esse filósofo, tanto a virtude quanto o vício dependem da vontade do indivíduo.
16) O existencialismo cristão de Jean-Paul Sartre acredita que o livre-arbítrio é inerente à essência do homem e, como a essência precede a existência, o homem é um ser capaz de autodefinição.

Questão 08
Considere os argumentos a seguir:
(A) "No Brasil, há vários casos de políticos respondendo a processo criminal, conseqüentemente a justiça brasileira permite que políticos com problemas judiciais se mantenham em cargos eletivos."
(B) "Penso, logo existo."
Assinale o que for correto.
01) O argumento (A) é indutivo, pois sua conclusão é uma generalização indutiva realizada a partir da observação de diversos dados singulares.
02) No argumento indutivo, o conteúdo da conclusão excede o das premissas. A certeza da indução nunca é absoluta, mas apenas provável.
04) Embora a indução não possua o rigor do pensamento dedutivo, é uma forma fecunda de raciocinar, à qual devemos grande parte dos conhecimentos da vida diária e é de grande importância nas ciências experimentais.
08) O argumento (B) é dedutivo, ou seja, é um tipo de argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de premissas.
16) Na dedução lógica, o enunciado da conclusão não excede o conteúdo das premissas; mas, se não acrescenta nada de novo, a dedução é um modelo de rigor que nos permite organizar o conhecimento já adquirido.

Questão 09
O homem tem necessidade de conhecer e de explorar o meio em que vive. O senso comum, o bom senso, a arte, a religião, a filosofia e a ciência são formas de saber que auxiliam o homem a entender o mundo e a orientar suas ações. Assinale o que for correto.
01) O senso comum é o conhecimento adquirido por exigências da vida cotidiana; fornece condições para o agir, todavia é um conjunto de concepções fragmentadas, recebidas sem crítica e, muitas vezes, incoerentes, tornando-se, assim, fonte de preconceitos.
02) O bom senso, ao contrário do senso comum, apresenta-se como uma elaboração refletida e coerente do saber; em vez da aceitação cega de determinações alheias, pelo bom senso o sujeito livre e crítico questiona os valores estabelecidos e decide pelo que se revela mais sensato ou plausível.
04) A ciência caracteriza-se como um sistema de conhecimentos, expressos em proposições gerais e objetivas sobre a realidade empírica; é um conhecimento construído por um processo de raciocínio rigoroso e metodicamente conduzido, baseado na experiência, permitindo explicar, prever e atuar sobre os fenômenos.
08) Religião e filosofia são duas formas antagônicas de interpretação da realidade; a filosofia, unicamente com o raciocínio lógico-formal, busca entender apenas o mundo natural e o humano; a religião ocupa-se apenas da razão.
16) O conhecimento filosófico caracteriza-se como um saber elucidativo, crítico e especulativo; como elucidativo, visa a esclarecer e a delimitar conceitos e problemas; como crítico, nada aceita sem exame prévio e reflexão; como especulativo, assume a atitude teórica e globalizadora, que envolve os problemas em uma visão total.

Questão 10
"(...) a própria experiência é um modo de conhecimento que requer entendimento, cuja regra tenho que pressupor a priori em mim ainda antes de me serem dados objetos e que é expressa em conceitos a priori, pelos quais portanto todos os objetos da experiência têm necessariamente que se regular e com eles concordar." (KANT, Immanuel.
Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 13).
Com base na filosofia de Kant, assinale o que for correto.
01) O método de Kant é chamado criticismo, pois consiste na crítica ou na análise reflexiva da razão, a qual, antes de partir ao conhecimento das coisas, deve conhecer a si mesma, fixando as condições de possibilidade do conhecimento, aquilo que pode legitimamente ser conhecido e o que não.
02) Para Kant, uma vez que os limites do conhecimento científico são os limites da experiência, as coisas que não são dadas à intuição sensível (a coisa em si, as entidades metafísicas como Deus, alma e liberdade) não podem ser conhecidas.
04) Kant mantém-se na posição dogmática herdada de Hume. Para os dois filósofos, o conhecimento é um fato que não põe problema. O resultado da crítica da razão é a constatação do poder ilimitado da razão para conhecer.
08) O sentido da revolução copernicana operada por Kant na filosofia é que são os objetos que se regulam pelo nosso conhecimento, não o inverso. Ou seja, o conhecimento não reflete o objeto exterior, mas o sujeito cognoscente constrói o objeto do seu saber.
16) Com a sua explicação da natureza do conhecimento, Kant supera a dicotomia racionalismo-empirismo. O conhecimento, que tem por objeto o fenômeno, é o resultado da síntese entre os dados da experiência e as intuições e os conceitos a priori da razão.

