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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado de Educação - Pará - CESPE/UnB - 2006


Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Secretaria de Estado de Educação - Pará - CESPE/UnB - 2006  
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

21 - Em todos os juízos em que for pensada a relação de um sujeito com o predicado (se considero apenas os juízos afirmativos, pois a aplicação aos negativos é posteriormente fácil), esta relação é possível de dois modos: ou o predicado B pertence ao sujeito A como algo contido (ocultamente) neste conceito A; ou B jaz completamente fora do conceito A, embora esteja em conexão com ele. No primeiro caso, denomino o juízo analítico, no outro, sintético.
Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura. Valério Rohden (Trad.). In: Os pensadores. V. XXV: Kant, São Paulo: Abril Cultural, 1974, p. 27 (com adaptações).
Acerca da relação entre conhecimento e linguagem estabelecida por Kant , é correto afirmar que
A - todos os juízos sintéticos dependem do mundo para serem conhecidos; são, portanto, a priori.
B - todos os juízos analíticos a posteriori são necessários e universais.
C - todos os juízos matemáticos são analíticos a priori, ou seja, podem ser conhecidos por simples análise conceitual.
D - todos os juízos de experiência são sintéticos.

22 - Este kosmos, não o criou nenhum dos deuses, nem dos homens, mas sempre existiu e existe e há de existir: um fogo sempre vivo, que se acende com medida e com medida se extingue.
Heráclito (DK 22 B 31) In: G. S. Kirk et alli, Os filósofos pré-socráticos. C. A. Fonseca (Trad.), Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994, p. 205.
Para Heráclito e, de um modo geral, para toda filosofia nascente, o importante conceito kosmos deve ser entendido como
A - mundo.
B - ordem.
C - fogo.
D - razão.

23 - Com relação à função social da arte, e com base no pensamento de Walter Benjamin, assinale a opção correta.
A - Benjamin era, em certa medida, um filósofo platônico, e defendia a completa separação entre arte e política; ou seja, para ele, a arte não tem nenhuma função social.
B - Benjamin defendeu a estetização da política; em outras palavras, a única função social da arte seria atender ao controle e à massificação dos cidadãos.
C - Benjamin, pensador ligado à escola de Frankfurt, defendia a politização da arte; isso quer dizer que, em sua opinião, a arte tem, além de outras, também a função social de emancipar o homem e de questionar o poder vigente.
D - Benjamin, filósofo neokantiano, em detrimento das questões sobre a função da arte, preocupava-se apenas com investigações teóricas sobre o belo e o sublime.

24 -Sócrates: - Dizes que aquele que deseja coisas belas é desejoso das coisas boas?
Mênon: - Perfeitamente.
Sócrates: - Dizes isso no pensamento de que há alguns que desejam coisas más, e outros que desejam as boas? Não te parece, caríssimo, que todos desejam as coisas boas?
Platão. Mênon. 77b6-c2; Maura Iglésias (Trad.), São Paulo: Loyola, 2001.
Acerca do intelectualismo socrático, julgue os itens a seguir.
I - Para Sócrates, não há fraqueza de vontade.
II - Se alguém age mal, age por ignorância.
III - Se alguém conhece o bem, pode escolher entre agir bem ou mal.
IV - Para Sócrates, não há equivalência entre as coisas boas e as coisas belas.
Estão certos apenas os itens
A - I e II.
B - I e III.
C - II e IV.
D - III e IV.

25 - Com base na filosofia moral de Kant, assinale a opção correta.
A - O dever moral consiste em maximizar a felicidade da humanidade.
B - Agir moralmente é um caminho seguro para alcançar a felicidade individual.
C - Quando há conflito entre felicidade e dever moral, deve-se sempre optar pelo último.
D - A felicidade consiste no exercício correto das virtudes.

Texto para as questões 26 e 27
Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também
Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,
e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias,
e Eros: o mais belo entre Deuses imortais,
solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos
ele doma no peito o espírito e a prudente vontade.

Do Caos Érebos e Noite Negra nasceram.
Da Noite aliás Éter e dia nasceram,
gerou-os fecundada unida a Érebos em amor.
Terra primeiro pariu igual a si mesma
Céu constelado, para cercá-la toda ao redor
e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre.
Hesíodo. Teogonia. J. Torrano (Trad.), São Paulo: Iluminuras, 1995, 116-128.

