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domingo, 11 de março de 2012

2007 - PSS/UFPa

2007 - PSS/UFPa


41. (Caracterizar conhecimento e linguagem e compreender suas implicações recíprocas). Sabe-se que a Física tem como objeto de estudo fenômenos naturais e que para conhecê-los se vale da linguagem matemática. Com base nesse conhecimento compreende-se que o físico Albert Einstein, ao fazer a seguinte afirmação: “o que há de incompreensível é que o mundo seja compreensível”, quis dizer que

(A) o mundo não é compreensível apesar de o físico pretender conhecê-lo por meio da linguagem matemática.
(B) o físico tem dúvida a respeito da compreensão do mundo justamente porque se vale do emprego da linguagem matemática.
(C) mesmo valendo-se da linguagem matemática o físico não sabe se compreende ou não o mundo.
(D) o físico não sabe se conhece o mundo devido ao fato de os inúmeros fenômenos naturais ultrapassarem sua capacidade de compreensão.
(E) os fenômenos naturais podem ser compreendidos, mas o que não se compreende é como a Física pode explicar a própria natureza valendo-se de uma linguagem instituída pelo homem. 

42. (Discernir a questão da objetividade nas Ciências Naturais e Humanas.) - As investigações epistemológicas reconhecem a existência de uma incompreensão a respeito do que se considera conhecimento objetivo. Em vista dessa afirmação, o trecho a seguir: “O que se registra como o resultado de um experimento ou observação nunca é o fato percebido vazio, mas este fato interpretado com a ajuda de uma determinada quantidade de teoria”, quer dizer que:

(A) O conhecimento empírico é, necessariamente, um registro fiel e independente de dados da nossa percepção imediata, sem nenhuma interferência de fatores distintos dos nossos sentidos.
(B) A mensuração dos dados da nossa percepção é proporcional à quantidade de teoria resultante das nossas observações.
(C) As inferências teóricas produzidas com ajuda de observações diretas e isentas são determinantes para a obtenção de resultados em pesquisa experimental.
(D) O conhecimento científico de um fato experimental é, na verdade, um reconhecimento deste fato, e já supõe um certo conteúdo proposto, previamente, por algum tipo de teoria.
(E) A experiência, ou melhor, o experimento rigorosamente controlado, é a única fonte para a produção confiável de teorias científicas.

43. (Compreender e diferenciar vontade autônoma e heterônoma.) - De acordo com a concepção ilustrada de Kant, segundo a qual a ação humana só tem mérito ético quando a vontade que a move for autônoma, o que quer dizer o seguinte enunciado: “A homem nenhum pode ser imposto o que deve fazer”?
I Nada deve se contrapor à liberdade humana.
II Todo homem livre pode fazer o que quiser.
III Cada um faz o que julga ser o mais correto independentemente dos demais.
IV Sabendo qual o dever a ser cumprido, ninguém precisa lhe impor o que deve ser feito.
V Não sendo o sujeito autônomo, é preciso que um poder exterior à sua consciência lhe imponha o que deve ser feito.

As respostas corretas estão referidas na alternativa
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e III.
(E) IV e V.

44. (Compreender e distinguir entre leis naturais e as leis morais.) - Preocupado com o atraso do conhecimento a respeito do homem em relação ao da natureza, Rousseau lamentava esse fato por se preocupar com a questão acerca da origem da desigualdade entre os homens. Por que o referido filósofo insistiu na distinção entre diferença natural e desigualdade social?

I Para impedir a tentativa de se justificar as desigualdades sociais pelas diferenças naturais.
II Para impedir que a tentativa de naturalização das normas sociais possa dificultar o reconhecimento do problema da desigualdade.
III Porque considerava que as leis que regem a natureza não são suscetíveis de serem aplicadas às ações e aos comportamentos humanos.
IV Para poder explicar melhor porque as diferenças físicas são responsáveis pelas desigualdades sociais, uma vez que o homem também pertence à natureza.
V Para estabelecer um vínculo entre o modelo das ciências naturais e o modelo das ciências humanas.
De acordo com o texto, as respostas corretas são as referidas na alternativa

(A) I, II e III.
(B) IV e V.
(C) II, III e IV.
(D) III e IV.
(E) II e IV.

45. Para a filosofia moderna, mais do que para filosofia antiga e medieval, tanto a observação que fazemos da natureza quanto a contemplação da obra de arte são, ambas, representações. Com base nessa afirmação e no enunciado “Belo é um produto da arte se apresentar livremente um produto da natureza”, compreende-se que o (a)

(A) fato que verdadeiramente importa na representação artística é o seu produto, ou seja, o objeto, pois aquilo a que chamamos de belo é, antes de tudo, alguma coisa.
(B) mímesis do artista, embora imite formas de coisas naturais, por ser livre, é a representação de uma forma ideal e não real.
(C) arte deixa exibir uma liberdade que, embora contida nos produtos da natureza, só é percebida pela extrema sensibilidade do artista.
(D) distinção entre belo artístico e belo natural é supérflua.
(E) arte, na medida em que faz uso de um produto da própria natureza, é fruto de uma ação imitativa ou reprodutiva.




41 - E
Einstein reconhecia o poder de compreensão dos fenômenos naturais por parte da Física. Porém, a questão é como compreender que uma linguagem artificial, vale dizer não-natural, possa traduzir com fidelidade o que é não natural.
42 - D
Bertrand Russell, no trecho utilizado, está seguindo uma perspectiva já apontada por Kant na Crítica da Razão Pura. Segundo Kant, uma teoria sem dados concretos a que possa ser referia é vazia de conteúdo objetivo. Porem, o inverso também é problemático, pois dados observáveis para os quais não tenhamos pelo menos uma hipótese teórica que permita sua compreensão, são vazios de significação e nada contribuem para a  nossa cognição. O que Russell afirma é justamente isso: a nossa capacidade de observar de modo inteligente e um fato depende de nós termos uma teoria sobre ele, e nossa compreensão vai até onde alcança a teoria que tenhamos para aplicar a ele.
43 - E 
As afirmativas corretas são IV e V (E), porque, para a ilustração, a vontade só pode ser considerada autônoma se for independente de qualquer condicionamento externo (punições ou recompensas) o sujeito ético, guiado pela universalidade da razão, saberá reconhecer por si mesmo, o dever a  ser cumprido. Caso contrário, um poder coercitivo  haverá de lhe impor o que deve ser cumprido independente de sua vontade.
44 - A
As afirmativas corretas são I, II e III (A) porque a intenção  de Rousseau em distinguir as diferenças naturais das desigualdades sociais é de impedir a tentativa de justificar as segundas pelas primeiras, uma vez que o ardil ideológico consiste na operação de  naturalização do normativo. Em outras palavras, diferentemente das leis naturais que não pode ser revogadas pelo homem, as leis que regem as relações entre  os homens podem, contrariamente, ser modificadas de modo a permitir a solução do problema das desigualdade social gerada pelos próprios homens.
45 - B
O trecho refere-se a uma questão clássica dentro da filosofia da arte: a distinção entre o belo natural, ou a beleza que nós percebemos diretamente nas formas espontaneamente harmônicas dos produtos da natureza, e o belo artístico, este fruto do poder criativo do espírito humano e, por isso chamado de belo ideal, pois nele não é o objeto em si que conta e sim a capacidade do artista em representá-lo. Trata-se de uma distinção que é proposta pela primeira vez por Kant, e que se tornou clássica graças as Lições de estética, de Hegel.

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