Questão 11
Friedrich Nietzsche critica o pensamento socráticoplatônico e a tradição da religião judaico-cristã por terem desenvolvido uma razão e uma moral que subjugaram as forças instintivas e vitais do ser humano, a ponto de domesticar a vontade de potência do homem e de transformá-lo em um ser fraco e doentio. Assinale o que for correto.
01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, considerada hipócrita e decadente, Nietzsche propõe uma moral não-repressiva, que permite o livre curso dos instintos, de modo que o homem forte possa, ao mesmo tempo, acompanhar e superar o movimento contraditório e antagônico da vida.
02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de criar uma raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por isso, necessário aniquilar os mais fracos.
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma que a história da humanidade é a história das lutas de classes, e considera que o socialismo é a única forma de organização social aceitável.
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a moral aristocrática de senhores e a moral plebéia de escravos. A moral de escravos é caracterizada pelo ressentimento, pela inveja e pelo sentimento de vingança; é uma moral que nega os valores vitais e nutre a impotência.
16) Os valores que constituem a moral aristocrática de senhores são, para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem orientar a humanidade com uma força dogmática, de modo que o homem não se perca.

Questão 12
Considere o argumento a seguir:
"Alguns homens são inteligentes; ora, alguns homens são professores; logo, os professores são inteligentes." Sabendo que o argumento é inválido, identifique qual(is), dentre as regras do silogismo abaixo, ele falha em observar.
01) De duas premissas particulares nada resulta.
02) O termo médio nunca entra na conclusão.
04) Nenhum termo pode ser total na conclusão sem ser total nas premissas.
08) De duas premissas afirmativas não se conclui uma negativa.
16) De duas premissas negativas nada pode ser concluído.

Questão 13
Jürgen Habermas constrói um novo sistema filosófico, fundamentado na teoria da ação comunicativa. Em oposição à filosofia da consciência da tradição moderna, que concebe a razão como uma entidade centrada no sujeito, Habermas considera a razão como sendo o resultado de uma relação intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por meio da linguagem, chegar ao entendimento. Assinale o que for correto.
01) Jürgen Habermas perpetua a tradição de René Descartes e, como ele, acredita que o "penso, logo existo" é a primeira certeza a partir da qual podemos alcançar a verdade.
02) Para Jürgen Habermas, a linguagem tem o caráter imperativo, pois afirma verdades encontradas por uma razão que obedece aos preceitos da lógica formal.
04) Jürgen Habermas pertence inicialmente ao grupo dos frankfurtianos, todavia, mesmo se distanciando da Escola de Frankfurt, mantém os principais objetivos dessa corrente filosófica, isto é, o esclarecimento e a emancipação do homem.
08) Na teoria da ação comunicativa, a verdade é resultado de uma relação dialógica, fundamentada em uma situação ideal de fala, que exclui qualquer relação de poder entre os interlocutores.
16) Jürgen Habermas procura resgatar a reflexão crítica da Ilustração que tem em Kant um dos principais expoentes. A Ilustração opõe-se ao autoritarismo e ao abuso do poder e defende as liberdades individuais e os direitos do cidadão.

Questão 14
"(...) há certos momentos na história da humanidade em que alterações significativas provocam o que chamamos ruptura de paradigma. Ou seja, os parâmetros que orientam a compreensão do mundo e de nós mesmos deixam de valer em decorrência do imbricamento de inúmeros fatores. E, enquanto não se elabora uma nova "visão de mundo", vive-se um período confuso de indefinição e de perplexidade, decorrente da crise dos valores até então aceitos." (ARANHA, M. L. de Arruda e MARTINS, M. H. Pires. Temas de Filosofia. 2.ª ed., São Paulo: Moderna, 1998, p. 46).
Assinale o que for correto.
01) A modernidade, como o conjunto de idéias e de valores que norteou o pensamento e a ação humanos desde o final do século XVIII, é essencialmente caracterizada pelo racionalismo, isto é, uma firme crença no poder da razão para conhecer e transformar a realidade.
02) A derrota fragorosa da razão moderna resultou em um colapso intelectual que deixou sem paradigmas as ciências, a filosofia e as artes. Por isso, as religiões em franca expansão na atualidade encontram, no pósmodernismo, uma fonte de inspiração duradoura.
04) Chama-se pós-moderno o modo de pensar que se delineia a partir da segunda metade do século XX, caracterizado pelo afastamento e crítica às idéias da modernidade, denunciando como presunçosas e ilegítimas muitas das pretensões da razão no conhecimento e na prática.
08) O Iluminismo, movimento intelectual ocorrido no século XVIII, manifesta, de maneira especial, os ideais da modernidade, fomentando as aspirações de liberdade e progresso harmonizados pela razão "iluminada".
16) Os avanços tecnológicos influenciam decisivamente a visão de mundo no tempo pós-moderno. A automação, a microeletrônica, a informática alteraram o mundo do trabalho e as relações intersubjetivas. O mercado requer profissionais versáteis; a sociedade, indivíduos informados, críticos e solidários.