26 -Com base no texto e acerca da relação entre mito e razão no surgimento da filosofia, é correto afirmar que
A - há, no mínimo, uma continuidade temática entre filosofia e mitologia, na medida em que aquela se interessa por temas que interessaram a esta, como, por exemplo, a origem das coisas.
B - há continuidade metodológica entre a filosofia e as narrativas míticas, já que ambas se preocupavam com a observação dos fenômenos a serem explicados.
C - a mitologia não almejava explicar o mundo; esta tarefa é exclusividade da filosofia.
D - a filosofia não compartilha com a mitologia seu interesse por deuses.

27 - Ainda considerando o texto como referência, assinale a opção incorreta, acerca das características do mito grego que o distinguem da filosofia.
A - Há, no mito, personificação de elementos naturais.
B - A autoridade das narrativas míticas advém das Musas.
C - Há, no mito, uma preocupação excessiva com a validade dos seus argumentos.
D - O mito é uma tentativa incipiente de explicar o lugar do homem no mundo.

Texto para as questões 28 e 29
Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.
Jean-Paul Sartre. O existencialismo é um humanismo. Vergílio Ferreira (Trad.). In: Os pensadores. V. XLV, Sartre e Heidegger. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 15.

28 -Com base no texto acima, acerca do existencialismo sartreano, assinale a opção correta.
A - O homem é livre, mas só até certo ponto, pois ele é
determinado por fatores biológicos e sociais.
B - Dizer que o homem é condenado a ser livre é uma maneira irônica de dizer que o homem não é livre.
C - O homem é livre na medida em que é responsável, pois, um dia, terá de prestar contas de suas ações a Deus.
D - O homem é livre porque não tem uma essência predeterminada; ele é aquilo que ele faz de si.

29 - Ainda com base no texto e na moral de Sartre, é correto afirmar que
A - o que conta, para Sartre, não é o valor de nossas ações, mas o modo como elas foram feitas - se de má-fé ou com autenticidade.
B - há ações intrinsecamente ruins, que devem ser evitadas por todos.
C - maximizar a utilidade é a única fórmula moral em que se deve confiar.
D - os sentimentos devem servir de base para a tomada de decisões frente a conflitos morais.

30 - Entre as características da ciência moderna, em contraponto à ciência medieval e à ciência antiga, não se inclui
A - uma independência cada vez maior da visão de mundo aristotélica.
B - a maior matematização da física e das demais ciências.
C - desconfiança das explicações teleológicas.
D - a substituição do modelo heliocêntrico do universo em prol do modelo geocêntrico.

31 - Tendo como base a filosofia moral e política de Hobbes, assinale a opção correta.
A - A melhor forma de governo é a democracia.
B - O direito à vida é inalienável, isto é, ninguém pode abdicar-se dele.
C - O homem nasce naturalmente bom, mas é corrompido pela sociedade.
D - O objetivo da política é tentar devolver o homem ao estado de natureza.

32 - Nossa discussão será adequada se tiver tanta clareza quanto comporta o assunto, pois não se deve exigir a precisão em todos os raciocínios por igual, assim como não se deve buscá-la nos produtos de todas as artes mecânicas. Ora, as ações belas e justas, que a ciência política investiga, admitem grande variedade e flutuações de opinião, de forma que se pode considerá-las como existindo por convenção apenas, e não por natureza. E em torno dos bens há uma flutuação semelhante, pelo fato de serem prejudiciais a muitos: houve, por exemplo, quem perecesse devido à sua riqueza, e outros por causa da sua coragem. Ao tratar, pois, de tais assuntos, e partindo de tais premissas, devemos contentar-nos em indicar a verdade aproximadamente e em linhas gerais; e ao falar de coisas que são verdadeiras apenas em sua maior parte e com base em premissas da mesma espécie, só poderemos tirar conclusões da mesma natureza. E é dentro do mesmo espírito que cada proposição deverá ser recebida, pois é próprio do homem culto buscar a precisão, em cada gênero de coisas, apenas na medida em que o admita a natureza do assunto.
Aristóteles. Ética a Nicômaco. 1094b10-27; L. Vallandro e G. Bornheim (Trad.). In: Os pensadores. V. IV: Aristóteles, São Paulo: Abril Cultural, 1973 (com adaptações).
Com base no texto acima e na filosofia aristotélica, assinale a opção incorreta.
A - O método da ciência política é dialético, isto é, parte de opiniões comuns aceitas pela maioria ou pelos sábios.
B - Não há resposta objetiva em questões morais.
C - A verdade da ciência política é menos precisa que a da matemática.
D - A finalidade da ética e da ciência política é a ação, não a verdade.

