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domingo, 11 de março de 2012

2011 PSS/UFPa

2011 PSS/UFPa

41. "A cidade de Atenas promoveu um concurso para a escolha da estátua da deusa Atena, a ser instalada no Paternon. Dois escultores apresentaram suas obras. Uma delas era uma mulher perfeita e foi admirada por todos. A outra, era uma figura grotesca: a cabeça enorme, os braços muito longos e as mãos maiores que os pés. Quando as duas estátuas foram colocadas nos altos pedestais do Paternon, onde eram vistas de baixo para cima, a estátua perfeita tornara-se ridícula: a cabeça e as mãos de Atena pareceram minúsculas e desproporcionais para seu corpo; em contrapartida, a estátua grotesca tornara-se perfeita, pois a cabeça, os braços e as mãos se tornaram proporcionais ao corpo. A estátua grotesca foi considerada a boa imitação e venceu o concurso.” 

(CHAUÍ, Marilena, Convite à Filosofia, São Paulo, Editora Ática, 2003, p. 284, texto adaptado).

O exemplo citado no texto acima ilustra como os gregos na Antiguidade concebiam a relação entre arte e natureza. Tendo por base a concepção aristotélica acerca dessa relação, podemos dizer que a estátua grotesca venceu o concurso porque o escultor

(A) imitou a deusa Atena considerando que para uma obra ser bela tem de ter, além da proporção, certa esquisitice.

(B) não se preocupou em reproduzir uma cópia fiel da deusa Atena, pois no mundo sensível temos apenas uma imitação da verdadeira realidade que se encontra no mundo inteligível.

(C) tomou como parâmetro, ao representar a deusa Atena, a ideia de que o belo é relativo ao gosto de cada pessoa, por isso a deusa poderia ser percebida diferentemente por cada um, dependendo do lugar onde fosse colocada.

(D) reproduziu a deusa Atena tendo como padrão de beleza o imaginário popular da época, que apreciava figuras grotescas.

(E) representou a deusa Atena levando em conta que o belo consiste na proporção, na simetria e na ordem, por isso fez um cálculo matemático das proporções entre as partes do corpo, o local em que seria instalada e como seria vista.

42. “A soberania não pode ser representada pela mesma  razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. (...). Os deputados do povo não são nem podem  ser seus representantes; não passam  de comissários seus, nada  podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei.”  (ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109)

Rousseau, ao negar que a soberania possa ser representada preconiza como regime político:

(A)  um sistema misto de democracia semidireta, no qual  atuariam mecanismos corretivos das distorções da representação política tradicional.
(B)  a constituição de uma República, na qual os deputados teriam uma participação política limitada.
(C)  a democracia direta ou participativa, mantida por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos.
(D)  a democracia indireta, pois as leis seriam elaboradas pelos deputados distritais e aprovadas pelo povo.
(E)  um regime comunista no qual o poder seria extinto, assim como as diferenças entre cidadão e súdito.

43 “Adorno e Horkheimer (os primeiros, na década de 1940, a utilizar a expressão “industria cultural” tal como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria desempenha as mesmas funções de um estado fascista (...) na medida em que o individuo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, transformando-se em mero joguete e em simples produto alimentador do sistema que o envolve.”  (COELHO, Teixeira. O que é industria cultural, São Paulo, Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado)

Adorno e Horkeimer consideram que a indústria cultural e o Estado fascista têm funções similares, pois em ambos
ocorre

(A)  um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao alcance das massas o que possibilita sua conscientização.
(B)  o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar o valor das obras artísticas e bens culturais, assim como de conviver em harmonia com seus semelhantes.
(C)  o aprimoramento do gosto estético por meio da indústria do entretenimento, em detrimento da capacidade de reflexão.
(D)  um processo de alienação do homem, que leva o individuo a perder ou a não formar uma imagem de si e da sociedade em que vive.
(E)  o aprimoramento da formação cultural do individuo e a melhoria do seu convívio social pela inculcação de valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na medida em que este produz divergências no âmbito da sociedade.

44 “Em minha opinião, o voto livre deve ser defendido por razões filosóficas. (...) Ao tornar o voto obrigatório, de algum modo é reduzido o grau de liberdade que existe por trás da decisão espontânea do cidadão de ir à seção eleitoral e escolher um candidato. Podemos afirmar que o voto obrigatório, constrangido pela lei, não é moral se comparado ao sufrágio livre, resultado da deliberação de um sujeito autônomo. E, para Kant, há uma identidade entre ser livre e ser moral.” 

O autor do texto se manifesta contrário ao voto obrigatório e justifica sua posição tendo por base a Ética kantiana. Do ponto de vista de Kant, o individuo ao votar constrangido pela lei não age moralmente porque

(A)  a ação praticada não foi livre, na medida em que uma ação verdadeiramente livre deve visar à felicidade do individuo e não ao interesse do Estado.
(B)  é forçado, sem aprovação de sua vontade, a praticar um ato cujo móbil não é o princípio do dever moral. 
(C)  o seu voto não foi fruto de uma escolha consciente, mas sim motivado por ideologias partidárias.
(D)  sua ação foi  praticada  por  imposições do Estado e favorece candidatos desonestos, que podem comprar votos.
(E)  agiu por imposição da lei jurídica e não da lei moral, que requer que sua escolha esteja comprometida com interesses externos ao sujeito.

45 “A palavra tecnologia, aplicada atualmente com grande latitude (...), é uma expressão específica, em uso a partir de 1772, denotando um fenômeno moderno, que reprojetamos a condições distintas das de nosso tempo: a ligação da ciência com a técnica, ou seja, o ciclo do desenvolvimento da técnica embasada no conhecimento científico, e que evolve em função dele tanto quanto o faz progredir.”  (NUNES, Benedito. “Cultura tradicional e cultura de massa” in Ensaio, São Paulo, Ed. Ensaio, p. 106)

Tendo por base o texto, é correto afirmar que,

(A)  ciência e tecnologia se desenvolveram, em sua maior  parte, independentemente uma da outra.
(B)  o progresso tecnológico foi obra de inventores e artífices que usavam os conhecimentos práticos e pouca ou nenhuma ciência.
(C)  as mais importantes descobertas tecnológicas, sobretudo a partir do século XVII, assentaram-se em teorias estabelecidas pela ciência; esta, por sua vez, desenvolveu-se sem qualquer relação com as técnicas produzidas na época. 
(D)  são as necessidades tecnológicas que dão vigor e direção à pesquisa científica.
(E)  o avanço tecnológico se apóia em descobertas científicas, mas também possibilita que a ciência progrida.





GABARITO
41 E
42 C
43 D
44 B
45 E

Fonte: http://questoesdefilosofiadaufpa.blogspot.com/2011/12/2011-pssufpa.html

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