Questão 15
Uma das características do Renascimento e da Modernidade que lhe é associada é um processo de secularização da ciência que se expressa por uma dissociação entre a teologia e a filosofia da natureza. A secularização da ciência realiza-se na separação entre razão e fé, as verdades científicas tornam-se independentes das verdades reveladas. Assinale o que for correto.
01) O processo de secularização na Modernidade modifica o caráter da ciência; essa deixa de ser essencialmente contemplativa para transformar-se em uma ciência instrumental, cujo objetivo é conhecer a natureza para intervir nela, controlá-la e apropriar-se da mesma para fins úteis.
02) O mecanicismo constitui-se em um aspecto importante da ciência moderna. A natureza e o próprio ser humano são comparados a uma máquina, isto é, a um conjunto de mecanismos cujas leis precisam ser descobertas.
04) Copérnico encontra em Aristóteles os fundamentos teóricos para combater a concepção heliocêntrica do universo defendida por Ptolomeu e pela Igreja.
08) Vesalius contribui para o conhecimento da anatomia humana, ao desafiar a proibição religiosa de dissecação de cadáveres. Suas observações corrigem muitos erros contidos na medicina de Galeno.
16) Com Galileu Galilei, o experimento torna-se parte do método científico; torna-se um marco do novo espírito da ciência. É com seus experimentos que ele refuta as teses aristotélicas de que o peso de um corpo depende de seu tamanho.

Questão 16
A Filosofia Medieval a partir do século IX é chamada escolástica. Ensinada nas escolas ou nas universidades próximas das catedrais, a filosofia escolástica tinha por problema fundamental levar o homem a compreender a verdade revelada pelo exercício da razão, todavia apoiado na autoridade (Auctoritas), seja da Bíblia, seja de um padre da Igreja, seja de um sistema de filosofia pagã.
Sobre a escolástica, assinale o que for correto.
01) O pensamento platônico, ou mais exatamente o neoplatonismo de Plotino, porque mais facilmente conciliável com as doutrinas cristãs, foi a única filosofia pagã aceita durante toda a escolástica.
02) A fermentação intelectual e o interesse pelo racional na escolástica evidenciam-se pela criação de universidades por toda a Europa; o método de exposição das idéias filosóficas nessas escolas era a disputa: uma tese era colocada e passava-se a refutála ou a defendê-la com argumentos retirados de alguma autoridade.
04) Representante do pensamento político da escolástica, o cardeal Martin Heidegger trata, em sua obra Ser e Tempo, do problema da subordinação do poder temporal dos reis e dos nobres ao poder espiritual do Papa e da Igreja.
08) Um tema recorrente na filosofia escolástica foi a demonstração racional da existência de Deus. Santo Anselmo (1034-1109) formula a prova tradicionalmente chamada argumento ontológico, no qual deduz a existência de Deus da própria idéia de perfeição de Deus.
16) O apogeu da escolástica acontece no século XIII com Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que, retomando o pensamento de Aristóteles, fez a síntese mais fecunda da filosofia com o cristianismo na Filosofia Medieval.

Questão 17
A dialética idealista de G. W. F. Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o criticismo kantiano. Hegel opõe-se à concepção de uma razão intemporal; na filosofia hegeliana, a racionalidade não é mais um modelo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. Contra a concepção intemporal da razão, Hegel afirma que a razão é história, e isso é o que há nela de mais essencial. Assinale o que for correto.
01) Sendo a razão história, ela se torna, para Hegel, relativa, isto é, o que vale hoje não vale mais amanhã, nenhuma época pode, portanto, alcançar verdades universais.
02) O movimento dialético da razão se realiza, para Hegel, em três momentos, na apresentação de uma tese, enquanto afirmação, na constituição de uma antítese, como negação da tese, e na formação de uma síntese, como superação da antítese.
04) Para Hegel, a história não é a simples acumulação e justaposição de fatos e de acontecimentos no tempo, mas resulta de um processo cujo motor interno é a contradição dialética.
08) A concepção de história de Hegel e a concepção de história formulada por Marx no materialismo histórico são idênticas.
16) Hegel critica Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant por terem dado mais atenção à relação entre sujeito humano e natureza do que à relação entre sujeito humano e cultura ou história.