33 - Todos os objetos da razão ou investigação humana podem ser divididos naturalmente em duas espécies, a saber: relações de idéias e questões de fato.
D. Hume. Investigação sobre o entendimento humano. L. Vallandro (Trad.). In: Os pensadores. V. XXIII: Berkeley e Hume. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 137.
Em relação ao texto e, mais amplamente, à filosofia de Hume, é correto afirmar que a metafísica é uma
A - ciência que lida apenas com questões de fato.
B - ciência que lida apenas com relações de idéias.
C - pseudo-ciência.
D - ciência que lida tanto com questões de fato quanto com relações de idéias.

34 - Todo artista é um imitador, e isso quer como artista onírico apolíneo, quer como artista extático dionisíaco, ou enfim - como por exemplo na tragédia grega - enquanto artista ao mesmo tempo onírico e extático.
F. Nietzsche. O nascimento da tragédia. § 2; J. Guinsburg (Trad.). São Paulo: Cia. das Letras, 1992.
Acerca dos princípios artísticos apolíneo e dionisíaco, e sobre a estética nietzscheana, é correto afirmar que
A - o princípio apolíneo é exemplificado pela música, mais especificamente por sua melodia e harmonia.
B - o princípio dionisíaco é o princípio não-figurativo.
C - a tragédia grega é o maior exemplo de arte puramente dionisíaca.
D - os princípios apolíneo e dionisíaco são exclusivos à arte grega.

35 - Nietzsche, Marx e Freud foram reconhecidos como praticantes da hermenêutica da suspeita. Acerca da relação entre conhecimento e ideologia, julgue os itens a seguir.
I - Para Marx, as idéias dominantes em uma sociedade bem arranjada são idéias que promovem o bem-estar da classe dominante (classe economicamente dominante).
II - Para Nietzsche, justificações morais são racionalizações ex post facto, e não têm nenhum valor cognitivo.
III - Para Freud, os desejos e, mais largamente, os estados mentais dos homens não são transparentes a eles mesmos.
IV - Para os três pensadores, algumas das pretensões humanas ao conhecimento são suspeitas por não terem sido obtidas da maneira relevante.
A quantidade de itens certos é igual a
A - 1.
B - 2.
C - 3.
D - 4.

36 - Considerando a teoria crítica de Adorno, a respeito da relação entre arte e técnica, assinale a opção correta.
A - A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos.
B - Adorno vê o avanço das técnicas de reprodução, que possibilitam novas formas de arte, como o cinema e o rádio, como algo irrestritamente positivo.
C - O termo indústria cultural, cunhado por Adorno, pode ser substituído por cultura de massa, significando uma cultura que surge espontaneamente do povo.
D - Para Adorno, o jazz é uma manifestação cultural mais importante que a música dodecafônica.

37 - Para Aristóteles, os predicados acidentais são aqueles que
A - não significam a essência e não são contra-predicáveis.
B - não significam a essência e são contra-predicáveis.
C - significam a essência e são contra-predicáveis.
D - significam parte da essência e não são contra-predicáveis.

38 - Os homens dão sempre mostras de não compreenderem que o logos é como eu o descrevo, tanto antes de o terem ouvido como depois. É que, embora todas as coisas aconteçam segundo este logos, os homens são como as pessoas sem experiência, mesmo quando experimentam palavras e ações tal como eu as exponho, ao distinguir cada coisa segundo a sua physis e ao explicar como ela é; mas os demais homens são incapazes de se aperceberem do que fazem quando estão acordados, precisamente como esquecem o que fazem quando a dormir.
Heráclito (DK 22 B 1). In: G. S. Kirk et alli. Os filósofos pré-socráticos. C. A. Fonseca (Trad.), Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994, p. 193.
Com base no texto, é incorreto traduzir a palavra physis como
A - natureza.
B - essência.
C - constituição.
D - causa.

39 - Platão rejeita a arte porque
A - ela não representa nada.
B - ela representa diretamente as Formas.
C - ela é cópia da cópia, isto é, porque ela representa a natureza, que por sua vez representa as Formas.
D - ela é causa do belo.

40 - Acerca da filosofia política de Rousseau, é correto afirmar que
A - o estado de natureza é um estado de guerra de todos contra todos.
B - a democracia direta ou participativa é a forma mais justa de governo.
C - a soberania do governo é ilimitada.
D - as leis impedem a realização da liberdade humana.


GABARITO:
21D 22B 23C 24A 25C 26A 27C 28D 29A 30D
31B 32B 33C 34B 35D 36A 37A 38D 39C 40B

Um comentário:

Roberto disse...

Pelo visto você é prgamatista, não é mesmo?