Questão 18
"Todas as idéias derivam da sensação ou reflexão. Suponhamos que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como ela será suprida? (...) De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento." (LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 165).
Assinale o que for correto.
01) Para John Locke, embora nosso conhecimento se origine na experiência, nem todo ele deriva da experiência. No entendimento, existem idéias inatas abstraídas das coisas pela reflexão.
02) Como seguidor de Descartes, John Locke assume a diferença entre conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual e infalível, e conhecimento sensível, que, por depender da sensação, é suscetível de erro.
04) John Locke é o iniciador da teoria do conhecimento em sentido estrito, pois se propôs, no Ensaio acerca do entendimento humano, a investigar explicitamente a natureza, a origem e o alcance do conhecimento humano.
08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta na experiência. As impressões formam as idéias simples; a reflexão sobre as idéias simples, ao combiná-las, formam idéias complexas, como substância, Deus, alma etc.
16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades primárias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades secundárias (cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem realmente nas coisas, as segundas são relativas e subjetivas.

Questão 19
Os gregos da Antiguidade Clássica tiveram consciência dos limites da experiência na obtenção do conhecimento humano. O desenvolvimento da matemática deve-se à necessidade de suprir esses limites, desde então a matemática é incorporada como parte importante de muitas correntes filosóficas. Assinale o que for correto.
01) A matemática pré-helênica não chegou a desenvolver conceitos como "proporção", "demonstração", "definição", "postulado", "axioma". Todos esses termos aparecem na obra de Euclides.
02) Na Grécia clássica, a noção de número tem um sentido bem diferente da noção de número na matemática moderna. A noção de número para os gregos da Antiguidade indica aquilo que é capaz de ter partes; para eles, "dois" é a soma de duas unidades, ou duas quantidades "discretas", três é o triplo da unidade, etc.
04) O intercâmbio cultural que Aristóteles manteve com a civilização persa resultou na incorporação da álgebra na matemática praticada pelos filósofos gregos, particularmente pelos pitagóricos.
08) O nível de formalização de problemas matemáticos que encontramos nos Elementos de Euclides recebeu importante subsídio das discussões filosóficas da Grécia clássica, principalmente com Platão e os matemáticos que faziam parte da Academia.
16) Para Platão, a primeira etapa do conhecimento inteligível é representada pela dianóia, isto é, o conhecimento discursivo e mediatizador, que estabelece ligações racionais: é o conhecimento típico das matemáticas.

Questão 20
"Pode-se afirmar, portanto, que a arte é uma forma de o homem se relacionar com o mundo, forma que se renova juntamente com a produção da vida. O homem (...) busca sempre novas possibilidades de existência, busca transcender, ultrapassar e descortinar novas dimensões da realidade." (Filosofia, Ensino Médio. Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 309).
Sobre a arte como forma de pensamento, assinale o que for correto.
01) A arte fornece um entendimento do mundo dado pela intuição, ou seja, por um conhecimento imediato da forma concreta e individual, que não reporta à razão, mas ao sentimento e à imaginação.
02) A arte compartilha do mesmo universo conceitual da filosofia; pois, como esta, ela alcança uma compreensão do mundo por meio de conceitos logicamente organizados, abstrações genéricas distantes do dado sensorial e do momento vivido.
04) A imaginação desempenha um papel fundamental na arte; é ela que faz a mediação entre o vivido e o pensado, entre a presença bruta do objeto e sua representação. Na medida em que torna o mundo presente em imagens, a imaginação nos faz pensar.
08) A imaginação do artista é prisioneira da realidade e de sua vida cotidiana; e as escolas estilísticas determinam que tipo de obra de arte vale a pena realizar. Sendo assim, o artista, a rigor, não cria coisa alguma, ele apenas copia o que é dado.
16) Na experiência estética, sentimento e emoção são coisas distintas. A emoção é um estado psicológico de agitação afetiva; o sentimento, como uma reação cognitiva, esclarece o que motiva a emoção. A emoção é uma maneira de lidarmos com o sentimento.

GABARITO:
01)01-02-04-16
02)02-04-16
03)01-02-04-08-16
04)02-08-16
05)02-04-08-16
06)01-02-04-08
07)01-02-08
08)01-02-04-08-16
09)01-02-04-16
10)01-02-08-16
11)01-08
12)01
13)04-08-16
14)01-04-08-16
15)01-02-08-16
16)02-08-16
17)02-04-16
18)04-08-16
19)01-02-08-16
20)01-04-16

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